Fanfic: A dama da noite {DyC} [terminada]

— Siga o corredor, primeira porta à esquerda — ela disse, e esperou para anotar o pedido, enquanto Christopher levantou-se e saiu apressadamente da mesa.

Christopher apoiou-se na pia do banheiro, jogando água fria no rosto.

— Que diabos aconteceu comigo?

Mas seu reflexo não respondeu, pois estava tão assustado quanto ele. Apesar de não aparentar estar bem, aquela mulher tinha ótima aparência. Ele voltou para a mesa.

Alfonso colocou um copo de refrigerante em frente a Christopher:

— Você está bem? Pensei que você não precisasse de bebida alcoólica, parecia estar passando mal.

— Estou bem. Não sei o que...

Viu algo rendado e preto pelo canto de seus olhos. Um perfume penetrou em suas narinas. Mesmo com aquela algazarra, mesmo com toda a fumaça, ele podia sentir que ela se aproximava.

Dulce andou por trás dele e colocou um pequeno prato de castanhas na mesa juntamente com as bebidas.

Quando o braço dela entrou em seu campo de visão, ele saltou como se tivesse levado um tiro.

— Desculpe, não queria assustá-lo — disse Dulce, nervosa.

Christopher ficou paralisado, mais uma vez perdido naqueles olhos azuis-esverdeados e naquela nuvem de cachos castanhos que caíam sobre o rosto dela. Se ela mordesse o lábio novamente, ele estaria em apuros.

— Está tudo bem, Srta...? — Alfonso Hastings esperou com um sorriso no rosto, na expectativa de ela completar com seu nome.

— Meu nome é Amber — respondeu. — Desejam mais alguma coisa?

O nome dela é Amber! Christopher pensava, enquanto segurava o braço da mulher:

— Sim.

Ela esperou e esperou mais um pouco enquanto os dedos dele apertaram seu pulso. Ela começou a ficar nervosa novamente. E se ele estivesse começando a...? E então ele gritou no ouvido dela.

— Traga-me uma porção de castanhas.

Dulce o olhou como se ele fosse um extraterrestre e cuidadosamente empurrou a travessa que acabara de colocar na mesa.

Christopher olhou para as castanhas salgadas e marrons e, relutante, soltou o pulso dela.

— Oh... obrigado.

Alfonso virou os olhos. Aquilo estava ficando melhor a cada momento.

— Alguma coisa mais? — Dulce perguntou. Estava quase com medo da resposta.

— Se quisermos, nós gritaremos — disse Alfonso. — E obrigado, Amber. Você é uma boneca.

Christopher enrugou a testa. Não pensava que gostaria do fato de Alfonso elogiar a moça. Ele pegou seu refrigerante e bebeu de um gole só, olhando aquela anca balançando através do copo, enquanto Amber se afastava.

— Antiga namorada? — murmurou Alfonso.

— Quem dera — Christopher respondeu, murmurando de volta, mediante o olhar arregalado do amigo. — Cale a boca, Alfonso. Ainda não assinei o contrato. Se você continuar, posso desistir.

Alfonso grudou os lábios em uma expressão cômica e levantou a travessa de castanhas:

— Vamos lá, Christopher. Coma uma castanha.

CAPITULO 2

Estava quase na hora de fechar e, sem dúvida, aquela tinha sido a noite mais longa da vida de Dulce. O alívio de saber que Christopher Uckermann não a reconhecera a enfraquecia e causava tremores. Foi seu primeiro sufoco desde que começou a vida dupla.

Enquanto contava o dinheiro das gorjetas que tinha guardado na parte de cima de sua roupa, uma voz no ouvido de Dulce fez com que ela saltasse. Sua roupa afrouxou um pouco quando ela rodopiou. De queixo caído, ela segurou o top com uma das mãos e um chumaço de dinheiro com a outra, enquanto Christopher se inclinava e colocava uma nota na cavidade entre os seios dela.

— Você deixou cair — ele explicou, com um sorriso cortês.

— Obrigada — murmurou, virando de costas, ansiosa para que ele não a visse tão de perto.

— Amber...?

O coração dela disparou com a fala mansa, sexy e profunda aos seus ouvidos.

— O quê? — ela respondeu, começando a jogar o dinheiro na bolsa. Tinha que se livrar dele.

— Você sairia comigo? Talvez para jantar, ir ao cinema ou dançar, o que você quiser. Você manda.

Ele esperou ansiosamente a resposta. Por alguma razão ela não parecia estranha, apesar de ele saber que não a vira antes.

Dulce entrou em pânico. Oh, Deus! Ele acaba de me convidar para sair! O que faço? Durante todos esses anos ele ignorou minha existência e agora decide me notar? Logo agora que não posso fazer nada a respeito? Não é justo! E então passou pela cabeça dela que na realidade ele não a estava convidando para sair, mas sim a Amber. Este pensamento foi frustrante e sensato.

E claro, se Dulce fosse honesta com ela mesma, admitiria que sua própria personalidade não tinha nada a ver com a de Amber. Como Dulce, ela não faria nada para atraí-lo, ou a qualquer outro homem. A culpa de Christopher não saber da existência de Dulce não era só dele. Mas, como Amber, ela não tinha que fazer nada para chamar atenção. Seu belo rosto e aquela pequena roupa vermelha eram atraentes o bastante para qualquer homem:

— Não nos conhecemos. Não acho que um encontro seja apropriado.

Christopher não podia acreditar no que ouvia. Ele esperava qualquer resposta de uma garçonete, mas não aquela. Ele se inclinou, um pouco tímido por tocá-la novamente.

— Poderíamos nos conhecer melhor se você topasse sair comigo.

Dulce gemeu. A voz dele era tão convincente quanto o próprio homem. Mas se ele desconfiasse, ela estaria arruinada. Com um suspiro de desânimo, ela olhou para cima:

— Obrigada mesmo assim. Mas não creio que seja uma boa idéia.

Christopher morreu nos olhos dela e foi ressuscitado por seu sorriso.

Mas ela começou a se afastar.

— Isso quer dizer não?

Um outro sorriso suave brotou, no lugar da intenção de manter-se arredia:

— Quer dizer o que eu disse, senhor. Não é uma boa idéia.

— Meu nome é Christopher... Christopher Uckermann. E sou bom em mudar a opinião das pessoas.

Com isso, ele se aproximou e gentilmente prendeu um cachinho perdido que caía no canto do olho dela.

Dulce prendeu a respiração quando o dedo dele tocou sua têmpora. Tinha medo de que ele não parasse e de que ela não conseguisse dizer não novamente.

Christopher tinha necessidade de abraçá-la. Ela parecia estar tão distante, que ele sentiu que medo e insegurança eram as razões daquele comportamento.

— Está certo, você venceu... dessa vez. Mas eu voltarei e precisarei de uma desculpa melhor do que a de hoje. Tudo bem?

Dulce soltou um suspiro quando ele se afastou.

— Oh, querida — Anahí falou, quando já estavam no carro dela — por que você deixou este escapar? Você sabe o que dizem sobre ele, não sabe?

— Ele quem?

Dulce tinha que jogar e fingir que eles acabavam de se conhecer. Não admitiria que passara os últimos oito anos de sua vida transpondo o rosto de Christopher para os heróis de seus romances.

Anahí ficou parada. Aquela mulher a confundia. Sabia muito bem quem Amber era realmente. Também sabia que “Amber” tinha que conhecer Christopher Uckermann. Mas, esse jogo não era seu. Então, em vez de discutir, ela suspirou e apontou.

— Ele... Christopher Uckermann. Ele é um pedaço de homem, e se as histórias sobre ele forem verdadeiras, um amante bem quente também.