Fanfic: A dama da noite {DyC} [terminada]

CAPÍTULO 3

Effie Dettenberg estava no alpendre de sua casa investigando as sombras noturnas. Maurice não estava em casa. Não era estilo dele ficar fora até tão tarde e ela não sabia o que fazer. Se ligasse para a polícia, eles ficariam irritados, assim como ficaram da última vez em que ligou.

Effie vagava pela varanda e pelo quintal, concentrada nos pequenos arbustos que circundavam sua propriedade:

— Aqui, gatinho, gatinho.

E então sua voz tremeu, terminando em um guincho alto, quando olhou para a casa do outro lado da rua. Dulce tinha acabado de sair e estava descalça, em plena vista de Deus e de qualquer pessoa, calçando-se em seguida. O coração de Effie bateu acelerado quando observou a jovem olhar para os dois lados da rua, aflita, antes de sair rapidamente na direção oposta à casa das Saviñon.

Effie engasgou e entrou, sua cabeça rodava enquanto ela corria. Se corresse, teria tempo de...

Sem saber que tinha sido descoberta, Dulce apressava-se pelo beco, ansiosa para encontrar Anahí. Não sabia o que aquela noite reservava, mas ultrapassaria o conteúdo dos seus romances favoritos. Agora, ela vivia seu próprio romance.

E enquanto Dulce estava perdida em sonhos, Effie ajustava o binóculo à sua miopia. Quando ela avistou o beco através de suas lentes de aumento, de repente o mundo ganhou foco. Engasgou, e bateu a cabeça no vidro de um dos quartos.

Dulce Saviñon estava usando um vestido vermelho tão justo que mal podia andar! Effie mordeu o lábio inferior frustrada quando as árvores de magnólias do quintal dos Williams entraram em seu campo de visão.

— Droga — murmurou, tentando ajustar o binóculo para avistar Dulce novamente. — Oh, Deus! — Effie gritou, inclinando-se demais pela janela e deixando o binóculo cair. — Droga de novo! Se não tivesse visto com meus próprios olhos, não acreditaria.

Effie ajeitou os cabelos e desceu para resgatar o binóculo, apesar de saber que ele estava arruinado.

— Mas — ela lembrou, enquanto tentava recuperar o binóculo —, não sei como era realmente a vida dessa menina antes de ela vir viver com Wilhemina e Rosemary. Ouvi dizer que ela cresceu educada de qualquer jeito. Em diversos países, vivendo estilos de vida diferentes, como os pagãos que moram lá. Quem sabe que coisas terríveis há dentro de sua alma? Quem sabe?

Christopher olhou mais uma vez no espelho retrovisor, verificando sua aparência. Nunca ficara tão nervoso com um encontro. Ali estava um homem, quase trinta anos e quase passando mal. Ele fez uma careta e ajeitou o cabelo com as mãos quando o carro de Anahí parou atrás dele.

Ela estava ali! A porta se abriu e ela saiu do velho carro cinza como uma borboleta de um casulo. E, misericórdia, usava o vestido mais justo que vira uma mulher vestir. Ele não sabia se a trancava em algum lugar, para que nenhum outro homem a visse, ou se a colocava na caçamba de seu carro como um ornamento. Orgulho e ciúme se alternavam em grau alarmante. Ele recuperou sua sanidade a tempo de sair do carro e encontrá-la no bar.

Anahí sorriu quando eles se olharam:

— Ei, Amber. Você sabe a que horas eu saio. Se quiser carona, não se atrase.

Christopher não conseguia deixar de olhar para ela:

— Você está linda f

E você também, Dulce pensou, mas tudo o que disse foi "obrigada".

Ele nem de longe parecia o homem vestido para o trabalho, com o suéter sujo, que vira mais cedo no restaurante. Sua calça cinza parecia macia e se movia contra a força de sua perna quando ele andava na direção dela. Seus músculos se contraíam e relaxavam em um movimento fluido sob uma camisa tão branca que quase incandescia. Os ângulos fortes de seu rosto eram emoldurados por cabelos negros como a noite e tão finos quanto o ar que os rodeava. Dulce nunca quis algo tão intensamente em sua vida quanto tocar a pele bronzeada dos braços dele... para sentir se era tão quente quanto parecia.

As mãos de Christopher tremiam quando ele tocou em uma mecha de cabelo que encostava no canto da boca de Dulce, com ciúmes pelos cabelos estarem onde ele gostaria de estar.

— Onde vamos? — Dulce perguntou.

Para a cama ele pensou.

— Surpresa.

— Adoro surpresas — disse Dulce, sorrindo.

— Então venha comigo, senhorita. Sua carruagem a aguarda.

— Parece uma picape.

— O que vemos pode ser ilusão — ele disse, e então pestanejou.

O sorriso dela foi esmaecendo enquanto entrava no carro.

Oh. Christopher, você não tem idéia de quanta ilusão.

Enquanto isso, uma voz dentro de Christopher perguntava: o que eu disse para apagar o sorriso daquele lindo rosto?

Mas quando ele se sentou ao lado dela, o sorriso reapareceu e ele suspirou, eliminando a preocupação. Aquela noite estava marcada para ser embaraçosa para os dois. Ele não sabia nada sobre ela, exceto seu nome e onde trabalhava. Tudo tem seu tempo, ele disse a si mesmo quando eles saíram da boate em direção a Savannah.

Pouco depois, ele estacionou. Quando ele a pegou pela mão e a levou na direção do rio Savannah e das luzes noturnas de clubes no limite da orla, ela começou a sorrir:

— Oh, Christopher.