Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Liz

Meu mundo estava girando, minhas pernas estavam bambas, eu não tinha reação, minha maior vontade era de chorar, chorar até o ar faltar, queria sair correndo também, correr para longe e nunca mais voltar. Como pude deixar uma coisa dessas acontecer, como depois de um ano e seis meses namorando sem ninguém nos pegar, deixamos isso suceder, tirando Christian que nos pegou esses dias… Mas nossas mães, não, nossas mães nunca poderiam saber, digo não agora, só num futuro distante quando estivéssemos casadas morando sozinhas. Eu já consigo até ver minha vida daqui para frente, elas vãos nos proibir de nos ver, vão fazer de tudo para virarmos pessoas normais, vão fazer de nossas vidas um inferno!

Nossa não sei exatamente o que estou sentindo agora, se é odeio, se é pavor, se é tontura, se é confusão, se é arrependimento… Na verdade estou sentindo tudo ao mesmo tempo, acho que vou acabar desmaiando se mais algum sentimento surgir em meu corpo. Eu estava tremula, suando frio, minha respiração ofegante, meus pensamentos a mil e minhas lagrimas, minhas lagrimas já começavam a dar sinal de vida. Depois de um certo tempo em silencio em que todos tentavam absorver um pouco a situação minha mãe se pronunciou.

Anahí: Não, não, isso é… é inacreditável! – Minha mãe estava de boca aberta abismada com cena que acaba de ver.

Dulce: Inacreditável, inaceitável seja lá o que for isso, eu só quero entender… – A mãe de Sophia nos olhava balançando a cabeça negativamente.

Sophia e eu estávamos de cabeça baixa, eu mal conseguia olhar para elas. Podia ouvir também o choro desesperador de minha namorada, junto ao meu. Eu queria falar, tentar explicar, amenizar as coisas, mas em tudo que eu pensava nada era bom o bastante para desfazer aquilo.

Dulce: Anda meninas, falem! – Ela parecia irritada e surpresa ao mesmo tempo.

Anahí: Expliquem isso que acabamos de ver, expliquem tudo. – Minha mãe já parecia esta mais confusa.

Dulce: Parem de chorar como duas crianças e digam o que esta acontecendo! – É pelo visto ela estava irritada.

Sophia: Des… desculpa mãe. – Ela estava em prantos e foi rapidamente para os braços de Dulce a abraçando com força. – Des..cul..pa, mas.. mas… eu… – ela não conseguia falar de tanto chorar. – Não… não era.. mãe… não era…– Ela não conseguia mesmo falar.

Dulce: Para de chorar e fala Sophia! – Ela abraçava a filha com carinho.

Liz: Foi eu… é tudo culpa minha. – Consegui falar pela primeira vez engolindo o choro de uma só vez. – Sophia não tem nada haver com isso, eu a obriguei. – Não sei de onde tirei essa idéia, mas se alguém fosse se ferrar nessa historia iria ser eu, não ia deixá-la ficar na merda também, não ia agüentar vê-la mal com sua mãe.

Dulce: Como assim? Você obrigou a minha filha a que? – Ela praticamente empurrou Sophia de perto de dela vindo na minha direção.

Anahí: Hei Dulce, olha como você fala com ela! – Só nessa hora eu senti uma certa raiva vir de dentro de minha mãe que se meteu na frente de Dulce.

Liz: Pode deixar mãe, eu sou a culpada, Sophia nunca quis nada… – lagrimas corriam pelo meu rosto.

Sophia: Não! – Ela ainda chorava. – Para…!- Ela gritou passando a mão em seu rosto.

Liz: Conta para elas Sophia, fala para elas que eu ameacei você! – Eu implorava com o olhar que ela concordasse comigo.

Sophia: Não… – Ela respirou fundo, me olhando nos olhos, estava incrédula com tudo que eu disse, respirou mais uma vez e engoliu o choro. – Não… É mentira! Liz nunca me brigou a nada!

Liz: Não mente para elas Sophia.

Sophia: Você que ta mentindo, porque ta fazendo isso? – Lagrimas silenciosas corriam pelo seu rosto. - Para de querer levar a culpa toda para você! Estamos juntas nessa, sempre estivemos! Não vai ser agora que eu vou te abandonar. Nem agora nem nunca!

Liz: Só não queria te ver sofrer… – abaixei a cabeça.

Eu não conseguia pensar em nada, Sophia continuou parada em minha frente, Dulce estava ao meu lado esquerdo e minha mãe em meu lado direito, eu podia sentir os olhos de minha namorada queimando em cima de mim, podia sentir todo o amor que ela sentia. Toda a coragem que estava vindo de dentro dela.

Anahí: Pelo que vejo ninguém obrigou ninguém aqui, e já que isso é uma mentira eu quero a verdade, quero entender. – Minha mãe levantou minha cabeça com sua mão olhando bem em meus olhos vermelhos.

Liz: Eu amo mãe… Essa é a verdade. Eu amo a Sophia! – Olhei para minha namorada que sorriu entre lagrimas para mim. – A amo mais que tudo.

Anahí: E você Sophia… Ama minha filha? – Minha mãe parecia calma e ao mesmo tempo feliz fazendo essa pergunta.

Sophia: Amo sim… – Ela sorriu para mim tão linda que tive que sorrir também. – A amo mais do que ela mesma imagina…

Dulce: Ama? E vocês lá sabem o que é amor? – A mãe de Sophia parecia esta apavorada. – Vocês são duas crianças achando que se amam… E ainda por cima são duas meninas…

Sophia: Olha aqui mãe, eu nem ligo se você é uma preconceituosa, eu não vou terminar meu namoro com a Liz, porque eu a amo sim a amo mais que tudo, e na verdade acho que quem não sabe o que é amor aqui é você! Porque de verdade, você não ama o Benedito nem aqui nem na china! – Nossa ela se revoltou.

Dulce: Olha aqui menina. – Ela pegou em seu braço. – Você é uma criança, mimada que não sabe nada da vida! Vai sofrer muito com isso, vai chorar muito ainda. Porque no mundo não há lugares para os gays! O mundo lá fora vai te massacrar e fazer você sofrer ainda mais.

Liz: Larga ela Dulce! – Eu estava ficando mais que nervosa com aquela situação.

Dulce: Você também é outra! Outra menina mimada que acha que sabe de alguma coisa. Como, como nunca reparei nisso como?!

Anahí: Dulce para com isso, porque esta fazendo esse show?

Dulce: Show Anahí? Tem certeza que é um show? – Ela olhou para minha mãe como se quisesse que ela lesse seus olhos.

Anahí: Meninas? – Ela olhou para nós que ainda estávamos com lagrimas nos olhos e a respiração ofegante. – Se vistam e voltem para lá, depois conversamos com vocês.

Dulce: Não, nada disso, quero resolver isso agora!

Anahí: Não Dulce! – Minha mãe falou alto e firme com ela. – Tenho que falar com você a sós primeiro, depois conversamos com elas. – Ela voltou a nos olhar. – Andem, voltem para lá! E não comentem nada, nem digam que nos viram.

Sophia: Ta bom. - Foi a ultima coisa que Sophia disse antes de pegar nossas blusas.

Não falei mais nada também, coloquei minha blusa o mais rápido possível. Já estávamos andando em direção as pessoas. Enxuguei minhas lagrimas, ajeitei meus cabelos respirei fundo tentando entender tudo que acabou de acontecer. Olhei para Sophia que estava ao meu lado e tentei sorri para ela que ainda estava com algumas lagrimas nos olhos. Passei a mão em seu rosto tentando fazê-la manter a calma e a abracei de lado em seguida sem parar de andar. Sophia sempre foi a mais corajosa a com mais atitude, a que sempre me defendeu, mas acho que dessa vez nessa situação verdadeiramente complicada a minha bravura e a sua covardia falou mais alto. Era estranho ver minha namorada tão frágil, era entranho me ver tão forte. Mas era bom, eu estava gostando de protegê-la.