Fanfic: A dama da noite {DyC} [terminada]

Anahí olhou para os cachos castanhos avermelhados de Dulce com inveja.

—  Menina, não sei por que você esconde seu belo rosto por trás destes óculos. Tentei pintar meus cabelos dessa cor uma vez e ficou duro como pedra. E esses olhos! Deus tenha misericórdia, você tinha que usar lentes de contato o tempo todo. Acho que nunca conheci alguém com os olhos azuis-esverdeados.

—  Meu pai tinha olhos assim. E uso óculos porque é mais fácil. Tia Witty diz que eles me fazem parecer profissional.

—  Eles escondem seus belos olhos e a fazem parecer dez anos mais velha. Se você tem que usá-los, devia escolher um mais moderno. Vi uma foto...

Dulce sorriu e deixou Anahí falar. Não importava o que dissesse, pois Anahí não esperava uma resposta. Antes de terminarem a conversa, elas chegaram.

O estacionamento estava começando a ficar cheio. A noite seria agitada.

—  Chegamos — disse Anahí.

—  É melhor corrermos. Tony vai dar um ataque se nos atrasarmos.

—  Então, Christopher, o que acha? Se contratar minha produção de amendoim do ano que vem, vai sair na frente. Independentemente da flutuação dos preços na colheita, eu garanto um lucro substancial.

Christopher sorriu. Alfonso Hastings era um ás no mercado.

— Sim, Alfonso, creio que devo ter grande sucesso, a menos que minha plantação não produza e eu tenha que ir a algum lugar e comprar a produção de outra pessoa somente para honrar meu contrato com você.

Alfonso Hastings olhou para o homem sentado do outro lado da mesa.

— Christopher, você sabe que isso não acontecerá. Você é um dos melhores fazendeiros do estado. Você não tem uma plantação que não produz desde que começou a usar calças com zíper!

— Várias vezes cheguei muito perto disso, e você sabe. Mas vou arriscar. Tenho um pressentimento com relação à base de pagamento do governo para este ano e não é bom.

— Está certo — Alfonso sorriu e bateu palmas. — Isso merece comemoração. E já sei onde. Já foi na The Old South?

Christopher olhou para o relógio, calculando o tempo que levariam em uma boate e o tempo que ele teria que dirigir até sua fazenda, fora de Tulip, e decidiu que merecia um descanso.

— Não, mas tenho a sensação de que estou prestes a ser levado para lá.

— Vamos lá, cara, vamos nos divertir.

— Você manda — Christopher retrucou.

Dulce brilhava sob a iluminação. Seu corpo alto e bem-torneado estava envolto com elegância por cetim vermelho cintilante e stretch, ostentando uma saia de rede preta que se mexia para frente e para trás quando andava.

Tentando ignorar o toque matreiro das mãos de um homem em sua coxa enquanto ela corria entre as mesas dos clientes, olhou para baixo de forma penetrante.

— Já o atenderei, senhor.

— Estarei esperando.

Escondendo a vontade de jogar a bandeja cheia de bebidas no colo dele, passou para a mesa seguinte.

Alfonso olhou para cima e assobiou quando ele e Christopher sentaram em um canto escuro da boate.

— Uuuhhhh.

Christopher acompanhou o olhar do amigo e começou a rir quando viu a mulher de vermelho... suas pernas longas... e a bendita saia que balançava... e esqueceu de respirar. Ele observou enquanto ela saía de uma situação desconfortável, atendia a um pedido do chefe e fugia de mãos safadas sem tirar o sorriso do rosto.

Para seu desânimo, o local começou a ficar agitado e ele se apoiou na mesa para voltar ao seu mundo. Seria horrível se desmaiasse sem sequer saber o nome dela. Ele passou do interesse para a lascívia tão rapidamente que se pegou irrequieto na cadeira. Não se sentia tão quente, tão rápido, desde os 16 anos, quando Kissy Beth Syler mergulhou nua na sua frente só por diversão.

— Aquela moça é bonitinha — murmurou Alfonso.

Christopher apertou os olhos. Bonitinha nem sequer começava a descrever sua opinião.

E então Christopher arregalou os olhos quando Alfonso o cutucou por baixo da mesa.

— Ei, ela está vindo nesta direção. Parece que teremos sorte esta noite, amigo. Estamos sentados em uma das mesas que ela serve.

— E vocês, rapazes, o que desejam?

Dulce parou, olhando para um ponto à esquerda dos ombros dos rapazes. Ela não os encarou. Era a forma que tinha de manter o que considerava o anonimato. Mas não precisava se incomodar: estava tão distante de Dulce Saviñon quanto diamantes de carvão.

O rapaz de costas para a parede resmungou algo inaudível, forçando Dulce a olhar. O coração dela deu uma guinada, enquanto o suor brotava em sua nuca.

Os olhares deles congelaram. Christopher olhou dentro de olhos tão verdes que pareciam molhados, e então piscou. Não, talvez eles fossem azuis. Ele podia jurar que vira o céu. Ele observou a pele clara sob a maquiagem. Um vestígio de dentes brancos como pérola foi mostrado quando ela mordeu o lábio inferior e Christopher franziu a testa ao sentir a pressão aumentar.

Dulce murmurou — oh, Deus. Eu sabia que isso podia acontecer. E agora, o que faço? Se ele voltar a Tulip e contar, estou arruinada. Por que ele? E por que agora?

Ali estava ele, o homem de seus sonhos, sentado a menos de um metro, e ela tinha que lutar contra a urgência de sair correndo. Naquele momento, a banda tocou uma música de jazz que tornou impossível ouvir qualquer coisa. Ela se inclinou para frente:

— Desculpe, senhor, mas não ouvi seu pedido. O que o senhor deseja?

Quando ela se aproximou, os dois rapazes tiveram uma visão bem melhor do busto bem apertado ameaçando sair pelo corpete vermelho.

O som diminuiu e Christopher notou que ele tinha uma urgência estranha de deitar aquela mulher na mesa e tirar aquela roupa vermelha... Para sua consternação, ele verbalizou seus pensamentos:

— Desejo? Desejo você! — Oh, Deus. O que foi que eu disse! — Quero dizer, quero que você me desculpe. Alfonso, seu pedido. Eu tenho que... eu preciso... onde é...?

Dulce respirou aliviada. Ele não a reconheceu.