Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce

Tudo ainda estava girando em torno da minha cabeça. Parecia um misto de sonho e pesadelo, tudo em uma só situação. Tudo foi realmente assustador e não "encantado" como eu imaginei que seria.

"Não sei o que sinto mais... Sei que não é indiferença pelas coisas que ela disse... Sei que não sou invulnerável aos beijos, aos toques, às palavras... Mas não consigo fechar os olhos e não imaginar que tudo aquilo foi de outra pessoa. E pior, por covardia. Se é que as coisas realmente foram como ela disse. Já não sei se sou capaz de acreditar que tudo é como ela diz. Como pode alguém passar dois anos da vida dizendo "eu te amo", escrevendo declarações de amor... Fazendo amor, o que é pior, com alguém que não ama de verdade? Não consigo entender. Hoje não é um bom dia pra pensar nisso. Hoje não é um bom dia pra nada. Quero me enfiar debaixo da cama."

Abri a porta do meu apartamento com os olhos embaçados pelas lágrimas. Deitei na cama, me encolhi e adormeci com as lágrimas.

Acordei cedo, com o corpo dolorido. Reflexo de uma noite tensa. Massageei a nuca, espreguicei-me e fui em direção à geladeira. Fiquei namorando os alimentos, sem intenção de comer nenhum, mas isso era quase um ritual matutino. Os pensamentos da noite passaram a me invadir enquanto me curvava para olhar as prateleiras de baixo. Fechei a porta constatando que precisava sair, andar por ai, comer algo decente pela rua.

Desde que meus pais morreram, era uma raridade entrar algum alimento decente em casa. Sempre bobeiras: doces, bebidas, e todos os tipos de "tapeações estomacais" que alguém pode comer.

Joguei-me na espreguiçadeira que ficava no canto da sala e instantaneamente me lembrei de Any. Sorri ao me lembrar do seu modo de chamar a espreguiçadeira de "treco destoante". Todas as vezes que me via sentar ali, ela dizia "Joga essa velharia fora! Fica guardando esse treco destoante não sei por que. Sabia que ela não combina nada com sua sala???".

Pensando nisso, me deu vontade do abraço dela. Do calor que ele tinha e da capacidade de me fazer esquecer os problemas com as bobeiras que dizia. Senti vontade do seu sorriso e da sua companhia. Fui repreendida pela lembrança dos olhar que ela havia me dado ao ver Lorena.

Precisava explicar toda a situação para ela, mas como?

- Oi, Any ... A Lorena voltou. Me procurou para dizer que me ama ainda e que quer outra chance e eu estou confusa, porque não sei o que sinto por você e não sei mais o que sinto por ela. Ah, já ia esquecendo de te contar... Nos beijamos - disse em voz alta, com tom de ironia. "Ai, Dulce Maria ... você está perdida! Simplesmente perdida". Sorri nervosamente.

Ignorei o medo da reação de Anahí, tomei um banho, peguei as chaves e fui para a casa dela.