Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Anahí

Anahí: O Benedito não vai ficar chateado se souber que passou a noite aqui? – Eu disse com implicância enquanto ela se aproximava de mim.

Dulce: Ele nem sabe que eu sai de casa, estava dormindo quando recebi a noticia. Para falar a verdade fiquei tão desesperada que nem lembrei da existência dele. – Eu a interrompi.

Anahí: Você ficou desesperada? – Perguntei achando aquilo a coisa mais linda do mundo. Ela sorriu como fosse a pergunta mais idiota do mundo e se sentou na mesma cadeira que antes.

Dulce: Claro que eu fiquei, você saiu da minha casa e depois de quase duas horas Sophia chega me falando que você estava no hospital porque havia sofrido um acidente – Sua expressão era de dor ao lembrar da noticia. – Acha que eu ia ficar como? Que ia voltar para cama e dormir tranquila? Claro que não né?! – Ela riu achando graça da minha pergunta novamente.

Anahí: Sei la… – Eu estava adorando toda aquela demonstração de afeto por palavras. – Mas juro que não imaginei que você viria, ainda mais que esta tarde… – Eu sorri meio triste.

Dulce: Anahí… – Ela pegou em uma de minhas mãos com as suas duas. – Eu iria a qualquer lugar a hora que fosse para te socorrer, iria até a lua lhe entregar o meu oxigênio se eu soubesse que você estava sem ar…

Anahí: Então porque ainda esta com aquele corno? – Eu perguntei fazendo bico. Sei que to meio velha para esses charmes, mas eu to numa cama de hospital então eu posso.

Dulce: Não chama ele de corno… – Eu fiz cara feia, iria responder que era sim, mas ela disse não com a cabeça e eu deixei ela continuar. - Vê se você entende o meu lado… – Ela fez uma pausa pensando no que ia dizer. – Ele sempre foi bom para mim, nunca me fez nada de mal, sempre foi bom para minhas filhas. Muitas vezes quando eu estava mal por… – Ela parou por alguns segundo, senti que ela não queria complementar aquela frase. – Por você, por saudades, por ter certeza que jamais te teria de volta… Mesmo sem ele saber ele me ajudava, me colocava para cima, e até me fazia esquecer. – Aquilo doeu no fundo. - Ele me ama Anahí, me ama como mulher, como amiga, como tudo. Eu também o amo, mas não do mesmo jeito que ele. – Eu prestava atenção tentando absorver aquilo, que por mais que eu não quisesse era a mais pura verdade. – Eu já errei muito nessa vida, já machuquei minha gente, já fiz chorar a pessoa que eu mais amei e amo. Não quero fazê-lo sofrer, não quero errar com uma pessoa que me fez tão bem…

Anahí: Eu… – Ela não me deixou prosseguir colocando a mão em minha boca.

Dulce: Eu só preciso de tempo, tempo para poder achar o melhor jeito de dizer que não o quero mais, sem machucá-lo. – Ela retirou a mão de minha boca.

Anahí: Eu entendo, entendo o seu lado. – Ela fez cara de surpresa. – Mas vê se você também entende o meu… Por isso que eu fui a sua casa hoje. Se você quer mesmo ficar comigo, você vai ficar, mas não da mais para eu ficar sendo a outra. Ou sou eu ou é ele. – Ela abaixou a cabeça pensando no que eu disse. – Quando você não tiver mais com ele, você pode me procurar, mas não demore muito eu já esperei de mais. Não sei se aguento mais vinte anos. – Ela me olhou meio triste, beijou minha mão e sorriu meio tímida.

Dulce: Ainda vamos ser muito felizes juntas, você vai ver. – Seu sorriso foi esperançoso agora. – Vamos deixar essa conversa para depois, quero saber como você se sente, esta com dor? – Sempre deixando para depois, mas eu relevei.

Anahí: Sim estou com dor. – Ela levantou com pressa, meio assustada.

Dulce: Onde, onde? Quer que eu chame o médico? – Eu ri do jeitinho preocupado dela.

Anahí: Não, minha dor só pode ser curada por você, então fica aqui. – Puxei sua mão para que ela se senta novamente. – Senta do meu lado e conversa comigo…

Dulce: Ai que susto. – Ela colocou a mão no coração e sentou-se em seguida. – Não brinca assim comigo!

Anahí: Mas eu não brinquei, você me fez uma pergunta e eu respondi com sinceridade. – Ela me olhou com ternura, seu olhos me passavam paz.

Dulce: Temos que esperar só mais um pouco. – Ela beijou minha mão mais uma vez. – Que essa nossa dor logo irá passar. – Sorriu para mim.

Anahí: Eu espero que sim.

Era tão bom tê-la ali comigo, me sentia tão segura e protegida, como se nada de ruim pudesse acontecer comigo. Sua voz me trazia paz, seu olhos me enchia de ternura, nossas conversas me faziam esquecer completamente do mundo lá fora, não falamos mais sofre o tal assunto, mas ficamos lembrando de quando éramos jovens, lembrando dos lugares que íamos, das loucuras que fazíamos, das festas que dávamos. Rimos muito, quase choramos também… Depois de um bom tempo conversando e relembrando acabei adormecendo com ela segurando em minha mão. Acordei assustada depois certo tempo, olhei a minha volta e vi Dulce com a cabeça apoiada a cama, ainda segurava minha mão, dormia tão linda que fiquei com pena de acordar, mas não era justo ela dormir ali, daquele jeito.

Anahí: Dulce? – Eu disse baixinho tentando soltar a minha mão da dela para poder acordá-la, mas ela segurava com tanta força que só de mexer eu a acordei.

Dulce: Desculpa, peguei no sono, você quer alguma coisa? – Ela arregalou os olhos tentando os manter abertos, ela estava exausta coitada.

Anahí: Deita aqui do meu lado, dorme comigo. – Eu disse sorrindo.

Dulce: Acho melhor não. – Ela hesitou.

Anahí: Vem Dulce, você esta tão cansada como eu. – Eu levantei um lado do lençol chegando um pouco para o lado a convidando para deitar. – Deita aqui vem.

Ela se levantou da cadeira, passou a mão no rosto e nos cabelos, e se deitou meio que de frente para mim, me abraçando pela cintura e aconchegando sua cabeça em meu peito. A abracei também, lhe dei um beijo na testa e lhe desejei bons sonhos, em minutos apagamos novamente.

Acordei pela manha e não vi Dulce ao meu lado, olhei no relógio da parede que marcavam exatamente oito e quarenta e cinco. Ela deve ter ido embora, tomar banho e se arrumar para ir a televisa, tínhamos ensaio hoje. Me levantei e dei graças a deus por estar verdadeiramente bem, porque pelo que eu soube a batida foi feia. Minha cabeça já não doía mais. Caminhei até o banheiro do quarto onde estava e quase gritei ao ver aquele arranhão horrível na lateral do meu rosto esquerdo. Não acredito que foi ficar marcada logo ali. Tomei uma ducha para despertar e coloquei a mesma roupa que estava, que era aquele vestido de hospital super constrangedor do qual nem calcinha a gente usa. Sequei os cabelos com a toalha e olhei pela ultima vez o meu arranhão no rosto, ia ser difícil de tampar aquilo com maquiagem. Sai do quarto e me sentei na cama, ia pegar o telefone na mesinha ao meu lado quando Dulce entrou tomando um café.

Dulce: Bom dia. Pensei que estivesse dormindo ainda. – Ela entrou, deu um beijo em minha testa e se sentou na mesma cadeira que antes. – Como se sente?

Anahí: Ótima. – Olhei para meus trajes. – Tirando o fato desse arranhão horrível e essa roupa.

Dulce: Esta super sexy. – Ela riu em deboche.

Anahí: Rir da minha cara mesmo. – Eu disse irritada, mas aproveitei para provocá-la. – Aposto que não ia rir se soubesse que de baixo desse vestido que nem é vestido, eu estou completamente nua. – Disse levantando lentamente aquele trapo pela coxa, mas parei antes que desse para ver algo.

Dulce: Não acho legal você brincar assim comigo logo de manha. – Ela sorriu maliciosamente.

Anahí: Não estou brincando. – Mordi o lábio a olhando sexy. – Mas infelizmente só vai poder ver ou ter esse corpinho de novo depois de casada. – Eu me levantei antes que aquilo tomasse um rumo que eu não queria. – Estou com fome, será que posso sair para comer?

Dulce: Você ta brincando com fogo… – Ela disse rindo. – Mas não, não pode, encontrei com o medico ele disse que já vão trazer seu café e que logo ele vem te dar alta. Também falei com a Liz pelo telefone e logo ela chega ai trazendo roupa para você. Falei também com o Pedro, avisei do acidente e disse também para cancelarmos o ensaio de hoje. – Ela disse tudo meio rápido de mais.

Anahí: Não, nada de cancelarmos ensaio nenhum. – Eu estava ótima, não precisava disso. – Se quiser pode ir indo para lá, que quando eu sair daqui eu vou.

Dulce: Acho melhor ficar de repouso Anahí. – Ela disse com um tom de preocupada.

Anahí: Dulce eu estou ótima, o medico disse que eu estou ótima, não tem necessidade de eu ficar em casa. Pode ir indo para lá.

Dulce: Nada disso, eu vou ficar com você até sair daqui, e ainda vou te deixar em casa. – Pelo jeito que ela falou não tinha como dizer não.

Anahí: Ta, mas vai ter ensaio ta bom? – Eu insisti.

Dulce: Ta bom, mas só se o médico falar que pode. – Nesse momento alguém bateu na porta. Ela foi até lá e a abriu. – Pronto, sua comida chegou.

Tomei meu café entre olhares e insinuações com Dulce, mas nada além disso. Logo minha filha chegou me trazendo roupas e não demorou muito para que o médico me desse alta e falasse que eu estava perfeita e que poderia fazer qualquer cosia, mas que sentisse alguma coisa era para correr para cá. Mesmo eu dizendo que iria de taxi para casa, Dulce insistiu em me levar. Sophia e Liz ficaram o tempo todo nos observando, pareciam que estavam nos analisando, confesso que aquilo me incomodou um pouco, será que elas estavam suspeitando de alguma coisa? Na porta do hospital haviam até alguns repórteres perguntando como eu estava essas coisas de sempre, é incrível como no meu mundo as noticias correm. Cheguei em casa não se passavam das onze e meia. Fui recebida pelo meu filho lindo que me abraçou e me beijou. Logo depois Dulce perguntou pela décima vez se eu estava mesmo bem para ensaiar. E eu insisti que sim… A todo momento em que eu e ela conversávamos e discutíamos sobre levar e não levar nossas filhas cochichavam e as vezes até riam. Mas eu resolvi ignorar, deve ser coisa da minha cabeça eu achar que elas estão suspeitando de algo. Dulce foi para casa junto com Sophia e disse que passava aqui para me pegar e irmos juntas para a televisa, já que eu estava sem caro, tentei convencê-la mais uma vez que não era preciso, mas ela é teimosa de mais e eu tive que ceder.