Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Ao escutar a voz de Ricardo, nos afastamos bruscamente. Ele me olhava com sarcasmo e satisfação.

- Então, todo aquele seu moralismo sobre respeito e sinceridade onde estão?! Que eu saiba, seu namorado está ali dentro. Bem que eu sempre desconfiei que essa ai era assim! - olhou para Dulce.

- Você não tem nada a ver com minha vida, Ricardo, e acredito que também não tenha nada a ver com a de Anahí - foi Dulce quem retrucou, vendo meu estado de paralisia.

- Não estou falando com você, sua cadela! Não se meta onde não foi chamada. Meu assunto é com essa pirralha ai. Olha aqui - agarrou meu braço com força. - Agora você tem um segredinho que eu sei! Não se atreva a fazer nada contra mim, garota! A não ser que queira se arrepender muito disso.

- Solta ela, idiota! - Dulce tentou conter a pressão que Ricardo fazia em meu braço.

Ricardo soltou meu braço, desferindo um tapa no rosto de Dulce que, desequilibrada pelo golpe, caiu no chão. Nesse momento, recobrei a sanidade.

- Socooooorro! - foi a única coisa que consegui dizer!

Agarrando meu pescoço, Ricardo fitou meus olhos com toda raiva e sentenciou.

- Não se aproxime de mim, muito menos de meus negócios - empurrou-me e tossi, sentindo os músculos da garganta voltando ao lugar. Ele havia desaparecido.

Poncho veio correndo em minha direção, acompanhado de Lorena.

- O que aconteceu? Quem fez isso? - Poncho perguntava aflito.

Recobrando o ar, pude ouvir Lorena perguntando se Dulce estava bem e ajudando-a a levantar.

Antes que eu pudesse responder, Dulce interveio.

- Um assalto - lançou-me um olhar para que confirmasse a história. - Como não tínhamos nada, ele ficou nervoso e nos agrediu - Lorena limpava o canto de sua boca, onde um filete de sangue escorria.

- Precisamos ir à delegacia! Temos que dar parte!

Foi minha vez de intervir.

- Não! - devido ao meu não efusivo, Poncho e Lorena me olharam de forma espantada. Tentei consertar as coisas. - Eu não vi o rosto, não sei nada sobre. Estava muito escuro e fiquei muito nervosa. Melhor deixar essa história para lá. Quero ir pra casa.

- Nós já vamos, meu amor! Já pagamos a conta. Estávamos vindo encontrar vocês, por sorte! O ladrão deve ter nos visto e saiu em disparada! - Poncho falou me abraçando carinhosamente.

- Por favor, me leva pra casa - disse chorando.

- Lorena, por favor, vai com a Dul. Ela me parece meio atordoada - Poncho disse dirigindo-se ao outro lado da rua, onde seu carro estava estacionado.

- Claro! - ela estava abraçada a Dulce, que ainda mantinha a mão sobre o lado direito do rosto.

Ainda estava assustada com a situação, mas não pude deixar de sentir a presença do ciúmes.

Percorremos todo caminho até minha casa com Poncho falando algo sobre a situação da violência na cidade e sobre como as coisas em Londres eram diferentes. Sentia-me cansada, exausta. Minha garganta doía, meu braço doía, mas não mais que a dor que a raiva fazia percorrer em minhas veias.

Era preciso tomar uma atitude o mais rápido possível. A situação já havia ido longe demais. "De quais negócios ele estava falando? Não me meti em nenhum de seus assuntos... Apenas havia flagrado ele e Michele no estacionamento... Algo está muito errado! As peças não se encaixam... Não existem peças. O que Michele tem a ver com os negócios dele? E qual o tipo de negócio é esse que ele tem tanto medo que eu descubra? Ou que ele imagina que eu descobri... Preciso dar um basta nisso!". Mantinha-me fixa nesse pensamento.

Chegando em casa, tomei um longo banho, coloquei uma camisola leve e me deitei, acompanhada de Poncho, que se aconchegou a meu corpo, transmitindo uma sensação de segurança.

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