Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Anahí

- A Dul ficou chateada com você – papai disse
assim que entrei.



- Ah, e quantas vezes eu fiquei chateada com ela, hein? – disse meio mal
humorada, mas me arrependi logo depois de ver o olhar de insatisfação de papai.
– Desculpa! Acontece que ela não pode cobrar nada de mim, papai! Nada...



- Mas não é cobrança, filha... Isso se trata de educação, Any. Não se deve
deixar as visitas e ir fazer outras coisas. Você poderia ter chamado o Poncho
para entrar.



- Não... Preferi conversar com ele lá fora mesmo. Seria mais fácil e a Dul
ficaria menos incomodada, te garanto.



- Se você diz... – ligou a TV e desviou a atenção. – Ela é uma boa pessoa.



- Pronto, ela conquistou mais um da família! – gargalhamos. Um silêncio pairou
no ar sendo interrompido apenas pelo barulho vindo do canal de esportes. –
Papai...



- Hum...



- Nós terminamos.



Seu olhar desviou da TV e pareceu interrogativo, buscando respostas no meu.
Levantou-se e sentou do meu lado.



- Então é mais sério do que eu pensava. Você contou os motivos do fim?



- Não. Na verdade, ele deduziu. Vimos a Dul passar e ela mal falou comigo... E
quando eu disse meus motivos, acabou ligando os pontos. Ainda mais que ele já
havia me visto muitas vezes nervosa por causa das coisas com a Dul, apesar de
não saber que era por causa dela... Ele conhece a Lorena e viu as duas trocarem
um beijo na porta do trabalho – balancei a cabeça.



- E você terminou com ele por qual motivo? Por causa da Dulce ou por que você
não o ama?



- Uma coisa está ligada a outra, papai. Eu não posso ficar com ela se não tiver
decidido o que eu realmente quero. E eu realmente não o amo. Não posso ficar
com ele por comodismo, como vem acontecendo. Posso não ficar com ela, mas não
posso me privar de outras pessoas, nem posso privar ele de outras pessoas.
Estou sendo muito egoísta?



- Sim e não. … egoísta do ponto de vista que você está pensando primeiro no seu
sentimento do que no dele e não porque, embora em segundo plano, a atitude foi
tomada visto que você não quer magoá-lo e não pode oferecer o que outras
pessoas provavelmente possam. E você vai contar para ela?



- Não. Não sei se vale à pena, papai. Ela gosta da Lorena e eu... Eu decidi um
pouco tarde – sorri triste e abaixei o olhar. – Ah, vamos viajar. Ficaremos
fora por alguns dias.



- Como assim?



- …... Tem um trabalho da faculdade onde devemos observar a arquitetura e
estrutura de cidades do interior. Ficamos com a região nordeste. Vamos viajar
depois de amanhã.



- E ficar quantos dias fora? Poxa, achei que iria curtir minha filhinha! – me
apertou em seus braços.



- Não sei ao certo quanto tempo, mas não devemos demorar muito. Só o tempo de
fazer o trabalho mesmo. Povo doido esse da facul. – me fiz de desentendida. Não
gostava de mentira para meu pai, mas não queria que ele soubesse os reais
motivos da nossa viagem.



- Você e a Dul que vão? Só vocês?



- Não. Vão mais algumas pessoas, mas como é uma excursão independente, vamos só nós. Ir com mais gente é chato! Não podemos parar muito, nem ouvir som alto,
nem nada disso! E eu e a Dul estamos acostumamos com o jeito uma da outra.



- E como você se sente tendo que passar muito tempo do lado dela?



- Não sei. Ao mesmo tempo em que sinto esperança minha cabeça me diz que é
bobagem. Prefiro não pensar nisso, apesar de estar feliz em passar um tempinho
com ela – sorri torto.



Papai se levantou, beijou minha cabeça e afagou meus cabelos. Olhei fundo em
seus olhos e havia um brilho diferente neles. Um olhar meio misterioso.



- Ah, meu amor... A vida costuma nos reservar grandes surpresas! Boa noite!
Dorme bem – deu uma piscadela e saiu.



Fiquei durante um longo tempo com a TV ligada, sem prestar atenção em nada
exatamente.



“Grandes surpresas... acho que não, papai. O máximo de surpresa que poderia me
reservar é me desiludir totalmente de ter a Dul. Que mulher difícil!!! Às vezes
parece querer o mesmo, às vezes parece fugir de tudo, se afastar! Hoje estava
tão frágil, tão minha... mas quando foi embora estava tão da outra. Não consigo
entender e não sei mais se vou conseguir. Gostaria que essa viagem mostrasse o
quanto tudo pode ser diferente do que ela supõe, mas me dói saber que não vai
ser assim. Que as coisas não são como eu quero.”.



Me perdi entre pensamentos ate adormecer no sofá.



Acordei na cama e com o pescoço completamente dolorido. Me tomei banho, me
vesti e fui para a faculdade.



A conversa com o coordenador foi rápida. Tanto eu quanto Dul tínhamos boas
notas e precisávamos de pouquíssimos pontos para terminar o semestre. Como a
única desculpa que havia pensado era a do casamento, não hesitei em usá-la. O
coordenador concordou em aplicar um trabalho, mas que teríamos que ser
extremamente pontuais e que seria rigorosamente avaliado.



Enviei uma mensagem para Dul dizendo que a faculdade já estava resolvida e
voltei para casa. Precisava preparar minha bagagem e fiquei de pegar o restante
da papelada com as meninas. Dul não poderia ir. “Provavelmente porque vai
encontrar a namoradinha...” Suspirei.



Pouco depois das quatro da tarde, sai de casa para encontrar com Maite e Angel.no shopping próximo ao centro.