Fanfic: Entre Acasos -Portiñón- (Finalizada) | Tema: portinõn

Dulce

Havia me esquecido completamente de ligar para Lorena. Minha raiva pela atitude de Anahí tinha acabado me deixando sem cabeça para os outros pensamentos e deixado minha memória ainda mais escassa.

Tinha muitas coisas para resolver. Precisava arrumar a mala, levar dois materiais para a impressão na gráfica e deixar um bilhete na casa de Renata para que ela pegasse as impressões. Também precisava avisar a Lorena que iria viajar. Ainda não sabia como iria falar com ela que viajaria com a Anahí. Embora Lorena não fosse uma mulher controladora, era ciumenta. Provavelmente se queixaria da viagem, mas eu não tinha escolha. Precisava ir.

Resolvi todas as coisas e fui buscar Lorena no trabalho.

Cheguei alguns minutos adiantada. Quando a vi vindo em minha direção, percebi que a cara não era das melhores! “Paciência... Eu deveria ter ligado, mas esqueci.”.

- Oi, Loh! – disse beijando seu rosto e abraçando.

- Oi – retribuiu friamente.

- Vamos ao cinema? – queria uma forma de contornar o clima ruim e criar outro propicio ao que eu precisava dizer.

- Acho melhor não... Estou cansada.

- Ah... Desculpe não ter ligado ontem... Cheguei em casa cansada e acabei dormindo.

- Tudo bem, Dulce. Tu se divertiu ontem? – “Ah, a ironia... Sabia que não tardaria a aparecer!”

- Na verdade não. Por favor, vamos ao cine?! Não vai fazer mal!!! – disse pegando suas mãos e fazendo cara de abandono. – Você descansa assistindo uma animação... Comendo pipoca... Chocolate... Hein, hein, estreitou os olhos para logo depois soltar um sorriso.

- Tudo bem... Eu não resisto a animações e chocolate! – disse fazendo ar de desprezo para mim e entrando no carro

- Uhum... Confessa, você não resiste a minha carinha!!! Nem consegue me negar a sua companhia! Vai confessa, eu quero ouvir! – brinquei.

Fomos o caminho todo conversando sobre como havia sido o dia dela ou sobre a conversa com Anahí ontem. Tomei o maior cuidado para não esbarrar no assunto da viagem. Ainda não era hora.

Meu ânimo não era dos mais altos, mas não queria demonstrar minha chateação para Loh. Cada segundo eu pensava mais em Anahí e em alguns flashes dela e Poncho juntos. “Nem se parecem um casal!”, repetia a cada imagem que se projetava na minha mente. Mesmo me esforçando para espantar essas coisas, parecia que minha mente já estava decidida a me atormentar com isso.

Durante todo o tempo que fiquei com Lorena, me via instintivamente comparando as atitudes dela com as de Anahí, os assuntos, as brincadeiras, as manias. Lorena gostava de falar de trabalho, sobre as coisas que havia acontecido no escritório e o modo como tinha conseguido contornar, sobre os novos projetos que a empresa estava planejando e quem ela teve vontade de matar . Anahí falava sobre os clipes bizarros que havia visto, sobre o modo absurdo como os telejornais exploravam a morte dos outros – o que sempre me arrancava várias gargalhadas – fora as piadas idiotas e repetidas que ela sempre contava e que eu ainda conseguia rir!

Comparei os pedidos que sempre fazia com Anahí. Por ela comeríamos um pouco de cada coisa na praça de alimentação! Mas tinha que ter batata frita! Se fossemos ao shopping e não tivesse batata frita, não teríamos ido ao shopping! E quando não era refrigerante, era alguma coisa alcoólica. Dependia do pedido. Lorena já preferia coisas leves, saladas, e coisas do gênero. Às vezes comíamos pizza porque ela sabia que eu era fanática. Sempre acompanhado de suco, geralmente de laranja.

Durante o filme, forcei minha mente a se desligar dessas comparações absurdas que vinha fazendo e dar a atenção que Lorena estava reclamando desde que nos sentamos na praça de alimentação.

Assistimos a uma comédia (não tinha nenhuma animação em cartaz) entre beijos e carinhos e a levei em casa.

- Sobe? – perguntou enquanto eu estacionava em frente ao seu prédio. Fiquei tentada a recusar o convite. Sabia exatamente no que isso implicava, mas eu ainda não tinha falado com ela sobre a viagem.

- Subo! – Lorena abriu um sorriso largo que acabou fazendo com que eu me sentisse mal.

Sentei-me no sofá e Lorena logo sentou em meu colo, tomando meus lábios em um beijo urgente e explorador. Correspondi, tentando manter a mesma intensidade, porem, não queria adiar o que precisava contar. Não achava justo com ela nem comigo ter que falar algo que não seria agradável para ela depois de fazermos amor.

- Loh... Preciso conversar algo contigo.

Sentou-se do meu lado, um olhar meio assustado e inquisidor me sondava.

- Ihhh, conheço esse tom de voz! Lá vem notícia ruim... E muito ruim pelo jeito. O que aconteceu, Dulcinha ? Aliás... O que está acontecendo? Te achei distante a noite inteira!

- Loh, é o seguinte... Vou ter que viajar por alguns dias... Precisamos ver algumas das famílias das pessoas que desapareceram. Temos que arrumar um jeito de colocar o Ricardo atrás das grades!

- “Precisamos”? Quem vai nessa viagem? Angel e Maite?

- Não... A Anahí e eu.

Sua expressão mudou de preocupada para sarcástica.

- Ah... Que legal!

- Não, Loh! Nós precisamos mesmo ir lá!

- Tudo bem, Dulce! Já entendi – se levantou bruscamente do sofá e foi andando em direção a cozinha.

- Ei, não faz assim! … só uma viagem! – corri até ela e a abracei por trás, impedindo que ela saísse do cômodo.

- Como não, Dul? Tu vai viajar com a guria que é apaixonada por ti, com quem tu já transou e ainda sente uma visível atração! Quer que eu me sinta como?

- Lorena, eu não estou indo viajar com ela pra me divertir! Tenta entender! Não podemos viver nessa tensão que estamos vivendo!

Nesse momento ela se desvencilhou dos meus braços e se virou para mim. Tocou meu rosto levemente e sorriu. Um sorriso visivelmente chateado.

- Já percebeu como tu sempre diz no plural quando se trata dela? Tu está assumindo um problema que não era teu, Dul, e por quê?

- Ela é minha amiga, Lorena! – controlei ao máximo para não exaltar a voz. – Eu não vou deixar ela se estrepar inteira e não fazer nada! E agora que eu já estou envolvida até o pescoço, vou até o fim. Preciso ir, Loh... Por favor, entenda!

- Entendo... Entendo que seja tua amiga, mas isso não significa que eu goste! Eu não gosto! Não gosto do fato de vocês estarem sozinhas sabe-se-lá onde e fazendo sabe-se-lá o quê!

- Lorena! Deixa de ser neurótica! O fato de eu ir viajar com ela não significa que eu vá fazer algo com ela! – minha voz saiu exaltada. Passei a mão pela testa, afastando a franja e bufando.

Longos segundos de silêncio se seguiram. Lorena olhava para o chão e eu para seu rosto.

- Desculpe... Eu só não quero te perder de novo, Dulcinha! – abraçou-me apertado. – E ela representa um risco pra mim.

- Ei, esquece isso, tá? Pelo menos por agora – a beijei com carinho.

- Fica comigo hoje? – falou enquanto beijava meu pescoço, as mãos passeando pelas minhas costas.

- Fico... – falei num suspiro, meu corpo estremecendo ao sentir as mãos de Lorena em meus seios.

Suas mãos já desciam para os botões de minha calça, seus lábios deslizando pela minha orelha, pescoço e ombros, arrancando suspiros e deixando minha respiração cada vez mais difícil. As caricias se tornaram mais urgentes, e a necessidade que um corpo tinha do outro era explicita nos olhares, gemidos e sussurros. Lorena tirou minha blusa e o sutiã, sua boca se apossou de meus seios. Gemi ao sentir o calor de seus lábios. O corpo de Lorena empurrou o meu contra a parede, fazendo com que o contado de nossos corpos se estreitasse mais aindaSe ntindo a mão de Lorena entrar facilmente em minha calça e arrancar mais gemidos. Lorena exibia um sorriso safado, que se tornava cada vez mais devorador a cada movimento que meu corpo fazia naturalmente em sua mão, procurando aumentar o contato, me rendendo cada vez mais às caricias.

- Ela não irá te dar tudo o que eu consigo – sussurrou em meu ouvido.

Instantaneamente pensei em Anahí. Especificamente no seu jeito bobo de sorrir... Acabou acontecendo algo que nunca imaginei que fosse acontecer. Perdi totalmente a vontade e a excitação.