Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Cada sensação, gosto, toque, cheiro tudo era tão diferente! A delicadeza com que suas mãos me tocavam, seu olhar parecendo absorver minha alma... Seus beijos... Seus lábios... Impossível imaginar que uma mulher me faria sentir tudo aquilo! Impossível imaginar que uma mulher me daria tudo aquilo!

Passamos o dia todo na cama, obedecendo todos os nossos desejos, deixando que nossos corpos se conhecessem. Queria experimentar todas as novas sensações, todas as opções, queria tudo! Queria ela por inteira! Boca, seios, pernas, sexo, olhos, inteira! A cada minuto Dulce me surpreendia mais, e a cada minuto, me via mais entregue a ela. Nos amamos até que o cansaço nos dominou.

Acordei e já estava escuro. Meu braço estava dormente, mas havia uma mulher linda e nua deitada sobre ele. Seu braço estava enlaçado em meu corpo e sua perna passava sobre as minhas. A pouca claridade dos postes entravam pela janela do quarto e iluminavam parte daquele corpo.

"Como ela consegue fazer isso tudo comigo?". Ainda me sentia extasiada com a sensação de tê-la inteira para mim, de poder tocá-la sem medo, de beijar sem precisar segurar meus impulsos... "Dorme tão serena... se não fosse desse tamanho todo, até poderia achar que é uma criança dormindo!".

Tirei seus cabelos do rosto e me levantei, tentando ao máximo não acordá-la. Mas foi praticamente impossível. Não sentia meu braço, então,  me movimentei mais do que realmente era necessário. Dul abriu os olhos.

- Oi! - disse sorrindo.

- Desculpe ter te acordado! É que meu braço deu câimbra... - senti meu rosto corar.

Ela apoiou a cabeça em uma das mãos e ficou me olhando. Tive medo nesse momento que ela dissesse que tinha sido tudo um grande engano.

- Você fica linda assim, tímida - sorriu aquele sorriso largo que tanto me encantava. Balancei a cabeça ainda mais sem graça.

- Ainda não sei como me comportar ao ver uma mulher acordar na minha cama - sorri.

- Aceita sugestões?

- Pois diga, senhorita Dulce! - sentei-me na beirada da cama com um sorriso de canto de lábios.

- Então... Deita aqui, de frente para mim e fecha os olhos, como se você estivesse dormindo - obedeci. - Agora, eu vejo a mulher maravilhosa na minha frente, acordando depois de um dia perfeito... - tocou meus cabelos e eu sorri. - Beijo seus lábios e digo "oi"... Oi! - sorriu e continuou. - Depois eu fico olhando para sempre me lembrar do sorriso dela acordando. E então pergunto se ela está com fome... Porque eu estou faminta! - gargalhamos.

Levantamos e fomos para o banho. Nós nos amamos mais uma vez , nos vestimos e fomos comer. Abri a geladeira, mas estava vazia. Sempre que meu pai viajava, a cozinha ficava abandonada. Papai sempre cozinhou e quando não o fazia, Catarina, a moça que trabalhava em casa, se encarregava disso. Mas era uma fatalidade ela estar de férias justo naquele mês.

- Ih... Acho que teremos que comer fora. Não tenho nada comível aqui.

- Sem problemas. Mas tenho que passar em casa antes.

Fomos a uma pizzaria que ficava próximo a casa de Dul. Ela era apaixonada por pizza e ainda juntava que estava há mais de 24 horas sem colocar algo sólido no estômago.

Ainda me perturbava a volta de Lorena. Não resisti e aproveitei o clima de paz que havia se instalado para perguntar sobre os acontecimentos da noite anterior.

- Dul...

- Hum - falou devorando uma pedaço de pizza de frango à bolonhesa.

- O que exatamente aconteceu depois que eu fui embora?

- Ainda está chateada com essa história? - disse com olhar preocupado.

- Não... Só quero entender.

- Ela quer voltar.

- E você? O que quer?

O silêncio que se seguiu fez com que o medo da resposta crescesse em mim.

- Eu não sei - pressionou os olhos com os dedos.

- Não sabe? Como assim?

Dulce respirou fundo, prolongando ainda mais minha ansiedade.

- É complicado, Anahí. Minha história com a Lorena foi muito intensa e muito mal resolvida. É cheia de espaços em branco, de pedaços faltando. O que senti por ela foi forte demais e eu não posso mentir pra você, ainda me faz balançar.

- E o que aconteceu hoje foi o que para você? Diversão? - senti minha raiva voltando com tudo.

- Não! De forma alguma. Entenda, Anahí... Você não é uma diversão para mim. Longe disso. Mas eu preciso entender o que está acontecendo, comigo, com você, com a volta de Lorena... Você tem o Poncho, tem sua família...

- Por favor, não tome minhas decisões por mim! - impacientei-me.

- E você? O que significou hoje para você?