Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Pela primeira vez o elevador estava lá. Parecia
me esperar. Entrei apertando rapidamente o botão para as portas se fecharem.
Passei pela portaria sem sequer olhar para o lado. Os olhos embaçados pelas
lágrimas não me deixaram ver o carro que passou a centímetros do meu corpo. O
motorista gritava algo que meus ouvidos fizeram questão de ignorar.



Entrei no carro e segui. Não sabia para onde iria, apenas dirigia. Queria
esquecer tudo aquilo, esquecer Dulce, esquecer Poncho, esquecer do mundo.



Minha mente não tinha nada além de imagens. Ora nítidas, ora borradas. Via o
olhar de Dul dentro dos meus, seu sorriso, o jeito que deslizava os dedos pela
franja quando estava nervosa... O olhar sonolento, o corpo nu sobre o meu...



Parei o carro na esquina e me dei conta de estar em frente ao bar onde fui com
Dul. Seven. Olhei para entrada, suspirei e dei partida no carro. Não pegava.



Tentei mais algumas vezes e nada.



“Para coroar meu dia, o inferno do carro pára de funcionar! ”ótimo, Anahí...
Dois pés esquerdos, é isso que eu tenho!”



Fiquei algum tempo dentro do carro e decidi entrar no bar.



“Já está tudo ruim mesmo...”



Entrei no lugar e fui direto para o bar. Me sentei num dos bancos vagos que
havia ali e pedi uma cuba. Tomei como se fosse água e pedi outra. Tomei da
mesma forma. Pedi a terceira e quando ia virar, senti uma mão impedindo o copo
e uma voz doce próxima ao meu ouvido.



- Opa, opa, mocinha... Desse jeito vai acabar em coma alcoólico!



Olhei para o rosto da mulher que não me era estranha. Alguns segundos depois,
percebi que era a morena que eu havia comentado com Marina que era bonita, na
primeira vez que fui ate lá.



- Eu lembro de você! Falei com minha amiga que era bonita! – disse já sentindo
o efeito do álcool. Tinha o organismo fraco para bebida, qualquer tantinho já
me deixava alta.



A morena gargalhou com meu comentário e sorriu abertamente. Achei o sorriso
parecido com o de Dul.



- Que ótimo que me acha bonita! E a mocinha está bebendo tanto assim por quê? –
Disse tirando o copo levemente de minhas mãos.



- Porque a mulher que eu quero quer a ex... Só porque eu tenho um namorado
idiota, uma família com sérios problemas e porque não consigo segurar a mão
dela no restaurante. Ela acha que vou fazer a mesma coisa que a ex fez com ela.
Mas esquece que eu não sou a ex, é mole? Não, não é. Por favor, devolve meu
copo? – A morena gargalhou me entregando o copo. Tomei metade dele até que ela
me impediu de virar o restante.



- Nossa... E por que você não diz a ela que a quer?



- Mais? Estou vindo da casa dela... Ela me disse que ama a outra e que é mais
seguro e fácil com ela... Você deveria ver a garota! Sem sal! – balancei a
cabeça e tomei o restante da bebida pedindo ao garçom outra. - Ela me disse que
não sentia mais nada pela vaca do passado, mas agora vem me dizer que não quer,
mas sente... Quem não quer, não sente, uai! Hoje estavam todas almoçando lá,
bem na minha frente... – o garçom me estendeu a bebida e antes que eu pudesse
beber, a morena havia pegado das minhas mãos e devolvido para o garçom.



- Chega de álcool, mocinha! – deu uma piscadela para mim.



- Putz, agora eu arrumei uma babá! A mulher mais perfeita do mundo não me quer,
a porra do meu carro quebra e eu ainda tenho uma babá! Você é bonitinha, mas é
meio careta, sabia?



A mulher parecia divertir-se com a situação e tinha um olhar malicioso, mas eu
não me importava. Ela estava me ouvindo, estava ótimo.