Fanfic: A dama da noite {DyC} [terminada]

CAPÍTULO 11

Dulce pairava na janela esperando a chegada de Christopher. Sabia que tia Witty estava chateada por seu interesse nele, mas não sabia como fazer para assegurar a ela que amar Christopher não significava deixar de amá-la.

A noite em que fizeram amor mudou o relacionamento deles para um plano mais alto. Ela não sabia que era possível amar e se apaixonar ao mesmo tempo. Se não contasse a ele logo sobre a farsa, perderia o que ainda tinha.

E então ele chegou e o coração dela caiu no pé quando ela o viu andar na direção da porta. Oh, Deus, ela rezou. Não me deixe perder este homem.

Alguém bateu na porta.

Rosemary se levantou, ajeitando o cabelo e a roupa, enquanto sua bochecha rosava delicadamente:

— É ele!

Dulce sorriu. Se ela não o conhecesse, acharia que Rosemary estava falando de um galã.

— Eu atendo — Dulce falou, e foi rapidamente para a porta, sabendo que se tia Rosie atendesse, ela jamais teria Christopher só para ela.

Wilhemina resmungou enquanto Dulce corria para a porta. Ela se ressentia de Rosemary e Dulce terem se aliado ao inimigo. Sentia-se isolada e abandonada pelas duas pessoas que mais amava. Como podiam depositar tanta importância na aparência de um homem! Elas não sabiam que não se pode confiar em homens?

Quando ele estava prestes a bater novamente, Dulce atendeu.

Por um momento, ela deixou que seus olhos se deliciassem com o sorriso safado dele, seus ombros largos e suas pernas longas. Ela suspirou, lembrando da força dessas pernas envolvendo seu corpo. Em vez de se jogar nos braços dele, ela teve que se contentar com um beijinho que ele deu.

— Olá, Christopher. Estou contente por ter vindo. Você teve algum problema com nosso carro?

O ar ficou preso na garganta quando ele olhou para ela e se lembrou do carro, então sussurrou no ouvido dela:

— Estou contente por estar aqui também. — Então ele falou um pouco mais alto: — Não tive qualquer problema. O carro parece estar funcionando. Vim dirigindo ele.

Rosemary animou-se. O carro estava de volta!

— Que boa notícia! — ela falou, se aproximando do casal.

Christopher captou o brilho nos olhos de Rosemary e notou que era hora de revelar sua idéia. Ele apertou a mão de Dulce e então saudou Wilhemina.

— Srta. Wilhemina, espero que esteja melhor.

Ela gemeu. Se ao menos ele mostrasse um comportamento rude seria mais fácil odiar este homem.

— Obrigada, Christopher. Estou melhor.

Ele sorriu:

— Isso é bom, pois tenho uma proposta que deve ser de seu interesse.

Wilhemina mordeu o lábio, mexendo na saia do vestido para certificar-se de que o tornozelo torcido não estivesse à mostra. Não era decente.

— Eu posso? — ele perguntou, pedindo permissão a Wilhemina para sentar-se ao seu lado.

Ela suspirou e balançou a cabeça assertivamente.

— Agora que Dulce tem um novo carro, fiquei pensando se as senhoras não gostariam de vender o antigo. Com o aumento do tráfego da nova estrada que leva a Savannah e os limites maiores de velocidade, pensei que a senhorita e a Srta. Rosemary não estivessem mais interessadas em dirigir.

Dulce agarrou as mãos nas costas, resistindo à tentação de lançá-las no pescoço de Christopher. Essa foi a saída mais diplomática e querida que ela jamais ouvira uma pessoa dar a outra. Wilhemina e Rosemary receberam uma justificativa mais do que necessária. Só tinham que concordar com o que ele disse. Ela prendeu a respiração, rezando para tia Witty não se opor.

Wilhemina levantou o queixo com raiva. Sabia quais eram os planos dele e certamente não gostava de que lembrassem sua idade. Mas também sabia por pura intervenção divina que Rosemary não se machucara ao fugir com o carro outro dia. E do fato de Christopher tê-la levado para casa. Ela não gostava da idéia de dever algo a um homem por conta do bem-estar de sua irmã. Por isso seu comentário foi grosseiro:

— Se vendermos nosso carro, como você espera que saiamos? Graças a você, está claro que Dulce não ficará conosco para sempre.

Ela se arrependeu assim que falou. O olhar de culpa no rosto de Dulce a machucava, mas era tarde para voltar atrás.

Rosemary engasgou. Foi a primeira vez na vida em que vira Wilhemina agir como egoísta:

— Willy! Dulce tem o direito de viver a própria vida. Ela não tem obrigação de tomar conta da gente e você sabe disso. Você me constrange.

Christopher apertou os olhos enquanto organizava os pensamentos. Sabia o que Wilhemina queria dizer. Isso só provava a teoria dele de que culpa era um fator importante na farsa de Dulce. Ela era cheia de todos os tipos de barreiras que as duas senhoras, sem saber, criaram em seu sistema. Se ela tivesse tido uma vida normal, jamais consideraria a hipótese de esconder sua identidade para conseguir um segundo emprego.

Christopher pegou a mão de Wilhemina e colocou as chaves nela:

— A senhora é quem deve julgar o que é mais apropriado, Srta. Wilhemina. Mas é preciso que saiba de algo. Quando pedi sua permissão para cortejar Dulce, não tive qualquer intenção de tirá-la de vocês. Ao contrário. Eu esperava que se tivesse a sorte de um dia ter Dulce como minha esposa, você e sua irmã viriam como parte do pacote. Eu estava contando em conseguir três mulheres pelo preço de uma.

E quando ele pestanejou brincando, ela ficou vermelha da cabeça aos pés.

Os olhos de Dulce se encheram de lágrimas. Foi a coisa mais encantadora que um homem já dissera sobre ela. Ela caminhou por trás dele e colocou a mão no seu ombro, apertando gentilmente.

Wilhemina caiu numa armadilha, e sabia disso.

Vou pensar sobre a venda do carro. Acho que não conseguiremos muito com ele. É muito velho.

A senhora pode se surpreender. Caso se interesse, fale comigo. Tenho um amigo em Atlanta que restaura carros antigos. Ele pagaria uma nota por um em condições tão boas.

Wilhemina estava intrigada. Não tinha qualquer intenção de dirigir o carro novamente, e se ele fosse vendido, Rosemary não guiaria mais.

Sério? Então você pode dar nosso telefone para ele. Se eu achar justo, pode ser que me interesse.

Sim, senhora — disse Christopher, evitando sorrir. — Se ele ligar, não aceite menos de cinco mil dólares. Ele pagará, se a senhora for firme.

O queixo de Wilhemina caiu:

É mais do que custaria um novo!

Sim. Mas às vezes vale a pena manter coisas com "personalidade", assim como pessoas.

Poderíamos comprar uma lava-louças! — gritou Rosemary. — Eu adoraria ter uma. Você sabe como minha mão delicada é alérgica a sabão.

Wilhemina sorriu.

Não há nada de delicado com você, Rosemary. Talvez seja preguiçosa, mas delicada não.

Não sou preguiçosa — argumentou Rosemary. — Simplesmente opto por viver mais descansadamente do que você, querida. Você devia tentar o mesmo. Faz bem para a digestão.

Dulce interrompeu, antes que a discussão aumentasse e tia Rosie descrevesse a digestão passo a passo.

Enquanto vocês conversam, vou levar Christopher em casa. Já tomamos muito de seu tempo hoje.

Ah, não! — ele disse, sabendo bem como Dulce entenderia suas palavras. — Vocês podem tomar meu tempo à vontade. Sou todo de vocês.

Dulce tentou não enrubescer. Ela sabia muito bem que podia tomar muita parte dele.

E isso me lembra, Dulce — continuou Christopher —, que tenho várias coisas para resolver na cidade hoje, e se fizermos isso antes de você me levar em casa, ficará tarde para você voltar sozinha. Se isso for um problema, por que você não me leva para a fazenda para eu pegar minha picape? Eu volto com você...

Não seja bobo. Você saiu de seu caminho para devolver nosso carro. O mínimo que posso fazer é retribuir o favor. — Ela pegou a bolsa. — Está pronto?

Ele sorriu.

— Sim, Dulce, creio que sim.