Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Desci escada abaixo, desesperada por ar, para sair daquele quarto, pra não escutar mais o nome dele dito por ela.

Caminhei durante algum tempo remoendo a raiva que eu estava sentindo. Não sei
se dele por ter interrompido, não sei se dela por ter atendido e rendido ou se
de mim por ter dito para atender. A verdade era que estava suficiente magoada
para não conseguir escutar aquela conversa.



Encontrei uma praça pequena e me sentei em um banco mais afastado das pessoas que passavam. Olhei ao redor e vi todos os casais de namorado envoltos em abraços e beijos. Me senti vazia. Faltava braços, beijos, olhares, risos,
besteiras... Faltava ela. E ela estava no telefone com o namorado.



Os risos das pessoas pareciam insuportavelmente felizes. E a imagem que não
saia da minha cabeça era o riso dela.



O modo insinuante que ela piscava, o jeito que seus olhos prendiam nos meus sem
ter a mínima vontade de se soltar, o rastro quente que os lábios deixavam pela
minha pele, o jeito como me sentia completa quando estava abraçada com ela.



“Eu não entendo! Não entendo como ela pode estar tão entregue em um momento e no outro estar conversando com o namorado como se nada tivesse acontecido! Se ela diz gostar tanto de mim, por que ainda namora? Se ela me quer tanto, por
que agora que estou aqui ela prefere o que já tem? E por que essa tristeza
maluca? Mas que droga! Eu só queria que ela soubesse... Que ela soubesse o que,
Dulce Maria? Que você não consegue tirar ela da cabeça? Que seu instinto
protetor não é amizade? Que você não é inocente como ela pensa? Não... Ela está
mais que certa! Ela precisa buscar a estabilidade dela. Eu disse que buscaria a
minha. Vai ver eu estou assim só porque briguei com a Lorena... O que eu estou
dizendo?!? Não é por causa da Lorena! Na verdade, ela não tem absolutamente
nada a ver com o que eu sinto pela Anahí! E o que eu sinto pela Anahí...? Eu
tenho que parar de fugir disso... Quer saber, vou resolver tudo isso de uma
vez!”



Levantei decidida. Iria falar tudo que estava engasgado na minha garganta, iria
falar o que estava me incomodando, iria rasgar o verbo!



Apertei firme o botão do andar, concisa no que iria dizer. Entrei no quarto e o
que vi me deixou nervosa e maravilhada ao mesmo tempo. Anahí dormia em um sono profundo, rosto sereno. Descobri que adorava olhá-la dormir, mas fiquei nervosa por ela ter conseguido dormir, nem ter se importado com o fato de eu ter saído.



“Ótimo, perfeito! Você esperava o quê? Que ela fosse correndo atrás? Dulce,
acorda!”



Tirei o tênis, deitei na cama e fiquei pensando em como eu tinha me deixado
levar por aquela situação novamente! Mais uma vez tinha me deixado apaixonar
por uma mulher hetero, que não sabia o que queria da vida e nem para onde ia e
que agora brincava de ping-pong com o que sinto.



Adormeci com o gosto amargo da raiva e do rancor.