Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Anahí

Acordei em um quarto branco, olhei para o lado e vi uma cama vazia. Minha cabeça estava latejando, olhei para o outro lado e vi um homem de meia idade, olhando para o monitor ao meu lado, anotando algumas coisas na prancheta. Fechei os olhos com força tentando lembrar o que havia acontecido. A ultima coisa de que me lembrava era de eu estar voltando para casa e um carro em alta velocidade bater no banco do carona, depois disso não me lembro de mais nada. O homem ao meu lado me olhou sorrindo, retirou os ósculos e abaixou a prancheta.

Médico: Como a senhora se sente? – Ela me perguntou calmamente.

Anahí: Com dor de cabeça, quanto tempo eu ficar desacordada? – Eu estava um pouco confusa.

Médico: Uma hora e meia mais ou menos. – Será que eu estava bem? Comecei a entrar em desespero.

Anahí: Eu estou bem? – Eu mexi os pés para ver se ainda estavam lá, em seguida levantei o lençol para ter certeza que não faltava nenhuma parte de meu corpo.

Médico: Olha, foi um milagre a senhora ter saído desse acidente sem nenhum arranhão, na verdade com um apenas. – Ele fez uma pequena pausa. - Mas sim, a senhora esta ótima, a dor de cabeça é pela pancada, mas já fizemos todos os exames necessários, a senhora irá ficar em observação essa noite, mas amanha já será liberada. – Não acredito que vou ter que passar uma noite no hospital, e meus filhos, será que elas sabem?

Anahí: Minha família já foi avisada? – Eu perguntei preocupada.

Médico: Sim e já me informaram que tem alguns familiares seus na sala de espera. Já já estou indo lá dar noticias suas. – Como eu queria Dulce naquele momento.

Anahí: Ok, mas tem certeza que eu to bem né?! – Eu precisava ter certeza.

Médico: Absoluta, a senhora esta perfeita. – Ele colocou os óculos novamente olhando na prancheta. – Bom, qualquer coisa é só apertar aquele botão – Ele apontou para o botão – Que uma enfermeira vem lhe atende, agora eu tenho que ir. Amanha de manha eu passo aqui para te dar alta.

O médico de meia idade se foi, me deixando sozinha naquele quarto. Minha filha coitada deveria esta em prantos, já perdeu o pai, se perdesse a mãe acho que iria enlouquecer. Mas por mais que eu tentasse me prender em algum outro pensamento Dulce me vinha à cabeça. A conversa que tivemos, o jeito em que ela reagiu. Eu não poderia mesmo deixar aquilo prosseguir, tenho certeza que se tivessem ligado para ela, ela não iria vir aqui de jeito nenhum, por causa daquele maridinho corno dela… Se ela me ama ela vai deixá-lo, se ela me ama, tudo vai dar certo, agora esta nas mãos dela… Essa dor de cabeça estava me matando e de verdade por mais que eu tivesse irritada com tudo, o que eu mais desejava era Dulce aqui do meu lado. Mas eu ia me contentar com minha filha linda que me deu uma lição e tanto de moral há algumas horas atrás. Fechei os olhos e viajei para longe… Não estava tendo uma lembrança como sempre, estava mesmo era imaginando como seria daqui a alguns anos se eu e Dulce estivéssemos juntas. Imaginando eu, ela, Liz, Sophia e Enzo em uma casa grande. Nina, Manuel e Paco vindo nos visitar no final de semana. Todos nós viajando para a grande casa como sempre sonhamos, o natal que sempre quis ter, ver Dulce acordar ao meu lado todos os dias… Estava gostando da minha imaginação, feliz em poder ser quem eu quero pelo menos em pensamento, mas minha fantasia foi interrompida pela porta que se abriu.

Dulce entrou como se tivesse saído dos meus sonhos e foi inevitável não sorri feliz. Seus olhos estavam marejados e ela me abraçou com força como se eu fosse fugir a qualquer momento. Senti suas lagrimas caírem sobre meu ombro e uma onda de agonia ao senti-la chorar me invadiu. Ela me soltou depois de um longo abraçado apertado, beijou minha testa com muito carinho e me olhou brava em seguida.

Dulce: Nunca mais faça isso ouviu?! – Ela disse entre lagrimas. – Você não sabe o susto que me deu, não sabe a dor que eu senti só de pensar em te perder! – Ela olhou para o lado, puxou a cadeira, sentou-se nela e pegou em minha mão a beijando inúmeras vezes. Eu apenas sorria, achando lindo o jeito que ela estava se preocupando comigo. – Meu coração esta acelerado até agora, me sinto até fraca. – Eu sorri para ela mais uma vez, meiga e feliz. Não estava acreditando que ela estava mesmo ali, me senti até meio culpada de ter pensado algumas coisas… Passei a mão em uma de suas lagrimas que escorriam, observando seu rosto perfeito, seus olhos que me diziam eu te amo e beijei sua mão em seguida. – Esqueci… – Ela largou a minha mão. – Nossas filhas, estão na porta nos olhando.

Anahí: Sério? – Eu olhei para elas de imediato, fiquei com vergonha, mas acenei para elas que acenaram de volta.

Dulce: Vou mandá-las ir para sua casa. – Ela sorriu para mim. - Eu vou passar a noite aqui com você. – Ela não esperou nem eu dizer nada, foi andando em direção a porta saindo, a fechando e me deixando sozinha de novo.

Fiquei as observando pelo vidrinho da porta. Espero que elas não tenham reparado nada de diferente. Dulce conversou com elas por poucos minutos, depois entrou no quarto fechando a porta e abaixando a persiana do vidrinho. Eu continuava sem acreditar que ela estava mesmo ali, e mais abismada ainda que ela havia dito que iria passar a noite aqui.