Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Totalmente contra minha vontade, peguei o celular e atendi. Sequer vi o identificador, queria me livrar logo daquela ligação e voltar para onde eu sempre quis estar: nos braços da Dulce.

- Any, não desliga! Sou eu, amor!

- Oi, Poncho – disse enfadada por ter interrompido pra atender ele.

Caminhei até a sacada. Não queria que Dul ouvisse uma discussão nossa e soubesse que terminamos. Queria contar, mas quando fosse a hora. Quando eu sentisse que ela não iria sair correndo outra vez.

- Anahí, precisamos conversar, amor! As coisas não podem ficar assim, acabar simplesmente! Você está confusa, amor! É uma fase... Você não gosta de mulheres, Anahí! Nunca gostou! – Sorri irônica. “Não é possível! Agora ele vai tentar adivinhar o que eu gosto ou não!”.

- Poncho, pelo carinho que tenho por você, a gente conversa quando nós voltarmos!

- Voltar? Voltar de onde? “Nós”? Você está ai com aquela v...

- Não termina essa frase! – escutei o barulho da porta batendo e olhei para dentro do quarto. Dul não estava mais lá.– Dul! – Gritei instintivamente correndo até a porta, mas ela já tinha desaparecido. – Mas que merda!

- ANAHÌ! – Foi a última coisa que ouvi Poncho dizer antes de jogar o celular em algum lugar e sair vestindo minha blusa.

Apertei o botão do elevador, mas ele não vinha. Estava nervosa, os pés batendo desesperadamente no chão. “Pra que eu fui atender aquela porcaria? Pra quê você me mandou atender, Dul! Que droga!!!! Mil vezes droga!”. Depois de algum tempo esperando o elevador resolvi descer de escada. Corri os três andares e cheguei no hall. Nada dela.

Eu me aproximei da recepção, me dirigindo ao rapaz que tinha feito nossa entrada. Perguntei se ele havia a visto e diante da resposta negativa, comecei a ficar com cada vez mais raiva de mim e da situação.

Parei na porta do hotel e olhei em volta. “Se eu for atrás dela, provavelmente não vou encontrar. Ela pode estar em qualquer lugar!!!” Estava dividida entre procurá-la e ficar no hotel esperando. “O celular dela! Claro! Ela nunca sai sem ele!”.

Corri até o elevador que estava se fechando e entrei no quarto. Procurei o celular e o encontrei debaixo do criado. Disquei o numero de Dul e escutei o celular dela tocar. Abandonei meu corpo na cama, rendida. “Ela nunca deixa o celular pra trás...”.

Fiquei algum tempo deitada na cama, tentando recuperar minha calma, mas cada vez que notava a luz do sol mais fraca, ficava ainda mais tensa.

Ouvi o celular dela tocando novamente. Era Maite.

- Oi, Mai...

- Eita, que agora já está até atendendo o celular dela! Hum... Aconteceu alguma coisa! – sorriu maliciosamente do outro lado.

- É, aconteceu! O idiota do meu ex-namorado me ligou enquanto estávamos prestes a fazer amor e atrapalhou tudo! Agora a Dul saiu batendo a porta e eu não sei o que fazer! – joguei o corpo na cama enquanto desabafei com Maite Era a única pessoa que eu tinha para isso no momento e eu não me importava mais.

- Como assim? Você parou de fazer amor para atender o telefone?

- A Dul disse pra eu atender!

- Mas você não olhou o ID? E como você deixa a Dul opinar em alguma coisa, Anahí!!! A Dul não tem senso próprio, não!!! Droga, eu deveria ter te avisado isso!

- Não, Maite! Eu estava louca pra despachar a ligação logo, mas daí quando o Poncho desembestou a falar eu tive medo de que a Dul ouvisse a conversa e descobrisse que tínhamos terminado e fui pra sacada!

- E vocês terminaram? Menina... Que babado!!! To Bege! Fica calma... A Dul volta daqui a pouco. Ela só precisa esfriar a cabeça! Agora, me conta o que aconteceu!

- Vou resumir. Eu decidi que quero a Dulce pra mim, então achei que o modo mais fácil fosse resolvendo tudo o que impedia ela de ficar comigo. Mas parece que está dando tudo errado desde que decidi isso! Gostar de mulher é complicado demais!

- Bem-vinda ao clube! Você não está só! – gargalhadas do outro lado. – Mas olha, fica calma... Quando a Dul chegar vocês conversam! Daqui a pouco ela volta!

- É, vou esperar... – disse desanimada. – Obrigada e desculpa pelo desabafo.

- Não esquenta! Daqui a pouco você vai fazer parte da família, faz parte ouvir os dilemas femininos! – ri do jeito que Maite falava. Acabou me acalmando. – Mas eu liguei para dizer que o pacote já foi entregue para a polícia e que seu padrasto deve ser detido amanhã se tudo correr conforme o esperado!

- Ai que alívio! Esse tormento vai terminar! Obrigada, Mai! Você e a Angel nos ajudaram muito!

- Já te disse que você vai fazer parte da família, então se acostuma! Aqui a gente se protege!
agradeci novamente e nos despedimos.

Deitei na cama e fiquei imaginando o que faria quando Dul voltasse.

“Eu poderia falar ‘Eu te amo e não tem mais nada que impeça a gente de ficarmos juntas!’... Não, muito clichê! Poderia tentar explicar o motivo de eu ter atendido o telefone... Ai, que ódio! Eu deveria era ter ido atrás dela na mesma hora! Ainda fiquei esperando a porcaria do elevador! Se eu tivesse descido de escada... Affe... Mas agora não adianta ficar pensando em ‘se isso’, ‘se aquilo’!”

Esperei a Dul por horas e horas. Até que, depois de me entregar aos pensamentos, adormeci com a sensação de vazio que acabou tomando conta de mim.