Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Cheguei ao portão e Dulce estava descendo do carro. "Linda... como sempre, linda". Óculos escuros, uma regata branca, calça jeans escura, apertada e o all star azul. O sol parecia dar os últimos retoques para que aquela linda simplicidade me deixasse besta.

- Bom dia! - disse sorrindo e tirando os óculos.

- Bom dia - tentei disfarçar a cara de besta e usar um tom mais distante, apesar de achar que não daria muito certo.

- Porteiro novo?

- Uhum - abraçou-me e beijou meu rosto. Pude sentir seu cheiro e o pensamento de que a ex provavelmente o sentira me fez esfriar o contato.

- Algum problema?

- Não... Que eu saiba, não.

- Você está estranha.

- Se divertiu muito ontem? - fui sarcástica.

- Na verdade, não. Você deve imaginar que não. Podemos conversar sobre isso?

- Conversar sobre você não ter se divertido? Uai, podemos - cruzei os braços e encostei na pilastra da varanda. - O que foi? Não tocaram sua música? O bar estava muito cheio? A coca não estava tão gelada ontem? - sorri com ironia.

- Não fui para o bar... - passou a mão afastando a franja da testa, baixou os olhos e encolheu os ombros. - Eu...

- Amor, quem está ai? - Dul levantou os olhos assim que ouviu a voz de Poncho. - Oi, Dulce! Também madrugou, é? - Poncho chegou atrás de mim, passou os braços pela minha cintura e eu retribui o aconchego.

- É... - sorriu sem jeito. - Não sabia que já tinha voltado!

- Faz pouco tempo que cheguei. Vim direto ver essa minha futura esposa mal humorada! - Dul tentou esboçar um sorriso, mas acabou saindo algo meio retorcido.

- Ah sim... Bom, eu vou indo, então. Vocês devem estar a fim de matar a saudade - disse virando as costas.

- Não, espera. Eu tenho que ir casa e depois para empresa, e a Anahí está meio tristinha – Dul  lançou-me um olhar resignado. - Fica, é bom que você tenta deixar ela mais animadinha!

Poncho despediu-se dizendo que voltaria à noite para me ver e que qualquer coisa era para ligar. Beijou-me, e quando se afastou, percebi que Dul  havia distanciado o olhar para qualquer ponto no chão.

Depois de Poncho ter saído sentei nos degraus da varanda e Dul agachou na minha frente.

- O que está havendo? - perguntou.

- Nada.

- Converse comigo, por favor - pegou minha mão e olhou dentro dos meus olhos.

- Não tenho nada pra conversar, Dulce Maria.

- Podemos entrar? Quero te explicar algumas coisas.

Levantei em silêncio com Dul atrás de mim. Sentei no sofá e ela fez o mesmo. Alguns segundos de silêncio mostravam que Dul estava pensando por onde começar a contar. "Para que tantas voltas? Como sou burra... Elas já vinham se encontrando! É isso... Por isso o comportamento ‘arrependido` da Dul quando nos beijamos! Lóóóóóógico! No mínimo se entregaram a uma tórrida noite de amor". Revirei os olhos aos pensar na obviedade da situação.

- Olha, Dulce, você não tem que me explicar nada, muito menos me dar satisfações. A vida é SUA e você faz o que quiser com ela. Não me importo com quem vo... - me interrompeu.

- A mulher que estava comigo ontem... - baixou a cabeça e respirou fundo. - Era a Lorena. Eu não fui ao bar porque ela pediu para conversarmos.

- Hãn... - sacudi a cabeça.

- Por isso não fui ao bar.

- Sabe, você poderia sequer ter tido a decência de me contar que estava se encontrando com ela ainda ao invés de ficar usando outras desculpas para o que aconteceu naquela noite. Eu sou mesmo uma idiota... E ainda estava procurando uma desculpa para te ver, para poder ficar a sós contigo... - estava cega de raiva. Olhei para Dul e vi seus olhos mareados.

- Não é isso... - disse quase num sussurro, como para si mesma. - Não estávamos nos encontrando, Anahí! Parece sem lógica, mas alguém contou para ela onde me achar! Eu não a via há quase dois anos! Não seja injusta comigo!

- Então tá... Suponhamos que seja verdade, o que ela queria com você?

- Conversar - dei uma gargalhada e sussurrei um "inacreditável" enquanto me levantava e andava pela sala. - Ela pediu que fôssemos pra praça conversarmos, e depois a deixei em casa.

- Que lindo! Uma perfeita cavalheira, você! Abriu a porta do carro, pegou ela no colo e fizeram amor por toda à noite também?

Dul se levantou de uma vez.