Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Anahí

Dulce: Sua namoradinha estava te procurando. – Levei um susto ao ouvir sua voz sarcástica surgir do escuro.

Anahí: Vai embora e me deixa aqui! – Eu queria ficar sozinha, e Dulce era a pessoa menos adequada para esta ali naquele momento.

Dulce: Ué, mas vai deixar sua namorada linda te esperando? – Sua voz era totalmente irônica.

Anahí: É ano novo, quero paz, quero que você me deixe em paz! – Me levantei ficando frente a frente com ela.

Dulce: Ta chorando porque? A Maria. – Ela disse Maria com nojo. – Te fez algum mal? – ela terminou a frase com raiva.

Anahí: To chorando de alegria. – Disse no mesmo tom irônico que ela. – E essa alegria se transformou em algo muito ruim depois que você veio aqui encher o meu saco!

Dulce: Ah vai não mente. – Tudo seu era pura ironia. – Sei que vocês gosta da minha presença, sei que você adora ficar a sós comigo.

Anahí: Não Dulce, eu odeio. – Disse com raiva. – Eu não agüento mais você, não agüento mais essa situação, é ano novo, eu quero uma vida nova! Há minutos atrás você me abraçou e me desejou coisas boas, e agora ta aqui me tirando do serio novamente. Eu não quero mais isso para mim. – Eu estava falando sem pensar agora. – Não quero mais sentir essa dor. Não quero mais sofrer por uma coisa que nunca foi real. Então Dulce volta para lá, liga para seu maridinho corno de novo. Engana ele mais uma vez. Porque esse seu papinho de ‘to com saudades e queria você aqui comigo’ chega a ser ridículo. – Eu já estava quase gritando. – Não sei como você se agüenta, quantas e quantos você deve enganar pela vida. Quantas pessoas já devem ter sofrido por você. Eu sei que sou só mais uma, mas parece que a vida me odeia, porque não me deixa te esquecer, não me deixa viver em paz. – Minhas voz já estava ofegante. – Só te peço isso que me deixe em paz, que pare de fazer esses seus joguinhos comigo. Eu cansei, cansei de ser mais uma idiota que acredita em você! – Virei as costas e sai andando, mas ela me segurou pelo braço fazendo ficar de frente para ela novamente.

Dulce: Não, você não vai sair daqui agora! – Ela me segurava em meus braços com força. – Não é assim que a banda toca. Você sempre fala e fala e fala. Mas nunca me ouve. Nunca me deixa falar.

Anahí: Me solta, eu não tenho que te ouvir. Não quero te ouvir. – Eu tentei me soltar.

Dulce: Mas você vai ouvir, nem que seja uma única vez. Porque desse jeito que você diz parece mesmo que eu sou uma pessoa totalmente sem coração. Quase uma psicopata! Fria e calculista – Ela estava vermelha de raiva.

Anahí: Não precisa falar nada, eu não acredito em uma palavra sua! – Eu disse olhando em seus olhos fixamente.

Dulce: Mas você vai me ouvir!

Anahí: Eu não quero, me solta! – Tentei me soltar mais uma vez, mas não consegui.

Dulce: Escuta Anahí, mas escuta bem o que eu vou te falar. – Ela ainda segurava em meu braço com força, posso até dizer que doía um pouco. – Eu não to nem ai se você acredita em mim ou não, eu não to nem ai se você nunca vai me perdoar, não to nem ai para o que você pensa de mim. Mas eu preciso dizer isso antes que eu enlouqueça, antes que tudo isso dentro de mim vide um câncer sem cura. – Eu estava com muita raiva, mas prestando atenção em cada palavra. – Porque mesmo você dizendo o tempo inteiro que eu sou uma vadia, que não tenho coração, que jamais vou ter noção da dor que você sentiu quando tudo aconteceu, que eu minto o tempo todo, que eu engano todo mundo… Eu to aqui na sua frente te falando que ta doendo aqui dentro! – Por mais que minha cabeça e minha raiva diziam para não acreditar, meu coração pedia para eu ter fé em suas palavras. – To aqui na sua frente dizendo o quanto eu chorei, e não foi pouco, foram anos e anos chorando, noite e noites sem dormir. Posso dizer também que ainda choro, que ainda dói. E é uma dor insuportável, mas com o tempo eu me acostumei a ser assim, fria por dentro sem vontade de viver, mesmo parecendo a pessoa mais feliz por fora. A pessoa mais forte do mundo. Quero que entenda que eu amo o Benedito sim. – Eu estava estática. – O amo como um grande amigo, como um porto seguro, como alguém que me apoia, que esta ao meu lado, que me ajuda quando estou mal, que me ajuda a criar minhas filhas. Quero que entenda também de uma vez por todas Anahí. – Sua voz já estava mais baixa e seus olhos um pouco marejados. - Que eu te amei mais que ninguém nesse mundo, que te amei com desejo, tesão, paixão, com carinho, com todos os sentimentos bons que podem existir nesse mundo… – Agora eram os meus olhos que estavam começando a se encher de lagrimas novamente. – E eu que ainda te amo dessa mesma maneira, ou até mais se é que é possível! – Senti minhas pernas tremerem nesse momento.

Eu não consegui dizer nada. Ficamos na mesma posição, ela segurando em meus braços, nossos olhos fixos um no outro. Nossas respirações ofegantes a minha era de nervoso a dela também deveria ser. Eu queria dizer alguma coisa. Queria dizer que a amava, queria abraçá-la, mas eu mal conseguia respirar. Eu conheço ela, ou acho que conheço. Sei quando esta falando a verdade, ou pelo menos acho que sei. E se eu for seguir o meu conhecimento eu posso dizer que aquilo tudo era a mais pura verdade.

Dulce: Sabe por que eu me casei quatro vezes? – Ela perguntou ainda olhando em meus olhos e eu respondi que não com a cabeça. – Porque eu procurava você e não achava em lugar nenhum. E quando terminava um casamento e ficava sozinha, era horrível de mais, não tinha vontade de viver, nem de respirar. Porque você era a única coisa que eu queria. Ai eu sai pela vida procurando pessoas, bocas, sexos que se parecessem pelo menos de longe com você. Mas eu nunca achava… – Sua voz era serena e calma, como se lembrasse das coisas aos poucos. – Eu tinha duas filhas para criar e não podia acabar com a minha vida por causa de alguém que nunca nem quis ouvir o meu perdão. Casei três vezes até encontrar o Benedito, ele foi o único que eu vi que gostava mesmo das minhas filhas. Que se preocupava com elas. Aprendi a amá-lo e ele virou meu melhor amigo. – Eu apenas ouvia com meu coração doendo. – E mesmo o amando, eu nunca consegui vê-lo com desejo, como pessoas apaixonadas se vêem. Como eu te vejo. – Nesse momento ela largou os meus braços, segurou em minhas mãos e respirou fundo antes de continuar – Eu bebi de mais aquele dia, estava com saudades de você… – Ela estava com medo de contar e eu de ouvir. - Não me lembro de nada, só sei que acordei ao lado do Alejandro, nua… Ele disse que tivemos uma noite linda de muito sexo, mas eu não acreditei nele, vesti minha roupa dizendo que seria incapaz de te trair, que nem bêbada eu faria uma coisa dessas. – Ela fechou os olhos deixando uma lagrima correr. - Por isso não te contei, achei que fosse mentira dele, por sempre ter recebido vários e vários foras meus… Mas ai alguns meses se passaram e eu comecei a me sentir mal, fui ao medico e ele disse que eu estava grávida. – Ela olhou para o céu como se buscasse ajuda para continuar. - Meu mundo caiu, eu quis correr para algum lugar e tirar aquele feto infeliz de dentro de mim. Mas eu pensei melhor e resolvi te contar, achei que você iria me perdoar, que iria me entender e que seriamos felizes para sempre… Mas não foi como eu imaginei. – Suas lagrimas eram nítidas agora, até sua voz estava falhando. – Eu me senti tão perdida… – Ela fez uma pausa para engolir o choro e prosseguiu. – Passei o resto da gravidez chorando e odiando aquela criança, mas quando eu vi o rostinho dela tão lindo, ela era tão pequena, tão perfeita, tão meiga e já me amava tanto que foi impossível não amá-la também… – Ela abaixou a cabeça deixando o choro vir.

Anahí: Eu te perdôo. – Ela levantou a cabeça rapidamente e me abraçou com força em seguida.

Dulce: Obrigada. – Seu abraço me apertava com vontade. – Desculpa por tudo, nunca quis te fazer sofrer, nunca quis te ver chorar, achei que você tinha me esquecido, mas ai voltamos a nos ver e tudo voltou com uma força tão grande. Desculpa ter te tratado tão mal ultimamente, mas eu criei esse escudo. – Ela soltou do abraço, voltou a segurar minhas mãos e a olhar em meus olhos. - Tenho medo das coisas e das pessoas. E principalmente de você. Tenho medo de te magoar, tenho medo de não conseguir mais te fazer feliz, tenho medo de ser feliz. Na verdade eu tenho medo de tudo…

Anahí: Eu te amo. – Disse baixinho querendo falar mais para mim do que para ela. Mas ela ouviu, é claro que ouviu. Logo ela sorriu entre lagrimas e suspirou.

Dulce: Eu te amo Anahí. – Me puxou pelas mãos e me beijou com amor.

Era exatamente isso, nada mais precisava ser dito. Aquele beijo dizia as palavras finais: Ano novo! Vida nova! Assim espero eu… Não sei como posso descrever o que estava sentindo. Como se eu tivesse carregado uma pedra gigante por toda a vida depois que descobri da gravidez, e que agora ela não existisse mais. Eu estava me sentindo leve, incrivelmente segura e agora mais que nunca determinada a ter o que queria. O beijo tinha um sabor tão diferente dos outros, um gosto magnífico. Como se nunca tivesse tido problema algum entre a gente. Eu conseguia sentir as lagrimas salgadas de Dulce se misturar com as minhas. Sentia seu coração bater junto ao meu. E seus carinhos em meu rosto fazendo-me arrepiar por inteira. O beijo acabou, não sei quanto tempo durou, só sei que estava me sentindo literalmente nas nuvens. Ela acariciou o meu rosto olhando em meus olhos, eu selei sua boca mais uma vez e passei a mão em seus cabelos, beijei sua bochecha e seu pescoço com calma e a abracei forte em seguida. O abraço durou mais um bom tempo, eu não queria sair dali e nem ela também. Soltamos no abraço nos olhando fixamente.

 Dulce: Ano novo, vida novo. Que nesse ano comece uma nova fase em nossas vidas. O que tiver que ser será!

Anahí: Que o universo te ouça! – Sorri. – Vamos voltar antes que venham nos procurar.

Dulce: Claro, vamos sim, mas antes… – Ela me puxou pelo braço e me beijou mais uma vez.

brunamachado>>> aguarde e vera  não falta muito não a web ja passou da metade .