Fanfic: A dama da noite {DyC} [terminada]

CAPÍTULO 9

A chuva batia contra as janelas à noite pela intensidade da tempestade. Dulce acordou e sentou-se na cama. Um galho de árvore bateu na quina do telhado e ela estremeceu, sabendo que no dia seguinte provavelmente haveria telhas no jardim. Uma despesa nada bem-vinda.

Um som agudo de tilintar veio lá debaixo.

— Ah, não, uma janela, não.

Ela tentou alcançar o abajur e franziu a testa. A luz tinha acabado! Pulou da cama e desceu para investigar, parando apenas para pegar uma lanterna na mesa do corredor.

O fino feixe da lanterna iluminava muito pouco, não havia como se estender no escuro. Meio abaixada, ela ouviu uma pancada forte, seguida de um gemido de dor.

— Ah não! Tia Witty! Tia Rosie!

Quando entrou no quarto de tia Rosie e a viu sentada no meio da cama com uma expressão assustada e entorpecida, respirou rapidamente aliviada.

— Tia Rosie... a senhora está bem?

As bochechas dela tremiam:

Acho que Willy caiu — ela disse, e começou a engatinhar na cama.

Não se mova. Estamos sem luz e não quero que a senhora caia também. Fique aqui. Por favor! Já volto.

Ela correu pelo corredor usando a lanterna para guiar seu caminho, quando viu Wilhemina esticada no chão, com o tornozelo emaranhado no lençol caído ao lado da cama e um fio de sangue escorrendo por sua testa.

Dulce ajoelhou-se ao lado da senhora, procurando medir a pulsação. Estava pulsando! Pouco... mas estava.

Ah, tia Witty, por favor, fale comigo.

Dulce?

A voz era fraca e trêmula, diferente da Wilhemina que conhecia e amava.

E então Rosemary berrou:

— Ela está machucada? Diga que estou indo.

— Não venha — gritou Dulce. — Espere por mim.

Ela correu pelo corredor, com medo de que Rosemary tentasse andar no escuro e sofresse as mesmas conseqüências, e a pegou bem na porta.

Venha comigo. A senhora terá que ficar com tia Witty enquanto peço ajuda. Ela caiu e machucou a cabeça.

Oh, Deus! — Rosemary engasgou e começou a chorar.

Tia Rosie! — A voz de Dulce era tão alta e forte, diferente do tom que tinha, que Rosemary esqueceu que estava chorando.

A senhora não pode desmoronar agora.

Rosemary fungou várias vezes enquanto assimilava as notícias, docemente permitindo que Dulce a conduzisse pelo corredor. Quando elas entraram no quarto. Dulce pegou um travesseiro para tia Rosie sentar e deu a ela uma toalha.

— Pressione sobre o corte. Vou chamar uma ambulância.

Rosemary pegou a toalha e fez o que ela mandou, enquanto Dulce desapareceu no corredor. Pela primeira vez na vida delas, Wilhemina não estava no comando, mas Dulce cuidaria de tudo. Era uma mulher muito capaz.

Wilhemina estremeceu sob as mãos dela.

— Rosemary, é você?

Rosemary apertou a mão magra que se movia sob a sua e continuou a pressionar a toalha no corte da testa da irmã:

— Sim, Willy, sou eu. Agora fique calma, querida. Dulce foi buscar ajuda. Você ficará bem.

Dulce correu para o telefone. Sem eletricidade... sem telefones! Como pediria ajuda?

— Ah, não, não, não — ela murmurou, lutando contra o pânico. A única coisa que podia fazer era sair para pedir ajuda.

Ela subiu novamente, tropeçando duas vezes no escuro. Quando entrou no quarto de novo, Rosemary já tinha se recomposto:

— Willy está falando comigo, querida. Sua cabeça parece não estar sangrando mais, mas ela machucou o tornozelo. A ambulância está a caminho?

Ela respirou fundo, tentando não transpassar o pavor:

— Estamos sem telefone também. Vou me vestir e dirigir até a delegacia do centro. Eles podem pedir ajuda para nós.