Fanfics Brasil - Capítulo 43 Parte 3 Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada)

Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn


Capítulo: Capítulo 43 Parte 3

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Anahí


 


 


 


Fiquei deitada na cama enquanto Dul tomava banho. Ela tinha ficado totalmente estranha depois que atendeu o celular. Poderia jurar que não eram as meninas no telefonema.

Enquanto Dul se vestia tomei banho para que fossemos em busca da próxima família. Ela estava calada e isso me dava ainda mais certeza de que alguma coisa havia acontecido naquele telefonema, mas eu estava realmente com medo de perguntar.

Não foi difícil acharmos a casa da família Souza. Ficava na periferia da cidade. Não era um lugar tão miserável quanto o que visitamos em porteirinha, mas também era deplorável o estado de sobrevivência. O esgoto a céu aberto, crianças brincando em um córrego imundo... Por alguns instantes me perguntei para onde iam os nossos impostos, mas acabei me lembrando que, para muitos governantes, é melhor virar o tapete do que mandá-lo para lavanderia. Infelizmente essa é a realidade do país.

Chegamos a um barraco sem reboco, pequeno, onde se via algumas crianças brincando na frente e uma mulher de rosto bem marcado lavando roupa.

- Boa tarde. Poderíamos falar com a senhora por alguns instantes? – perguntei sorrindo.

- Se for mais uma dessas pesquisas de sei-lá-onde, pode ir indo que estou muito ocupada – falou sem sequer olhar para nossas caras.

- Não, Senhora. Gostaríamos de falar sobre um desaparecimento que aconteceu há cinco anos.

A mulher parou o que estava fazendo e nos encarou. Seu olhar continha um misto de raiva e tristeza. Senti o medo correr em minha espinha.

- Por que vocês querem saber? Quem são vocês? – disse se aproximando do portão.

- Gostaríamos de algumas informações sobre o desaparecimento – agora o diálogo ficava por conta de Dulce. O olhar intimidador da mulher fez com que eu me afastasse.

- Vocês são da policia? – olhou-nos desconfiada.

- Não. Estamos aqui para tentar ajudar a encontrar a moça que sumiu.

- Ela não sumiu! Ela foi levada!!! Vocês querem o quê? Se divertir com a desgraça dos outros? Podem ir dando o fora daqui! Não quero mais urubus usando o desaparecimento da minha filha!!! – falou se afastando do portão.

Recuei um pouco mais diante da agressividade da mulher. Dulce continuava impassível.

- Senhora, não queremos usar nada. Queremos colocar a pessoa que fez isso na cadeia, mas precisamos de provas. Sabemos quem foi, mas não temos como provar ainda, por isso viemos até aqui! Por favor, precisamos da sua ajuda.

A mulher nos encarou por um longo tempo, até que se aproximou do portão novamente.

- Em que vocês podem ajudar? A polícia não fez nada, o que vocês podem fazer? Você sabe o que é perder um filho?

Olhou no fundo dos meus olhos. Engoli seco.

– Não... Vocês não sabem. Sentir ele crescer na sua barriga – tocou o ventre. – Sentir os primeiros chutes, amamentar e ninar...

Posicionou os braços como se estivesse ninando uma criança.

– As primeiras palavras... Os primeiros passos... Você sonha que ela vai ser doutora e que vai ter uma vida muito melhor do que a merda que você teve. Ai vem alguém e tira a sua menininha de você! Você acha que sabe o que é dor, mas você não sabe. Você acha que sabe o que é amor, mas você não sabe. Mesmo que tenha mais quatro filhos.

Percebi que ela se referia as crianças que antes brincavam no quintal e agora olhavam assustadas para nós.

– Você nunca vai esquecer a perda de um. Porque são todos únicos. E o mais triste sabe o que é? Descobrir que ninguém se importa com sua dor, com sua perda. Que está todo mundo dentro das suas casas enquanto você sai por ai gritando desesperada o nome da sua filha, forçando sua cabeça a imaginar que ela está na casa de uma amiguinha, enquanto seu coração está apertado com medo de que tenha acontecido alguma coisa.

Seu rosto duro se desmanchou em uma única lágrima que ela enxugou com raiva.

– Ninguém sabe de nada! – se virou e foi em direção a casa.

Respirei fundo e tirei a coragem de onde não sabia que tinha.

- Não estamos aqui querendo te fazer perder o tempo. Estamos querendo impedir que outras mães sintam o mesmo que você sente. Não sei como é a dor de perder um filho, mas certamente não deixaria que o egoísmo da minha dor me impedisse de ajudar para que outras mães não sintam a mesma coisa.

A mulher parou de caminhar.

– Vem, Dul – puxei Dulce pela mão em direção ao carro.

- Ela só tinha dezesseis anos... Era uma criança ainda – paramos e ficamos prestando atenção na mulher. – Ela só foi até a sorveteria com o irmã. – a voz estava embargada e um nó ia se formando na minha garganta, revirando meu estomago.

Dul apertava minha mão que ainda estava na dela, como se sentisse a mesma angustia.

– Mas um homem apareceu e falou com ela que ela era muito bonita que podia ganhar muito dinheiro pra ajudar a família. Que iria ter um quarto só pra ela... Que ela só tinha que ir com ele pra pegar uns papéis no carro... – virou-se para nós e seu rosto estava molhado pelas lágrimas. – Ela pediu que o irmão ficasse esperando pra pegar o sorvete dela... Ele esperou e nada. Voltou pra casa e me disse que ela tinha saído com um moço amigo dela, que tinha ficado conversando durante muito tempo com eles na sorveteria. Ela era muito estudiosa, sabe... Não me dava trabalho, ajudava com os irmãos... Falava que queria ser cantora, mas eu queria que ela fosse médica.

Não consegui controlar minhas lágrimas. Me doía saber que convivi com aquele homem durante anos e não sabia de nada. Dul também tinha lágrimas nos olhos. Ficamos caladas por algum tempo.

- O que eu posso fazer? – a mulher interrompeu o silêncio.

- O seu filho viu o rosto do homem, certo? Será que ele se lembraria se mostrássemos uma foto pra ele?

- Ele já era grandinho. Tinha dez anos, deve se lembrar. Gu, vem cá – um dos meninos que brincavam veio correndo, com os olhos arregalados. Deveria ter uns quinze anos. – Essas moças querem que você olhe uma foto e responda se você conhece o homem que está nela, ta?

Apesar da aspereza com que a mulher nos tratou quando chegamos, parecia ser muito amorosa com os filhos. O modo como falava da filha, como tratou o garoto...


Dul retirou a fotografia de dentro da bolsa e entregou para o garoto. O garoto olhou demoradamente para a foto, franziu a sobrancelha e nos olhou com cara de espantado.

- Mãe... Esse é o moço que estava conversando com a Quel no dia... Naquele dia!!! É ele, mãe!

- Tem certeza, Gu? Olha direitinho...

- Tenho, mãe! Ele que ficou conversando com a gente! Que disse pra Quel ir com ele até o carro! É ele sim! Juro por Deus!

- Tudo bem... Agora pode ir brincar – acariciou o cabelo do garoto.

- Tá tudo bem, mãe?

- Está. Agora vai lá cuidar dos seus irmãos – ficamos olhando o garoto se afastar.

– Então vocês já tem sua confirmação. O que mais precisam?

- Precisamos que vá até a delegacia e reconheça ele como sendo o ultimo a ter visto ela. Acho que seu filho terá que ir também.

A mulher concordou com um gesto firme de cabeça e fomos para a delegacia onde havia sido registrado o desaparecimento. Assim como em Porteirinha, o delegado não nos deu esperanças de solucionar o caso, mas sabíamos que aquela era a única forma possível de colocar Ricardo atrás das grades.

- Desculpe pela falta de educação que tratei vocês. Esse não é um bom assunto para mim, sempre fico nervosa quando falo dele.

- Tudo bem! Espero que consigamos trazer sua filha de volta!

- Eu nunca perdi a esperança de ver ela chegar no portão, gritando mãe, como fazia quando voltava da aula – sorriu tristemente. – Eu confio que Deus vai fazer o que é justo.

Nos despedimos e partimos para a próxima casa.

Estávamos caladas durante o caminho. Eu não queria dizer nada, estava muito triste com tudo aquilo.

Encontramos o endereço, mas não a família.

- Oi, aqui, a senhora sabe se a Senhora Maria do Carmo mora aqui? – Dul  perguntou para uma senhora que estava sentada na casa ao lado.

- Ih, ela se mudou faz muito tempo! – Dul e eu nos entreolhamos. – Depois que a filha dela foi embora ela se mudou também.

- Hum... E a senhora sabe porque a filha foi embora?

- Não... Me parece que se enrabichou com um homem mais velho e foi embora com ele. A cidade inteira começou a falar e ai eles se mudaram.

- Ah, tá... Obrigada!

Entramos no carro e voltamos para o hotel.



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Autor(a): portinons2vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 19



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  • tryciarg89 Postado em 22/01/2023 - 14:29:14

    Uaaaauuuu estou em 2023 lendo essa história fantástica, não sei se vc ainda entra por aqui,mas quero deixar registrado que amei essa fica do início ao fim,li ela em questão de horas hahaha... Parabéns viu,se um dia decidir passar por aqui,seria ótimo se vc continuasse as outras histórias que não tiveram um fim,vc é uma excelente escritora, parabéns

  • vverg Postado em 11/01/2014 - 16:03:49

    Comecei a ler hj, estou gostando, quero parabenizar quem escreveu, com uma riqueza de detalhes que me surpreende..a cada capítulo... =)

  • delmyra Postado em 07/11/2013 - 00:21:55

    sua web é perfeita. li tudo em um dia. parabens.

  • brunamachado Postado em 21/10/2013 - 15:40:49

    Adorei o fim,parabéns

  • angelr Postado em 21/10/2013 - 14:37:54

    a Fic foi Otimaaa ta de parabéns adorei o Final como toda a historia

  • brunamachado Postado em 21/10/2013 - 09:45:35

    Sua fic é muuuuuuuuuuuuuuuuuuito boa,posta mais

  • lunaticas Postado em 07/10/2013 - 00:26:07

    Nossa pensei q tinha nos abandonado shaushuhaus Q bom q voltou a postar :)

  • fabicubells Postado em 25/09/2013 - 13:54:30

    meu to adorando essa web...muito boa msm..posta mais

  • ka_oliveira Postado em 17/08/2013 - 00:32:02

    Não gosto da Lorena ! 'kkkk

  • Vondyreis Postado em 16/08/2013 - 07:25:16

    Tó odiando a Lorena! eu quero portinon e essa aí ta confundido a cabeça da minha Dul


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