Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

 Anahí

Senti a respiração de Dulce ficar alterada de novo só em ver nossas filhas ali. Não só a dela como a minha. Mil coisas se passaram na minha cabeça, será que elas ouviram alguma coisa? Será que nos viram entrar? Será que nos viram sair? Dulce ficou estática olhando para elas atrás do espelho e eu de frente para as duas. Respirei fundo, pensei bem do que ia dizer e fiz o que sei fazer de melhor ser atriz.

Liz: Vocês estão aqui há muito tempo? – Ela estava vermelha de vergonha.

Anahí: Não, acabamos de entrar e Dulce coitada, quase foi derrubada por duas loucas que saíram daqui de dentro rindo e correndo. – Senti um suspiro de alivio vir de Dulce na mesma hora em que ela se virou para elas.

Liz: Ah, acho que ouvimos essas duas, elas estavam na cabine do lado e pelo jeito o negocio estava bom. – Minha filha disse sorrindo com cara de sapeca. Eu tive vontade de rir, mas engoli o riso.

Dulce: Posso saber o que as duas faziam ai dentro juntas? – Ela disse fazendo a atriz como eu.

Sophia: Quer mesmo saber mamãe? – Ela disse com um sorriso torto no rosto.

Dulce: Mais respeito Sophia! – Ela disse parecendo irritada e eu morrendo de vontade de rir. – Não acha que banheiro de boate é um lugar impróprio de mais para fazer essas coisas? Vocês tem duas casas, e duas camas bem grandes para fazerem o que quiser… – Não me agüentei e cai na gargalhada fazendo Dulce me fuzilar com os olhos e as meninas me olharem espantadas.

Liz: Qual a graça mãe? – Ela me olhava com os olhos arregalados e eu ainda rindo sem parar.

Anahí: Não não… – Eu segurava minha barriga enquanto tentava parar de rir. – É que só agora… – Eu tentei me controlar e respirei fundo. – Só agora entendi a piada do banheiro que Christian contou. – Enrolei mal a beça.

Sophia: Hã? Que piada? – Ela disse confusa.

Anahí: Nenhuma, não mudem de assunto. Também não acho legal vocês duas ficarem se… – Voltei a rir olhando para Dulce e pedindo desculpas com as mãos por não conseguir me segurar.

Dulce: Acho que você já bebeu de mais por hoje. – Ela disse seria.

Anahí: Ooo… se bebi. – Voltei a rir.

Liz: Para de rir assim mãe! – Ela me olhava com reprovação.

Anahí: Ai… – Tentei parar. – Ta… – Respirei fundo duas vezes. – Parei, juro que parei. – Soltei uma risada e logo coloquei a mão na boca respirando fundo e me controlando novamente. – Pronto passou.

Dulce: Então… – Ela me olhou como se perguntasse se poderia continuar com o teatrinho.

Anahí: Não acho legal, alguém poderia pegar vocês, vocês poderiam ser expulsas da festa, alguém poderia ver vocês entrando juntos e tirar uma foto e publicar em todos os lugares. É isso que vocês querem? Serem explanadas para o mundo e não poder viver a relação de vocês em paz?

Liz: Já estamos bem grandinhas e sabemos o que fazemos, por favor, né?! – Ela disse revirando os olhos.

Sophia: Exatamente isso, relaxa que a gente sabe o que faz. – Ela pegou a mão de minha filha. – Vamos descer? – Ela disse diretamente com Liz.

Liz: Então, se nos permitem, vamos ver como esta o movimento lá em baixo. – Elas já estavam indo para a porta.

Dulce: Juizo, por favor, tomem juízo!

Sophia: Sim senhor! – Bateu continência e saiu logo atrás de Liz.

Me virei para o espelho e apoie minhas mãos na pia abaixando a cabeça e respirando fundo. Tentei me acalmar do que acabamos de passar, imagina só se saíssemos juntos das cabines? Ai sim não ia ter como explicar e nem se desculpar, graças a deus conseguimos nos livrar sem nem que elas percebessem… Mesmo de costas eu sentia ela olhando para mim e não era um olhar de desejo como o de antes e sim de raiva. Me virei para ela com a melhor cara de desculpas do mundo e ela me olhava seria com uma das mãos na cintura e aquele bico que raiva que só ela sabe fazer.

Dulce: Qual é a tua Anahí? – Ela disse sem entender o motivo da minha risada.

Anahí: Ai Dulce, não consegui me controlar. – Eu ainda pedia desculpas com o olhar. – Vai dizer que não foi uma situação engraçada? E ainda por cima você foi falando que acha isso uma coisa muito imprópria e que elas poderiam ter sido pegas, que poderiam ser expulsas… – Eu sorri enquanto dizia. – Não agüentei de verdade. Me desculpa.

Dulce: É… – Ela desmanchou a cara feia e sorriu para mim. – Confesso que também tive vontade de rir, mas consegui me controlar… diferente de você. – Ela sorria lindamente enquanto se aproximava de mim. – Eu sempre consigo me controlar. – Ela me olhou dos pés a cabeça mudando seu sorriso para uma olhar de desejo.

Anahí: É eu sei o quanto você consegue. – Olhei para ela com o mesmo olhar de cobiça.

Dulce: Ta me desafiando? – Ela se aproximou o bastante para passar uma de suas mãos por minha cintura e trazer meu corpo para próximo ao dela.

Anahí: E se eu estiver? – Disse baixinho a centímetros de sua boca, sentindo seu hálito quente se misturar com o meu.

Dulce: Acho que perderia para você… – Ela ia me beijar quando algum infeliz entrou no banheiro fazendo-nos pular uma para cada lado, brancas de tanto susto.

Maria: Atrapalho? – Minha amiga disse olhando-me com aquela cara de ‘eu sei o que vocês estavam fazendo safadas.’

Dulce: Sim e muito. – Ela disse com muita raiva quase matando Maira com os olhos, saindo do banheiro as pressas.

Confesso que de imediato eu quis brigar com ela, mas ao ver a ceninha de ciúmes de Dulce, só me fez ficar mais feliz. Olhei para Maria, revirei os olhos, mas logo sorri para ela. Maria sabe de tudo, até de coisas que eu não deveria contar.

Maria: Vocês estavam aqui desde aquela hora? – Ela me perguntou e eu respondi apenas que sim com a cabeça com um sorriso idiota na cara. – Não acha perigoso de mais? – Eu ri lembrando da ‘bronca’ de Dulce. – Porque esta rindo?

Anahí: Ai Maria… – Eu suspirei. – Só posso lhe dizer que: perigoso ou não, esta sendo maravilhoso, e espero que daqui para frente só fique melhor…

Maria: Mesmo assim, acho que seria bom vocês duas começarem a pensar mais antes de fazer.

Anahí: Você viu a cena de ciúmes que ela acabou de fazer? – Eu ignorei completamente o que ela disse.

Maria: Impossível falar com uma pessoa bêbada apaixonada. – Ela deu as costas indo em direção a uma cabine. - Vou fazer xixi, tchau para você – E entrou na mais próxima.

Sai do banheiro e desfilei calmamente pelo corredor até chegar a vip. Dulce estava de cara amarrada ao lado de Maite, Christian e Ronald. Olhei ao redor e não achei minha filha, nem Sophia, Nina e Manuel. Deveriam estar lá em baixo dançando com as outras pessoas. Bem melhor para eles para falar a verdade, já que aqui em cima pelo menos na nossa vip só tem gente mais velha, deve ser um saco para eles… Voltei meu olhar para Dulce que continuava com aquela cara amarrada. Sorri para ela, que me sorriu ironicamente logo desviando o olhar. Caminhei até onde ela estava ficando ao seu lado. Maite, Christian e Ronald estavam entretidos de mais no assunto do qual eu nem prestei atenção. O ambiente era meio escuro então passei discretamente a mão nas costas de Dulce segurando em sua cintura logo em seguida. Ainda irritada ela não demonstrou nenhum reação.

Anahí: Porque esta com essa cara? – Perguntei em seu ouvido.

Dulce: Sua namoradinha já deve esta voltando, acho melhor você não me segurar assim. – Eu sorri feliz enquanto ela continua com aquela cara emburrada e irônica ao mesmo tempo.

Anahí: Eu não tenho namoradinha. – Falei em seu ouvido, mas me segurei para não beijá-lo ali.

Dulce: Não sou idiota! – Ela deu um passo para o lado fazendo com que eu a largasse, mas eu fui rápida e a puxei com pressa fazendo Maite me olhar com receio.

Anahí: Para com isso, Maria é minha amiga apenas isso. Se alguém tivesse que ficar com raivinha aqui era eu. Já que a casada aqui é você! – Eu disse em seu ouvindo, mas olhando para Maite que nos analisada e ao mesmo tempo olhava ao redor para ver se ninguém reparava naquela cena além dela. – Agora, se quiser ficar ai de cara feia para mim é problema seu, eu posso descer, posso ir para o outro lado… – Soltei ela e agora quem deu um passo para o lado foi eu.

Dulce: Não! – Ela me puxou pela braço fazendo-me ficar ao seu lado – Fica aqui! – Sua expressão ainda era a mesma.

Anahí: Então muda essa cara! – Ela respirou fundo, pegou em minha mão da maneira mais discreta possível, a acariciou com o polegar, olhou em meus olhos, sorriu meio contrariada e logo soltou minha mão. – Agora sim… – Sorri meio vitoriosa.

Dulce: Sem contar vantagem Anahí. – Ela disse brigando com os olhos indo em direção ao bar.

A noite ocorreu maravilhosamente bem. Tudo como o esperado. Os mais novos ficaram fascinados com o lugar, encontraram vários amigos na pista e já até combinaram de vir de novo. Para gente, os mais velhos foi ótimo também, mas confesso que já tivemos nosso tempo de balada, acho que estamos velhos de mais para ficar saindo assim. Cheguei em casa as cinco da manha, estava cansada, bêbada e muito feliz, tirei minha roupa e cai na cama sem nem mesmo escovar os dentes.