Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce



Depois que saímos da delegacia, fui para casa e passei o dia inteiro
descansando. Maite e Angel ficaram comigo, mas meu pensamento ia o tempo todo em uma única pessoa: Anahí. A forma como ela havia agido na noite passada, se arriscando para salvar nossas vidas, o olhar carinhoso que ela quase sempre
tinha para me dar... A verdade é que eu queria ela ali, comigo. Somente ela.
Queria abraçá-la e ficar deitada daquele jeito, com ela nos meus braços.



“Preciso falar com ela... Preciso dizer que amo... Ah, Anahí, eu preciso tanto
do seu amor. Preciso de uma forma que nunca imaginei precisar!”



O dia passou devagar. Arrastando. Ana e Marina vez ou outra entravam no quarto
e conversávamos um pouco, mas passei grande parte dormindo.



Acordei de manhã disposta a acabar com todos os enganos que tinha cometido
desde o começo daquilo tudo. Tomei um banho longo, lavei os cabelos e preparei
um sanduíche. As meninas haviam feito compras e a geladeira novamente estava
cheia.



Acabei de comer e liguei para Lorena. Antes de tudo, eu precisava ser honesta
com ela... Ela merecia minha honestidade e eu tinha um grande carinho por
aquela mulher.



- Oi, Loh.



- Oi, Candy... Está melhor?



- Estou sim!... E você? Como está?



- Bem...



- Loh, eu queria conversar com você... – apertei os olhos com medo da reação de
Lorena, lembrando do ultimo telefonema onde ela disse que não queria conversar.



- Eu também quero conversar. Posso ir até ai? – a calma na sua voz me deixou
muito surpresa e um tanto mais tranqüila.



- Pode sim. Pode subir direto. Vou avisar o porteiro para liberar, ta?



- Ta bem. To indo.



Desligamos e fiquei esperando alguns minutos até que a campainha soou. Lorena
estava com o rosto um pouco triste, acho que ela já sabia do que se tratava.



Deu um beijo no meu rosto e entrou. Ficou de pé perto do sofá me olhando. Eu
estava muito sem graça com tudo aquilo. Não gosto desse tipo de situação, não
gosto de saber que vou magoar alguém. De certa forma, eu também estaria me
magoando. Eu realmente queria bem a Lorena. Gostava demais dela para magoá-la,
mas eu não a amava. Demorei um pouco para descobrir, mas eu não a amava. Estava
tentando apenas mudar um passado que já estava morto, eu estava querendo apenas
um ponto final para o que tinha sido reticências.



- Me desculpa por ter te feito passar por tudo aquilo... – quebrei o silêncio
me sentando no sofá.



- Tudo bem... Tu não teve culpa. - Ela se sentou ao meu lado, mas um pouco
distante.



O silêncio voltou a ecoar pela sala. Por alguns minutos fiquei pensando em como
começar a falar.



- Por favor... Vamos fazer da forma menos dolorosa, ta bom? – Lorena falou com
um sorriso triste nos lábios, parecendo adivinhar o que eu estava pensando.



Aquelas palavras me cortaram ainda mais o coração!



- Loh, eu achei que poderia ser diferente. Eu quis que fosse, mas eu não tinha
percebido que... Que eu...



- Eu sei, Candy... Tu não precisa nem tentar explicar. Eu cheguei tarde, essa
foi a verdade. Talvez se eu tivesse vencido esse medo bobo um tempo antes eu
tivesse conseguido teu coração de volta... Antes de você dar ele para ela.



- Eu também não tinha percebido que gostava tanto dela... Eu não quis te
enganar, por favor não pensa isso, ta?





- Não estou pensando nada – sorriu com os olhos rasos. – E tu não gosta dela...
Vocês se amam. Isso é nítido para todo mundo. Eu pensei bastante em tudo
enquanto tu estava viajando e decidi que eu não iria impedir sua felicidade...
– silêncio novamente. – Um dia você me disse que daria sua felicidade pela
minha... E deu. Agora eu estou dando a minha pela sua, mas eu sei que vai
passar – sorriu novamente e limpou uma lágrima no canto dos olhos.



- Eu sinto muito mesmo – abaixei a cabeça, triste demais por tudo aquilo.



- Eu vou para Madri hoje. Meu vôo sai às sete e meia... Eles querem abrir uma
filial por lá, fazer uma junção, não sei... Mas Poncho me convidou para ir e
achei que seria uma boa oportunidade... Também vai ser mais fácil lidar com
tudo isso longe daqui.



- Mas... Eu não quero que você mude sua vida por mim.



- Não é por você... E´ por mim! Eu preciso me afastar, entende? Assim como me
afastei daquela vez.



- Eu realmente gostaria de te manter por perto, Lorena. Gosto muito de você.



- Se eu ficar por perto, Candy, a cena que aconteceu aqui antes de ontem terá
uma nova protagonista! – gargalhou, me fazendo sorrir também. – Guria ciumenta
essa que você escolheu! – o calor tomou conta do meu rosto.



- E´, eu sei... Mas ela não machucaria ninguém. Ela é legal...



- Tudo bem que eu estou te perdendo para ela, mas não me peça pra achar ela
legal!!! – riu novamente. – Agora eu vou indo. Tenho que terminar de arrumar
minhas coisas - disse se levantando.



Caminhou até a porta, abri e desci com ela. Chegamos na portaria e fui me
despedir de Lorena. Era péssima a situação, mas fiquei aliviada pelo modo como
ela agiu.



- Dul, por mais que ela seja uma decaptadora de ex-namoradas, eu espero que ela
te faça muito feliz... Mesmo, ta? – sorri e balancei a cabeça.



- Me dá noticias?



- Dou... Mas posso ficar bem ausente. Preciso de um tempo.



- Tudo bem. Te adoro, viu? – puxei Lorena para um abraço apertado. Eu realmente
não queria magoar ela. – Boa viagem e se cuida por lá. Qualquer coisa me grita
que eu te socorro!!!



O abraço foi interrompido por um som de carro arrancando. Olhei na direção do
som e logo reconheci o carro.Anahí.



Não consegui conter minha expressão de insatisfação.



“Droga! Mais um mal entendido!”



- Era ela, não era? – perguntou fazendo uma careta.



- Era... Mas eu vou conversar com ela mais tarde.



- E´ bom, porque ela já deve estar pensando um milhão de coisas – beijou meu
rosto e se afastou em direção ao carro. – Até qualquer dia e seja feliz, ok?! –
piscou e foi embora.



Entrei em casa, e peguei o celular. Liguei para Anahí e o celular estava
desligado. Liguei na casa dela e ninguém atendeu. Deixei recado na secretaria,
mas sabia que ela não iria retornar.



Como era possível a gente ficar entre tantos acasos desastrosos, entre tantas
coincidências que nos levavam ao mesmo ponto: lugar nenhum!



Andei de um lado para o outro da casa com o celular na mão. Deixei varias
mensagens, vários recados, mandei sms, e nada! Ela não retornava, não atendia,
não dava sinal de ter sequer recebido as mensagens.



Sentei na espreguiçadeira por algum tempo, pensando no que eu poderia fazer.



Suspirei longamente e decidi. Não iria perder mais tempo! Levantei decidida que
eu não terminaria aquele dia sem Anahí nos meus braços!



“Nem que pra isso eu precise fazer uma busca na cidade inteira!”. Peguei o
carro e fui até o condomínio de Anahí.





O porteiro interfonou e nada. Pedi que tentasse mais uma vez... Nada novamente.
Liguei para o celular dela e ainda estava desligado. Tentei o telefone da casa
e chamava até cair.



Precisava de ajuda para pensar, de uma forma para conseguir mostrar pra Anahí
que eu a amava! A única pessoa que conseguiria me entender e me ajudar a pensar
em algo seria Maite.



Fui voando para casa dela. Atravessei toda a cidade, peguei um transito
infernal e quando consegui chegar na casa de Maite já era final da tarde.



“Droga, agora que está tudo ferrado mesmo!” Disse ao descer do carro e
constatar as horas no celular. Toquei o interfone e Angel abriu a porta com uma
cara no mínimo estranha.



- O que foi? – perguntei desconfiada.



- Você não vai adivinhar quem está aqui... – o olhar de Angel parecia divertido,
mas ao mesmo tempo apreensivo.



- Quem? – ergui as sobrancelhas.



Angel fechou a porta atrás de si, e me empurrou pra frente. Estava achando
aquilo tudo muito estranho.



- E´ o seguinte... A Anahí está ai...



- Eu preciso falar com ela – disse me precipitando em direção a porta.



- Calma, Dul! – Angel me impediu de abrir a porta. – Ela está muito nervosa...
Não tem como você conversar com ela agora... E ela não quer falar com você. A
Maite acha melhor vocês se falarem depois que ela acalmar. O que aconteceu?



- Rompi com a Lorena. Por favor, deixa eu falar com ela, Angel!



- Mas ela disse que vocês haviam se entendido... – ignorou totalmente meu
pedido.



- Ela viu a gente se abraçando e entendeu tudo errado! – balancei a cabeça.



- Vamos fazer o seguinte, mais tarde, depois que ela tiver mais calma, a gente
se encontra no Seven, pode ser?



- Não, eu prefiro conversar com ela a sós.



- A gente vê o que faz... Confia na gente, ta?



Meu ar de decepcionada era nítido. Eu não queria sair dali sem que ela soubesse
que eu a amava. Não queria ela sofrendo por um mal entendido.



Angel já estava entrando quando pedi que esperasse. Me olhou curiosa, enquanto
eu revirava a bolsa. Finalmente achei o bloco de papel da facul e uma caneta.
Apoiei na parede e comecei a escrever.



- O que você ta fazendo?



- Escrevendo.



- O quê? Não sou garoto de recado não, viu!



- Não, vai ser garota de recado! Não quer me deixar falar com ela, então vai
entregar um bilhete.



Precisava que ela entendesse e quisesse conversar comigo. E aquele pedaço de
papel poderia fazer a diferença. Eu esperava que fizesse!



Depois de alguns minutos com Angel impaciente me perguntando varias vezes se
havia acabado, dobrei o papel e entreguei para ela.



- Dá pra Anahí. Não esquece