Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

 Dulce

Dulce: Oi. – Foi a única coisa que conseguir dizer pelo nervosismo que senti ao vê-lo.

Benedito: Estava querendo falar comigo? – Ele disse meio frio.

Dulce: Sim… – Eu me aproximei do sofá colocando a bolsa na mesa de centro.

Benedito: Então, estou aqui. – A frieza dele tava me deixando ainda mais nervosa.

Dulce: Ante de qualquer coisa, quero te pedir desculpa, sei que tem o direito de numa mais querer falar comigo, e nunca me perdoar pelo o que eu te fiz passar, mas eu te peço perdão… – Eu engoli a seco.

Benedito: Era só isso? – Eu já estava querendo chorar.

Dulce: Posso te contar minha historia? Sei que não vai mudar muita coisa, ou talvez nada, mas eu queria de te dizer tudo. – Eu olhei para o sofá como se pedisse permissão.

Benedito: É, eu acho que nada muda, mas se vai fazer você se sentir menos culpada conte-a. – Ele apontou para o sofá como se desse permissão para sentar-me.

Eu estava mais que nervosa, não queria magoá-lo ainda mais, mas ele tinha que saber de tudo, ele precisava saber da verdade. Respirei fundo e sentei-me no outro sofá, tentei buscar dentro de mim a melhor maneira de lhe contar, mas todas elas me levavam ao mesmo caminho, que era confessar que nunca o amei do jeito que ele merecia.

Dulce: Tudo começou quando eu ainda era muito nova, deveria ter uns dezenove anos, não me lembro a idade exata… – Ele se encostou no sofá e cruzando as pernas e os braços como se esperasse uma longa historia pela frente. – Eu vou tentar resumir tudo ok… – Eu disse achando que ele já estava impaciente.

Benedito: Como quiser Dulce. – Foi indiferente mais uma vez.

Dulce: Eu me apaixonei pela Anahí e ela por mim, ainda éramos da RBD, começamos a namorar, nos amávamos mais que tudo nesse mundo, mas poucos eram os que sabiam do nosso romance, que eram os outros da banda e mais alguns amigos. Conseguimos levar namoro muito bem, até nossas mães descobrirem. – Ele parecia indiferente, mas seus olhos me mostravam total atenção. – A mãe de Anahí nem tanto, ela não aceitava, não queria que ficássemos juntas, mas a minha? – Eu revirei os olhos lembrando do dia em que ela descobriu. – Minha mãe desde o inicio fez o inferno em nossas vidas, mas o amor que sentíamos uma pela outra era tão grande, que mesmo com todas as ameaças e castigos conseguíamos arrumar um jeito de ficarmos juntas… – Eu fiz uma pequena pausa. – Até o dia em que eu fui a uma festa sem a Anahí e acordei nua ao lado de Alejandro, sem lembrar-me de nada. Ele disse que havíamos tido uma noite linda de amor e ficou até chateado por eu não lembrar. Sai de lá irritadíssima, e achando que era tudo mentira dele, então não contei a Anahí, mas uns dois meses depois eu descobri que estava grávida, e meu relacionamento perfeito foi por água a baixo. – Ele permanecia do mesmo jeito, quieto, frio, impaciente. – Ela não me perdoou pela traição, não quis ouvir nem uma palavra minha e eu tive que aceitar. Chorei durante a gravidez toda, e só não tirei o bebe porque ele não tinha culpa de estar em minha barriga. Ai a Nina nasceu, e eu me apaixonei por aquele bebezinho lindo e foi por ela que consegui seguir em frente. Mas mesmo dedicando minha vida a minha filha eu continuava triste, e ainda chorava todas as noites, ainda tinha minhas crises e ficava as vezes uma semana trancada dentro do quarto. – Sua aparência fria estava se desfazendo aos poucos. – Logo depois conheci o pai de Sophia, eu não queria nada com ele, não queria nada com ninguém, mas estava tão desesperada e querendo substituir o que sentia pela Anahí, que acabei cedendo aos charmes dele. Não ficamos por muito tempo, mas eu engravidei muito rápido, eu não estava me cuidando, na verdade só cuidava mesmo era de Nina. – Eu parei por alguns segundo olhando ao redor da sala e voltando a olhar para ele. – Sou uma pessoa de sorte, porque ele poderia ter doenças, mas graças a Deus não tinha… Sophia logo nasceu e certo tempo depois eu me separei dele. Porque quanto mais eu tentava me prender a ele, mas nojo eu sentia de mim. – Ele parecia estar começando a se comover com a historia. – Depois dele encontrei mais uns três caras, com esses eu me casei, me cuidei, mas mesmo eles até sendo homens muito bons, não me completavam de jeito nenhum, só me faziam sentir-me pior. Até que encontrei você. Que foi o único que me fez sentir-me bem de verdade, que me fazia amenizar o que sentia, me fazia rir, cuidava bem de mim, das minhas filhas. Me consolava quando tinha minhas crises mesmo sem saber o porque. – Ele não falava nada, e isso me incomodava muito. – Eu aprendi a te amar, aprendi a gostar de você e a voltar a gostar de mim. Mas confesso que nunca fui… – Eu tentei buscar a melhor palavra. – Nunca fui como você merecia. Te amo como um amigo, como um irmão, como alguém que quero sempre ao meu lado, como alguém que quero sempre o bem… Nunca quis te magoar, nunca tive a intenção te de machucar… – Eu me perdi um pouco, mas logo voltei ao foco. – Fiquei esses anos todos longe da Anahí, tendo uma batalha constante dentro de mim por tê-la traído, tê-la perdido-a e nunca mais poder tê-la de volta… Mas ai ela ressurgiu em minha vida com a mesma intensidade que antes, tentei lutar contra, mas não consegui, ela não conseguiu. Brigamos, discutimos, tentamos ficar longe uma da outra, mas não deu, era mais forte que a gente. – Agora seu olhar era um misto de tristeza e duvida. – Até o dia em que resolvemos não lutar mais contra isso, até o dia em que decidi que não dava para ficar te enganando, me enganando e a enganando. E quando eu achei que tudo ia se resolver, até o momento em que tive certeza que nada mais iria surgir de novo em nossas vidas, você nos pegou na cozinha e depois o Alejandro veio nos contar um segredo. – Ele pareceu curioso, mas permaneceu calado. – Ele nos contou, assim que você saiu daqui. Nos disse que me deu um boa noite cinderela aquela noite e me estuprou depois. – Ele quase deu um pulo nesse momento.

Benedito: O que? – Ele falou assustado. – Eu vou matar esse cara!

Dulce: Calma, ainda não acabou. – Eu disse querendo terminar. – Mas ele só fez isso porque minha mãe mandou, fui tudo a mando de minha mãe, para me separar de Anahí…

Benedito: Eu não tenho palavras para descrever o nojo que estou sentindo desse homem e o ódio que estou sentindo de sua mãe. – Ele parou para pensar, mas prosseguiu. – Por isso sua mãe me procurou ontem no trabalho, dizendo que se eu fizesse o que ela queria, eu poderia ter você de volta.

Dulce: Não acredito que ela ta fazendo isso de novo. – Eu disse assustada. – Tenho medo do que ela pode fazer agora. O que ela queria que você fizesse? – Eu perguntei preocupada.

Benedito: Nem deixei ela falar, achei aquilo muita falta de caráter e nem deixei ela terminar, simplesmente voltei para o meu trabalho deixando-a sozinha. – Ele parecia preocupado. – Como você esta depois de saber disso tudo?

Dulce: Péssima né? Minha mãe mandou um cara abusar de mim para me ver infeliz. – Eu abaixei a cabeça pensando em tudo, em como ele ainda estava se preocupando comigo, mesmo depois de tê-lo traído. – Não queria te fazer sofrer Benedito, não queria que você passasse por isso. – Voltei a olhar em seus olhos.

Benedito: Olha Dulce, eu estou muito machucado, muito triste com isso tudo. – Ele pareceu pensar no que ia dizer. – Mas eu amo você, e quando a gente ama, queremos ver o outro feliz. E se é ela que te faz feliz eu também fico. – Seus olhos eram pura tristeza e sinceridade. – Essa minha dor vai passar, espero que passe o mais rápido possível, mas eu quero o seu bem e que consiga agora ser completamente feliz, como todo mundo deseja. – Seu sorriso foi triste.

Dulce: Obrigada, obrigada mesmo. – Aquilo tirou um peso enorme de minhas costas, na verdade acho que quase tudo. – Acha que podemos ser amigos? – Eu não queria vê-lo longe da minha vida.

Benedito: Agora eu acho que não, preciso passar um tempo fora, te tirar do meu coração e se eu conseguir, podemos sim ser amigos. – Ele estava sendo maravilhoso, como sempre. – Só quero que você seja feliz!

Dulce: Eu também Benedito, quero que você seja feliz, mas não quero perder você, eu espero o tempo que for preciso para ter você em minha vida de novo, como o meu grande amigo. – Eu me levantei ficando de frente para ele. – Me da um abraço? – Ele se levantou e me deu um abraço meio desengonçado, logo nos separamos. – Você me perdoa Benedito? – Eu disse olhando em seus olhos.

Benedito: Com o tempo sim Dulce, com o tempo sim. – Ele respirou fundo e saiu de perto de mim. – Bom, eu já vou indo, depois venho para buscar minhas coisas, e conversamos melhor sobre o divorcio. – Ele fui indo em direção a porta. – E mais uma coisa, cuidado com a sua mãe, muito cuidado. – Ele tentou sorrir. – Até mais Dulce, fique bem. – Abriu a porta e se retirou a fechando logo atrás dele.

Me joguei no sofá como se tivesse acabado de ganhar uma luta muito importante. Achei que seria muito pior, mas ele foi tão bom, foi tão perfeito que até me senti egoísta pedindo para ser amiga dele depois de tudo. Mas ele é um bom homem, bom caráter e quer ver o bem daqueles que gosta. O admiro muito e espero que um dia ele possa mesmo me perdoar. E mais que tudo também quero que ele seja muito feliz.