Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Fui praguejando Lorena até chegar na rua de Dul. Estacionei e fiquei olhando para a entrada. Tomei fôlego, e sai do carro.

Cheguei na portaria e a encontrei vazia. O porteiro deveria estar no horário de café ou morcegando mesmo. Aproveitei a deixa e subi. Não queria mesmo tocar o interfone, muito menos ser anunciada.
Subi até o andar de Dul, toquei a campainha e nada. “Será que ainda está estragada?”. Toquei novamente e nada... Bati na porta. Nada. Olhei pelo olho mágico e nem vestígio de luzes.

“Droga, ela ainda deve estar pendurada naquela menina”. Andei de uma lado para o outro no corredor... Passava um pouco das cinco da tarde. Pensei em ligar para saber onde estava, mas desisti, pois lembrei da mensagem que havia mandado.

Andei mais um pouco pelo corredor, olhei pela vidraça que revelava uma cidade presa no céu nublado. “Uma aparência propícia para como me sinto”, pensei, caminhando novamente para porta de Dul.

Acabei cansada de ficar em pé andando para lá e para cá e sentei na porta. Tá, que parecia coisa de mendigo, mas eu não iria ficar ali em pé esperando e não queria ser anunciada. Não queria dar tempo dela se preparar para mim. Nem que precisasse dormir na porta dela, mas eu esperaria!

“E se ela vier com aquela garota? Não tinha pensado nisso... Ah, ai a conversa será a três! Quero nem saber! Ou ela dispensa a guria para conversar comigo ou vamos conversar nós três, sentadinhas no sofá!”

Encostei a cabeça na porta e acabei cochilando.

***

 Dulce

Entrei na garagem, e fui direto para o elevador. Decidi não passar pela portaria, não estava muito animada para as típicas conversas de vizinho. Pressionei o meu andar, massageando as têmporas desejando um longo banho e cama. Peguei o celular e olhei as horas. Seis e vinte e duas.

A porta do elevador se abriu e, ao sair, meu coração chegou à boca. Anahí estava sentada em minha porta, dormindo.

Fiquei olhando para aquela cena, perplexa, mas não pude deixar de sorrir. Um ser humano pequeno, abraçada aos joelhos, a cabeça encostada na porta. Estava igual uma criança naquele moletom.
“Eu não acredito...”. Passei a mão pelos cabelos, e caminhei em direção a Anahí.

Baixei e fiquei algum tempo olhando para ela. “O que você está fazendo aqui, hein, mocinha? E a quanto tempo está aqui? Para ter dormido, há muito tempo, né?”

- any... – toquei seu ombro e Anahí acordou assustada, levantando de uma vez. – Tudo bem?

- Tudo... Eu só... Só cochilei – disse esfregando as costas da mão nos olhos. Sorri com a cena. Realmente parecia uma menina pequena.

- Está desde quando aqui?

- Não sei, acho que eram cinco...

- Vem, vamos entrar – abri a portar e Anahí entrou, logo depois eu. – Aconteceu alguma coisa? O Ricardo fez alguma coisa? – comecei a ficar apreensiva, afinal, não era normal a Anahí vir sem avisar e muito menos ficar sentada na minha porta!

- Sim e não. Não tem nada haver com o Ricardo, Dulce...

- Então o que aconteceu, Any? – ela já estava sentada no sofá, me olhando com um par de olhos extremamente intensos, cheios de raiva, que me fizeram arrepiar.

- Vim porque quero saber o que exatamente eu signifiquei ou significo para você. Porque eu não entendo como as coisas funcionaram entre a gente. Primeiro rola aquilo tudo, porque pra mim foi importante, e depois você simplesmente redescobre um amor pela sua ex? Me explica, porque eu não entendi nada. Se eu fui só um passatempo, me fala de uma vez pra eu parar de ficar pensando em você vinte e quatro horas do meu dia, pra eu parar de ficar vigiando meu celular, esperando você me ligar ou parar de ficar sentindo meu coração aos pulos quando o interfone toca.

Estava em pé, perto da porta, ainda com as chaves na mão, quando fui pega pela enxurrada de palavras que saíram dos lábios de Any. Ainda não havia me acostumado com esse jeito de despejar tudo de uma só vez... Sempre me pegava de surpresa.