Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce

Enfiei o pé no acelerador e fui em direção ao Seven.

Entrando no centro, uma viatura da policia me pediu para encostar.

“Droga, só faltava essa...”

- Documentos do condutor e do veículo.

Entreguei os documentos para ele enquanto analisava os dois e me olhava.

- A senhora sabe a qual velocidade estava? Sabia que sua vida está correndo perigo e a dos outros também?

- Sim, seu guarda, eu sei. Acabei me descuidando, não se repetirá.

- Ok, eu acredito que não se repetirá, mas terei que lhe dar uma multa por excesso de velocidade e direção perigosa... Sabe que isso lhe custará pontos na carteira, não sabe? – tinha um sorriso sacana nos lábios.

“Affe, me dá logo o inferno da multa e me deixa ir embora!”

- Sei sim! E vou arcar com as conseqüências...

- Bom, tem um outro jeito de você arcar com as conseqüências...

“Não to acreditando nisso!”

- Eu prefiro a multa, obrigada – disse em tom severo, fechando a cara.

Depois de mais um pouco de ladainha, o policial me deu a multa e fui para o Seven rezando para Anahí ainda estar lá.

Chegando à porta, vi o carro de dela e pude respirar.

“Graças a Deus, eu te achei!”

Subi as escadas do bar e avistei as meninas.

- Onde ela está?

- No caixa... O que ela veio fazer aqui sem você é o que esta me intrigando... – Maite falou.

- Depois te explico, Mai. Obrigada por ter me avisado.

 Fui para o caixa e vi Anahí e uma mulher morena, alta, segurando em sua cintura. Não gostei da cena e me aproximei das duas.

- Ora, ora quem está aqui! Veio se encontrar com a vaca do passado? – Anahí estava realmente bêbada e pendurada na mulher. – Ou veio procurar outra pessoa pra se divertir?

- Nenhuma das duas coisas. Vim levar você para casa. Cadê as chaves do carro?
- O gato comeu!!! – disse inclinando o corpo, erguendo as sobrancelhas e gargalhando. A morena ao seu lado nada dizia, apenas observava a cena ainda agarrada à cintura de Anahí. – E não está vendo que estou acompanhada?

Olhei para o rosto da morena e para onde sua mão estava pousada. Percebendo minha inquisição a mulher balançou a cabeça de forma negativa e, mais uma vez, respirei aliviada.

- Obrigada por cuidar dela. Eu levo agora – peguei Anahí que se agarrou em meu pescoço.

- Então você é a Dul, né? Olha, ouvi muita coisa sobre você hoje! Apesar do estado dela, você é uma mulher de sorte... Ela te ama. Espero que a Lorena também.

Fiquei meio chocada ao perceber o quanto a morena sabia sobre a minha história e senti meu rosto corar instantaneamente. Apenas balancei a cabeça afirmativamente e fui caminhando com Anahí até onde as meninas estavam.

- Ma, faz um favor, leva o carro da Anahí pra mim?

- Ele tá estragadinho! Maaaaai! Angellllllll! Por que vocês não foram tomar uma comigo, hein? Se bem que vocês são do lado daquela vaca do passado!

Maite levantou e chegou perto do ouvido de Anahí e falou alto o suficiente para que eu ouvisse.

- Na verdade, Any, a gente nem gosta tanto dela... – piscou para Anahí e esbarrou no meu olhar de reprovação.

- Bom, vou levar ela pra minha casa. O pai dela chegou e acho que não seria muito legal ela chegar assim lá.

Despedi-me das meninas e levei Anahí para meu carro.

Coloquei-a no banco da frente e prendi o cinto de segurança enquanto tentava passar meu sermão.

- Você me deixou preocupada, sabia?

- E você me deixou magoada, sabia? – seu tom era irônico e a voz estava arrastada por causa da bebida.

- Não teremos essa conversa com você bêbada!

Dei a volta, entrei no carro e arranquei.

- Por que você sempre foge, hein? Por que sempre usa desculpas evasivas?

- Eu não uso desculpas evasivas.

- Usa, sim... Qual o problema? Eu não sou tão gostosa quanto ela? Ou é porque ela sabe como fazer tudo direitinho na cama e eu não sei?

Fiquei calada.

- Tá vendo? Mais uma resposta evasiva!

Não pude deixar de rir... Não havia dito nada. Passado o susto, a situação havia se tornado engraçada. Nunca havia visto Anahí bêbada. Tonta, algumas vezes, mas não nesse estado.

- Sabe qual o seu problema? Você não deixa mulher nenhuma se aproximar! Você fica se escondendo da gente, e quando nos aproximamos o suficiente para despertar algum sentimento novo, você afasta! Mas daí vem a vaca do passado e como você já sabe como vai ser, entrega tudo de bandeja pra ela. Mas você não vai ser feliz com ela... Vai chegar uma hora que vai cansar da mesmice. Como comida requentada... Nunca tem o mesmo gosto.

- Ahhhh... Você vira psicóloga quando bebe, né? – sorri lembrando-me da teoria da Angel, que, todas as pessoas, quando bêbadas, adquirem uma nova profissão.

- Não... E quer saber, a morena bonita tem razão!

- E no que ela tem razão, hein?

Chegamos ao estacionamento do prédio. Desci do carro, tirei o cinto de Anahí e a puxei para fora. Novamente ela se agarrou em meu pescoço, colocando seu rosto entre meu cabelo e a pele, fazendo com que meus pelos ficasse eriçados.

- Ela tinha razão quando disse que eu tinha que conquistar você... – roçou o nariz pelo meu pescoço e mordeu suavemente. – Mas não sei se posso fazer isso - olhou fundo em meus olhos ao dizer a ultima frase.

Senti meu corpo estremecer com o olhar, mas na mesma hora me lembrei que ela estava bêbada.

Chegamos à porta de meu apartamento. Abri com um pouco de dificuldade, pois Anahí não havia soltado nem um segundo meu pescoço.

- Vem, dona Anahí, você precisa de um banho.

- Você vai me dar banho? – olhou-me com um sorriso safado.

- Sim, eu vou te jogar debaixo da água fria e te deixar congelar pra ver se você melhora desse porre!

- Não estou de porre! – fez bico.

Joguei as chaves no sofá e levei Anahí a para o banheiro.

- Tira a roupa que eu vou pegar uma toalha para você.

Fui para o quarto pegar a toalha e quando voltei até o banheiro, ela ainda estava vestida, sentada no vaso.

- Você ainda está vestida???

- Tira pra mim? Não consigo descer o zíper... – olhei com uma cara de desconfiança para ela. – Ei, é sério...

Abaixei o zíper de sua blusa, sentindo seu olhar sobre mim, devorador. Tentei disfarçar que não estava presa nele para que a situação não ficasse ainda mais difícil para mim.

“Espero que você não beba mais vezes... não sei se me controlo nas outras!”

Tirei a blusa que estava por baixo, sentindo meu coração aos pulos ao ver aquela pele suave e convidativa ao toque.  Desabotoei o sutiã com dificuldades. A respiração trancada. Desci a calça de moletom sentindo cada movimento meu acompanhando pelo olhar de Anahí.

- Pronto, agora pro banho!

- Faltou uma... Vou tomar banho de calcinha?

- Não dificulta, Anahí... Essa você consegue tirar! – falei próxima da porta, me afastando.

Ao tentar se abaixar, Anahí desequilibrou. Com uma agilidade que não sabia que tinha, segurei seu corpo, evitando que caísse. Acabei encostada na parede, com o corpo de Anahí apertado contra o meu. Seu olhar faminto parecia não se importar com a quase queda e o meu, correspondia involuntariamente.

Senti os lábios de Anahí se aproximarem lentamente dos meus, seu hálito, sua respiração... Controlei todos os meus músculos fazendo uma extrema força psicológica.

Troquei de posição com ela, deixando-a encostada na parede e ficando a uma distancia segura dela.

- Tá, tudo bem... Eu tiro!

Ajoelhei, puxei a peça até o tornozelo.

- Banho! – disse saindo e fechando a porta. Encostei-me a ela e recobrei o fôlego e as forças.