Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce

Lorena havia percebido minha apreensão enquanto eu a levava para casa.

- Dulcinha, o que foi? – disse me tirando dos pensamentos.

- Ahn? Ah, nada... Um pouco cansada.

- Isso é por causa do que a Angel descobriu ou por causa da “decaptadora”?

- Estou ficando com medo dessa história... Loh, posso te pedir uma coisa?

- O que tu quiser! – sorriu com malicia.

- Não chama mais a Any de decaptadora, tá? Ela é minha amiga e é bem legal...

- Ok... Se te incomoda eu paro. Mas legal ela não é!

- Você nem a conhece... Não pode dizer que alguém não é legal sem conhecer antes, Lorena.

- Nossa, tudo bem... Não está mais aqui quem falou.

O caminho tornou-se silencioso até que encostei em frente do prédio de Lorena.

- Não vai entrar?

- Não, vou para casa. Preciso ligar para Renata e ver como anda por lá. Está demorando a voltar. Preciso também terminar um briefing de um cliente – sorri com cansaço, com a cabeça encostada no volante, rosto virado para ela.

- Entra só um pouquinho, vai... – fez carinha de abandono – Ou pode ficar até amanha... Tem manjar turco ainda! – sorri.

- Hoje vou ter que rejeitar o manjar! Guarda para mim?

- Fazer o que, né? Guardo... Nem um pedacinho hoje? – olhou-me esperançosa. Sorri puxando seu rosto para um beijo.

- Amanhã eu venho te ver, ta? Agora a senhorita vai pra casa descansar.

- Está bem! Tu também! Para casa, direto!

Sorri. Nos beijamos novamente e Lorena saiu do carro. Demorei algum tempo procurando meu celular. Acabei encontrando-o embaixo do banco com uma mensagem recebida. Era Anahí. Senti uma contração de nervosismo no estômago. Fiquei olhando para tela do celular, tomando coragem para apertar o botão. Respirei.

“Agora sei por que concordou tão rápido em manter só a amizade.”

Joguei o telefone para o lado, com raiva, estressada... Mas, na verdade, triste. Liguei o carro e arranquei.

“O que a Anahí esperava? Ela disse que queria a minha amizade! …, eu sei... Eu fiquei aliviada com isso... Mas o que eu podia fazer? Começar tudo outra vez? Esperar alguém se decidir se queria ou não ficar comigo, passar pela aceitação da família, uma disputa de forças entre eu e a sociedade? Não... Não posso passar por isso tudo outra vez. Lorena já se decidiu o que quer e eu ainda a amo... Com ela é tudo mais... fácil.”

Liguei o som para afastar os pensamentos e a tensão. Nos auto-falantes, Paulinho Moska começava a cantar “Pensando em você”.

Imediatamente me lembrei de Anahí e da primeira vez que ficamos. Tocava a mesma musica no carro. Mudei para o rádio. Vander Lee cantava.

“Porque nada impede
Uma flor de nascer
De um desejo sincero”

Mudei novamente de rádio, mas parecia que todas as musicas me deixavam ainda mais culpada e triste.

Desliguei o som e dirigi no silêncio.