Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Dulce

Nossa, eu já não aguentava mais esperar, sei que Anahí sempre se atrasa, mas cada segundo que se passava parecia uma eternidade. E depois de quase enlouquecer naquele quarto junto com Poncho, ele disse que havia chegado à hora. Meu coração foi a mil, senti meu corpo tremer e uma mistura de sentimentos invadiu a minha alma, duvidas, receios, certezas e vontades. Eu estava com a sensação que iria explodir a qualquer momento. Eu queria vê-la, beijá-la e abraçá-la, e mesmo sabendo que ela já estava no mesmo local que eu, parecia que eram na verdade milhares de quilômetros de distancia. Ele sorriu para mim tentando me passar tranquilidade, tirou um tecido de ceda branco de um dos bolsos e me mostrou.

Dulce: O que é isso Poncho? – Eu perguntei confusa.

Poncho: Vou ter que vendar você. – Ele sorriu brincalhão.

Dulce: Não, nada disso, para que isso? – Não queria ser vendada.

Poncho: Faz parte de tudo Dulce, é para que nada aconteça antes do tempo… – Ele pegou em minha mão me puxando para mais perto. – Vai deixa eu colocar em você.

Dulce: Não, não quero, não precisa disso. – Eu dei um passo a trás.

Poncho: Dulce, ela também vai usar um desses, é para que você e ela não se vejam antes de esta tudo em seu devido lugar. – Ele pegou novamente em minha mão. – Confia em mim não vai se arrepender. – Ele tentou me passar confiança mais uma vez.

Dulce: Ta bem… – Eu disse sem querer lutar. – Coloca ai, mas não aperta e cuidado com meu cabelo e minha maquiagem, não quero que estrague nada. – Eu virei de costas para ele.

Poncho: Relaxa avó do meu neto, vai ser tudo maravilhoso, você não vai se arrepender. – Ele me vendou com calma sem estragar nada como eu mesma pedi.

Dulce: Eu espero que não. – Eu me virei para ele segurando em seu braço. – Então… Vamos?

Ele não disse mais nada, foi apenas me conduzindo. Eu estava cega e estava em suas mãos. Mas eu sabia o caminho que estávamos fazendo, conhecia tão bem aquele lugar que até vendada eu o reconheceria. Aos poucos eu pude ouvir as pessoas falando, senti também o cheiro de terra molhada que vinha do lago, estávamos chegando ao local do evento. Meu coração estava tão acelerado que achei que fosse desmaiar a qualquer momento. Em minha mente vinha a voz de Anahí me dizendo coisas, palavras de amor, palavras de baixo nível, e até palavras de odeio. Era como um filme passando rápido de mais em minha cabeça, apenas com sua voz ao fundo, dizendo sempre as mesmas cosias: ‘Eu te amo’, ‘Vai embora, eu te odeio’, ‘Fica comigo, por favor’, ‘Você não presta, é uma vadia’, ‘Eu te perdoo’, ‘É claro que eu aceito’… E eu fiquei ouvindo aquelas coisas em minha cabeça o caminho todo, até que Poncho parou por alguns segundo e eu me dei conta que estava lá, com todos me olhando, pronta para caminhar até o altar.

Poncho: É agora Dulce, vamos entrar… – Ele disse baixinho em meu ouvido, eu apenas afirmei com a cabeça e respirei fundo.

A musica começou e em passos lentos caminhamos em direção ao altar. Eu não via nada, mas sentia os olhos das pessoas em mim. Sorria sem esforço algum, a felicidade que estava sentindo era mais que surreal. As sensações pareciam estar muito mais aguçadas do que o normal pela venda colocada, e a emoção parecia que iria transbordar a qualquer momento pelos os olhos. Eu sentia como se estivesse indo em direção ao paraíso…. Chagamos em fim, no local desejado. Ele beijou minha testa e disse que me amava. Me virou até uma posição e me deixou ali, parada sem saber o que estava acontecendo ao certo. Eu ia tirar a venda, mas alguém segurou em minha mão. E disse que ainda não estava no momento certo. Foi minha filha mais nova quem falou em meu ouvido. Respirei fundo mais uma vez e ouvi outra musica começar… Eu achei que meu coração já havia acelerado o bastante, mas ao saber que ela estava vindo até mim, sem ao menos poder olhá-la, fez meu coração bater mais forte ainda. Meu ar estava faltando e minha inquietação insuportável. E os seus simples passos até o altar pareceram uma eternidade para mim. A musica aquietou e eu pude sentir seu cheiro, ela estava a minha frente. Estendi minha mão e toquei a sua, no mesmo instante alguém tirou minha venda junto da dela…

Meus olhos brilharam, ela estava mais que perfeita. A olhei por inteira, balançando a cabeça negativamente sem acreditar que ela estava ali, na minha frente, realizando um dos meus maiores sonhos… Tudo em perfeita sintonia, seus olhos que iluminavam tudo, a maquiagem realçando sua beleza, o vestido esplêndido em seu corpo, o sorriso mais lindo e fascinante, o seu cheiro me seduzindo, os sapatos, o buque se azaleias brancas muito graciosas, a alegria expandia de todo o seu ser como uma luz… Quis beijá-la e não segurei a minha vontade, selei seus lábios e a abracei com força.

Dulce: Você esta mais perfeita do que poderia imaginar. – Eu disse baixinho em seu ouvindo ainda abraçada a ela.

Anahí: Obrigada meu amor, você também… Esta mais linda que em meus sonhos. – Ela também disse baixinho em meu ouvido.

Nos soltamos do abraço sorrindo uma para outra. Seus olhos que me diziam ‘eu te amo’ o tempo inteiro, assim como os meus também. Levei  uma de suas mãos até minha boca e a beijei, me virando em seguida para a mulher que iria fazer a cerimônia simbólica nos dando à benção, de Deus e do universo.