Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

- Desculpa, Dulcinha! Eu fiquei sem ação... Não soube o que fazer – Lorena tentava se desculpar enquanto eu entrava no carro.

- Esquece isso, Lorena. Tudo bem – disse procurando o celular nervosamente. – Droga, cadê a porcaria do celular?!? Preciso ligar pra Anahí.

- Por quê? Pra quê? – disse afetada.

- Porque ela está correndo perigo! Ele a ameaçou com todas as palavras, você não ouviu?

- Desculpa...

- Esquece... Achei.

Peguei o celular e com dificuldade, pois minhas mãos tremiam, achei o número de Anahí na agenda.

Chamava e ninguém atendia… Liguei uma… Duas… Três e nada.

- Meu Deus, onde ela se enfiou!!! – já estava ficando desesperada quando ouvi o celular tocar.

- Anahí, por que não atendeu? – disse quase aos gritos.

- Calma!!! Eu não atendi porque estava no banho, satisfeita?!

- Desculpa, estou nervosa – disse respirando fundo. – Seu pai está ai?

- Está sim, por quê?

- Olha, fica em casa, tá? Não sai daí, ok?

- Por que, Dulce? Você está me assustando... O que aconteceu?

- Não, nada... Só fica ai – disse dando partida no carro. - Eu vou passar ai daqui a pouco e te explico tudo. Mas me promete que vai ficar em casa?

- Tá,Dulce. Eu fico em casa... Mas você vai ter que me explicar exatamente o que está acontecendo!

- Eu explico. Tchau.

- Você vai para casa da Anahí? – Lorena perguntou com uma voz triste, que me deixou sentida pela forma ríspida com que havia falado com ela.

- Vou... Preciso falar com ela o que aconteceu hoje e precisamos tomar alguma atitude definitiva! – peguei o celular novamente, alternando o olhar para o trânsito e para a tela do aparelho.

- Dul, melhor encostar para ligar...
Ignorei o que Lorena falava. No outro lado da linha um “alô” conhecido.

- Mai, a Angel está com você?

- Tá... Pera ai – ouvi Maite gritar Angel. – Fala comigo, Dul! Olha, tenho umas quentes aqui pra você, viu!?

- Angel, preciso de um favor. Junta tudo o que você tiver sobre o Ricardo, pega o seu material de pesquisa que eu estou passando ai daqui a vinte minutos.

- Tá bom, mas... Aconteceu alguma coisa que eu deva saber?

- Aconteceu... Acabo de ter um encontro nada amistoso com o Ricardo. E novamente ele ameaçou a mim e a Anahí.

- Não precisa dizer mais nada! Já estou te esperando na porta!

Desliguei o celular e peguei o primeiro retorno para a casa de Lorena.

- Loh, vamos ter que adiar o sorvete... Sinto muito...

- Tudo bem... Eu entendo. Dul... Me desculpa mesmo.

- Não esquenta. Você não tinha o que fazer mesmo! – disse pousando minha mão em sua perna. O resto do caminho ficamos em silêncio. Estava pensando no que faríamos e como faríamos. E a preocupação com Anahí me corroia o coração.

Deixei Lorena em casa e fui direto para casa de Maite.

Chegando lá, realmente, elas estavam esperando já.

- Então, como foi o encontro com nosso abominável crápula aterrorizador de mulheres indefesas? – Angel foi logo perguntando enquanto entrava no carro com o notebook e um mundo de papéis.

- Péssimo. Ele sabe que estamos investigando a vida dele...

- Como? – Maite e Angel disseram e uníssono.

- Bom... Ai é que está. NÃO SEI! Mas ele disse que sabia. Perguntou se nós achávamos que poderíamos vasculhar a vida dele e ele não ficaria sabendo.

- Eu ainda não sei como... Mas posso tentar descobrir! Não é possível que... Será?

- O quê?

- Bom... Não é possível... Não ele... Não...

- Angel! Fala logo! – Maite interveio antes que eu o fizesse.

- Tipo... Não acredito que ele tenha tido essa capacidade, mas... Ele pode ter rastreado o vírus... Mas isso é quase impossível. Ele não entende de informática, entende?

- Não... Que eu saiba não. Mas ele pode ter contratado alguém, não?

- Hum, é possível... Mas isso demandaria tempo... E... Ele tem capacidade mental pra pensar uma coisa dessas?

- Amor... Tem pessoas nesse mundo que a maldade faz com que criem neurônios! Estamos indo pra onde?

- Para casa da Anahí. Precisamos fazer algo com esse “dossiê”. Ele deixou bem claro que vai fazer algo com a Any... Tenho medo.

- Hum... – Maite resmungou com um olhar bem conhecido e um risinho no canto dos lábios.

- Que foi?

- Nada... – seu olhar era sarcástico. Logo entendi o que queria dizer.

- Pára, Maite! Nada a ver! Eu só me preocupo com ela... Só isso...

- Dulce, quem você quer enganar? – foi a vez de Angel se manifestar sobre o assunto. – Está mais que na cara que você e a Anahí estão apaixonadas. Só as faíscas que espirram na gente quando vocês se olham já é o suficiente pra saber isso! Mas agora temos mesmo é que concentrar em como entregar ele pra polícia. Não aceitarão isso como prova. … ilegal o que estamos fazendo!

- Eu sei, eu sei... Preciso pensar...

- Olha, sabe aquelas mulheres?

- As da lista? – Angel fez que sim com a cabeça. – Sei...

- Eu joguei o nome delas no banco da polícia...
Nesse momento entrei no condomínio de Anahí. Ela já havia autorizado a minha entrada e não precisei ficar esperando a boa vontade do porteiro interfonar.

Bati na porta e o pai de Anahí abriu.

- Oi, Senhor Diego. O senhor poderia chamar a Anahí pra mim?

- Oi, Dul. Vocês não querem entrar não? Ela está no quarto – falou olhando e sorrindo para as meninas e a quantidade de bagulho que elas carregavam. – Mas não precisa de me chamar de “senhor”, tá bom? – disse ajudando a Ana que, sempre desajeitada, estava abraçada com o note e um monte de folhas embaixo dos braços.

Esperei que as meninas entrassem e passei. O pai de Anahí fechou a porta depois que passei e, assim que levantei o olhar, encontrei o de Anahí.

Ficamos nos olhando. Eu estagnada na porta, sem saber o que fazer e ela parada, com um olhar indecifrável.

- As faíscas, as faíscas! – Angel disse baixo, fazendo movimentos circulares com os indicadores voltados para cima.

- Vocês não vão pra faculdade hoje? – perguntou senhor Diego, que agora não era mais senhor.

- Não. Hoje não tem aula, papai... Vamos finalizar um trabalho aqui em casa – Anahí respondeu sem desviar o olhar do meu.

- Então teremos convidadas para o jantar! – falou enquanto se afastava para a cozinha.

Ao perceber que o pai de Anahí havia se afastado o suficiente, corri para o abraço dela. Havia uma segurança estranha ali que eu precisava.

Soltei o ar e apertei o corpo de Anahí contra o meu.

- O que houve, minha linda? – suas mãos afagavam meu cabelo.

- O Ricardo, Any... Ele sabe que estamos investigando a vida dele... E ele disse que vai acabar com a gente se continuarmos. Eu... Eu fiquei com medo que ele fizesse algo contigo hoje, por isso pedi pra que não saísse de casa.

- Tá tudo bem... Eu não saí, tá? Você está bem? Ele te machucou?

- Não... Eu to bem... Ele só ameaçou mesmo.

- Ahan-han... Não sei se perceberam, mas... Estamos aqui! E chamuscadas pelas faíscas! – Angel falava enquanto Maite ria.

- Quais faíscas? – Any me perguntou com o olhar confuso

- Idiotice delas. Liga não!

-Então tá... Vem, Angel e Maite, vamos lá pro quarto. Melhor conversarmos lá – me puxou pela mão e as meninas foram nos seguindo.
Angel se espalhou pelo chão do quarto enquanto Maite estava sentada na cama com Anahí e eu me acomodei na poltrona.

- Angel, estive pensando na relação que aquelas mulheres têm com Ricardo. E com aqueles documentos, e quantias em dinheiro tudo aquilo...

- Eu também. E já adiantei o processo! Pesquisei o nome delas nos registros policiais. A maioria está constando como desaparecidas. E são todas do interior.

- Como assim? – Any indagou.

- Seguinte... Essas mulheres estão desaparecidas. Longe das famílias... Quem sabe até mortas!!!

- Angel! – Maite levantou o tom de voz fazendo uma cara feia para a namorada.

- O que será que aconteceu com elas?... – indaguei.

O silêncio pairou por alguns instantes. Instantes intermináveis, diga-se de passagem.

- Poderíamos checar com algumas dessas famílias... – Anahí disse. – Mas é loucura... Esquece.

- Não! Poderíamos sim! – disse com uma idéia brotando na mente.