Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

Aiii! Tá gelada! – reclamei entrando embaixo do
chuveiro.



Tentei manter minha cabeça concentrada em ficar em pé, enquanto meu pensamento
oscilava entre “Por que ela foi atrás de mim?” e “Que sono!”.



Sai do banho, enrolei na toalha e fui para o quarto de Dul. Joguei-me na cama e
alguns segundos depois ela entrou no quarto.



Olhava para mim de forma zombeteira, mas tentava se manter séria.


- Melhor? – estava parada na porta.


- Estou com sono... E meu estômago tá ruim...


- Vou pegar umas roupas para você poder dormir.



- Uhum...



Não vi mais nada. Acordei vestida e sentindo uma extrema dificuldade de abrir
os olhos. Tentei levantar a cabeça e uma pontada forte fez com que eu me desse
conta de que não era possível. “Ressaca! Droga, pra que tanta luz?”



Desisti de me movimentar. Tampei a cabeça com a coberta, fugindo dos feixes de
claridade e fiquei imóvel.


Apesar da bebedeira na noite anterior, me lembrava de todos os fatos e isso
fazia com que me sentisse constrangida. “Affe, Anahí... Se você ainda não tinha
visto a beirada do abismo, saiba que você está quase lá!”
Fiquei mais algum tempo relembrando dos acontecimentos do dia anterior. Vez ou
outra ouvia os passos de Dul entrando no quarto, mas me mantive imóvel em todas
elas. Acabei cochilando novamente e acordei mais tarde com alguém tirando o
cobertor da minha cabeça.


- Gente, quanto ela bebeu? – não reconheci a voz, ainda estava sonolenta.


- Não sei, mas ela estava tão soltinha ontem que acho que deve ter sido um
balde! – Uma segunda voz acompanhada de risos.



- Já são quase quatro e ela ainda está dormindo!



- Por falar em horas, vou encontrar com o Henzo. Ele disse que tem mais algumas
novidades sobre o nosso querido objeto de estudo. Me busca depois, amor?



- Busco! Juízo, hein?



Ouvi o estalar de um beijo e a porta se fechar. Aos poucos havia me dado conta
de que as vozes eram de Maite e Angel.



- Ah, eu vou te acordar!



Antes que Maite começasse a me sacudir e eu sentisse a terrível pontada na
cabeça novamente, falei.



- Já estou acordada...



- Olá, alcoólatra favorita! – Maite me olhava com uma expressão divertida,
sentada na beirada da cama.



- Oi, Maite... – meu corpo todo doía e minha cabeça principalmente. Parecia
que um caminhão havia passado por cima de mim. “Foram apenas quatro copos! Não
deveria estar assim! E o que a Maite está fazendo aqui? Será que eu estou na
casa dela?” – Não me diga que estou na sua casa e não sei? – perguntei me
ajeitando na cama.



Uma gargalhada sonora invadiu meus ouvidos gerando mais uma pontada na cabeça e
uma vergonha gigante.



- Não, Any, você não está na minha casa. Estamos na casa da Dul... Ela é que
não está aqui.



- Onde ela foi?



- Na farmácia.



- Acho que eu vou embora antes dela chegar... – fiz menção de levantar, mas
Maite segurou meu braço.



- Não, senhora! Vai ficar ai! Ela disse pra eu não te deixar ir embora até que
ela voltasse...



- Ah, acho melhor não! Ela vai me passar um sermão enorme e depois, não quero
conversar sobre os acontecimentos de ontem – baixei o olhar, como se houvesse
algo muito interessante na coberta.



- Olha, Any, eu não gosto de me envolver... Mas eu acho que você deveria ter
calma... Um pouquinho de paciência com a Dul.



- Não sei por que, eu sempre achei que quem precisaria de paciência com alguém
deveria ser a Dul comigo! Não era assim que as coisas deveriam ser? Afinal de
contas, a hétero aqui sou eu!



Mais uma sonora gargalhada de Maite.



- Meu bem, esqueça a palavra “hétero”! A Dul está passando por um momento
delicado... A Lorena foi muito importante e agora a Dul vê a chance de entender
e de reviver o passado. Com a Lorena as coisas não precisam acontecer, já
aconteceram. Não existem surpresas nem empecilhos mais.



- Sim, ela me disse que as coisas com a Lorena eram mais fáceis... Que não
teria que esperar a Lorena se decidir ou enfrentar o mundo por ela.



- Exatamente... Com você, ela precisaria passar por toda aquela burocracia
fraternal e psicológica.



- Hum, eu também acho que essa eu perdi. Quem sabe ela não vá ser feliz, né?



- Não foi isso que eu disse... Eu só quero que você entenda que nem tudo que é
fácil é o que faz feliz. Não acho que... – naquele momento, o barulho da porta
juntamente com passos fez com que Maite interrompesse a frase ao meio. – A Dul
chegou – abriu um sorriso e piscou. Levantou-se e foi para fora do quarto.



Passei algum tempo pensando no que Maite havia dito, mas não conseguia
entender o significado daquilo. Estava cansada de pensar, de queimar o cérebro
sobre os objetivos e motivos de Dul para estar com aquela menina.



Minha cabeça latejava. Aninhei novamente na cama, agarrando o travesseiro ao
lado.



Aspirei o cheiro. “Dul... Já que você não está aqui comigo, pelo menos seu
travesseiro faz as honras. Não veio nem ver se eu havia acordado bem... Muito
bom! Continue assim... Só vai me magoar mais.”. Adormeci novamente.