Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Anahí

Liz fez a cama das crianças, logo eu e Ronald a colocamos deitadinhas no chão. Dormiam que nem pedra, nem se quer deram sinal que iriam acordar tão cedo. Desliguei a luz, liguei o abajur, peguei minha roupa de dormir, tomei um banho bem gostoso e logo me deitei tentando absorver tudo que havia acontecido em meu dia…

Brigamos de madrugada na festinha da praça, onde ela me disse que ‘todo o amor e a amizade que sentimos já morreu há muito tempo’… Depois disso, fizemos sexo assim que chegamos em casa, e antes dela dormir achando eu já estava dormindo contou uma musica de amor linda em meu ouvido… Quando acordamos agimos como se nada tivesse acontecido…  Discuti com ela no porão antes dela me comer mais uma vez… Brigamos serio em seguida… No Luau Dulce cantou mais uma musica maldita olhando para mim, tive que sair de lá e ela foi atrás. Eu e ela pegamos nossas filhas dando um amasso tenso na nossa árvore. Depois ela agiu como a própria mãe, sendo uma preconceituosa. Mandei as meninas voltarem para conversamos melhor. Ela agiu como se nunca tivéssemos brigado na vida me beijando como poucas vezes me beijou. E depois agiu como se me amasse mais que tudo nesse mundo… E agora eu estou aqui em meu quarto tentando entender tudo que me aconteceu nas ultimas vinte e quarto horas…

Minha cabeça estava até doendo com tanta informação contraditória… Meus olhos já estavam fechados e meu corpo pronto para dormir. Minha mente já estava começando a divagar por outros mundos. Já estava começando a imaginar e não a lembrar. Só faltava mais alguns minutos para eu entrar em sono profundo quando senti alguém se deitar ao meu lado e me abraçando por trás. Por alguns segundos achei que já estivesse sonhando, mas aquele cheiro, aquele toque em minha barriga, aquela respiração em minha nuca estava real de mais para ser um sonho… Rapidamente despertei de um quase sono.

Anahí: Sua louca, Enzo e Betina estão aqui! – Eu falei baixinho tentando me virar para ela.

Dulce: Tudo bem… – Ela disse sorrindo de canto.

Anahí: Tudo bem? – Eu consegui ficar de frente para ela, que ainda me abraçava. – Não, não esta tudo bem, eles podem acordar a qualquer momento… E se virem alguma coisa? O que vamos falar para eles? São crianças e crianças não conseguem guardar segredos… E podemos tamb… – Ela me calou com um selinho carinhoso e demorado.

Dulce: Relaxa… – Além de sorrir com os lábios ela sorria com os olhos também. – Só vim dormir com você…

Anahí: Dormir? – Eu fiquei meio confusa.

Dulce: Sim… – Ela sorriu de canto. – Mas não fique decepcionada, se quiser podemos tentar fazer algo sem acordar as crianças.

Anahí: Não. – Eu disse seria.

Dulce: Então… – Ela passou a mão em meu rosto. – Volta a dormir, só quero ficar assim com você, abraçadinha. – Ela me abraçou. – Sentindo seu cheiro. – Ela me cheirou me fazendo fechar os olhos – Tocando seu corpo. – Ela passou a mão levemente pela lateral de meu corpo. – Sentindo você desse jeitinho…

Eu fiquei calada, nada mais era preciso dizer naquele momento. Ela se ajeitou na cama enquanto eu deitava minha cabeça em seu colo, jogava minha perna sobre seu corpo e a abraçava com força… Dulce também não disse mais nada, ficou do jeito que ela disse que ficaria, me cheirando, abraçando e fazendo carinho em meu corpo até eu adormecer em seus braços, peitos e corpo…

Abri os olhos lentamente despertando de um sono maravilhoso, já deveriam ser umas duas da tarde e todos provavelmente estavam acordados, tentei me mexer e no mesmo instante senti que Dulce ainda estava abraçada a mim… Fiquei assustada imaginando mil coisa, que meu filho havia nós visto, que Liz esteve aqui mais cedo me procurando e nos pegou assim, que Christian veio ver se Betina estava acordada e nos pegou no flagra… Mas assim que olhei para baixo Enzo e Betina ainda dormiam como anjinhos e o silêncio continuo da casa me dizia que eu deveria esta errada, que todos estavam em sono profundo. Virei-me para Dulce com todo o cuidado do mundo para não desperta-la e mirei seu rosto que sorria de leve, como se tivesse tendo um sono bom. Seu rosto não era mais o mesmo de quase vinte anos atrás. Suas leves rugas de expressão davam um ar de mulher madura e não de uma menina sem nenhuma preocupação. Acariciei seu rosto que mesmo depois de tantos anos continuava com a mesma textura, fiz o contorno dos seus lábios com as pontas dos dedos e molhei os meus com a língua. Admirei-a por mais alguns minutos e sem conseguir me conter toquei seus lábios com os meus a abraçando com força.

Haviam se passado exatamente dezessete anos e dez meses que recebi aquela maldita noticia de que a pessoa que eu mais amava nesse mundo estava grávida, que havia me traído. Lembro-me como se fosse hoje, era novembro, o tempo estava frio, chuvoso e faltavam apenas um mês para fazermos dois anos de namoro. Éramos tão felizes, pelo menos eu era feliz e achava que a fazia feliz também…

Dulce despertou com meu beijo selado e meu abraçou. Sorriu tão linda para mim, que consegui esquecer completamente o que estava pensado. Me beijou calmamente em seguida e sorriu mais uma vez antes de dizer alguma coisa.

Dulce: Bom dia. – Seu sorriso meigo me dava vontade de beijá-la para sempre.

Anahí: Bom dia! – Eu disse quase num cochicho.

Dulce: Que horas são? Não deveria ter ficado aqui a noite toda… – Ela se sentou na cama se espreguiçando.-  Mas acabei pegando no sono. – Ela falava com uma voz doce.

Anahí: Não faço idéia, mas as crianças ainda estão dormindo, e pelo silencio todos ainda estão. – Eu continuei deitada olhando para ela.

Dulce: Bom… Então vamos levantar?

Anahí: Ah não! Acho que vou tentar dormir de novo.

Dulce: Não vai não! – Ela me puxou fazendo-me sentar também.

Anahí: Já te disse o quanto eu te odeio? – Não queria sair da cama e não queria que ela saísse também.

Dulce: Eu também Anahí, eu também… – Ela se levantou. – Mas vem… – Ela estendeu a mão a mim. – Vamos tomar um banho rápido para despertar e vamos acordar as meninas que temos que conversar com elas.

Anahí: Banho… Eu e você juntas? – Isso não ia prestar.

Dulce: Algum problema? Seria algo novo para você, tomar banho com uma mulher? – Ela disse meio sarcástica.

Anahí: Sabe como é né?! Não to acostumada em ter uma mulher nua junto a mim dentro do box.

Dulce: Então, vai ser uma experiência nova em sua vida. – Ela me puxou da cama, me fazendo ficar de pé a sua frente segurando em minha cintura.

Anahí: Não sei se seria uma boa idéia, posso não resistir e agarrar você!

Dulce: É pensando por esse lado… Acho melhor entrarmos logo no banheiro, antes que eu não resista e agarre você aqui.

Fomos para o banheiro quase correndo, trancamos a porta e demos um belo de um amasso ali mesmo, nos despimos por completa ainda nos beijando e acariciando. Mas eu tive que da um stop se não íamos acabar indo por outro caminho. Meu filho ainda estava ali no quarto dormindo e as pessoas poderiam acordar a qualquer momento. Entramos no box e nos banhamos sem muita pressa, nos beijávamos e nos acariciamos de vez em quando, nada muito quente, mas também nada muito frio. Logo terminamos, nos enrolamos cada uma em uma toalha. Dulce foi direto para seu quarto se vestir e eu fiquei no meu. Coloquei uma roupa qualquer, passei creme em meu corpo e estava a procura de um pente quando Dulce apareceu sorrindo à minha porta novamente, ela vestia um vestido simples, seus cabelos molhados e caídos sobre os ombros lhe dava um ar mais jovial.

Anahí: Temos que falar com nossas filhas. – Eu disse penteando os cabelos.

Dulce: É… – Ela ficou meio seria.

Anahí: O que foi?

Dulce: Não quero que elas sofram, não queria isso para nossas filhas. - Ela ainda estava parada na porta do quarto me olhando.

Anahí: Bom, acho que nem elas queriam né?! – Falávamos baixinho para não acordar os pequenos. – Mas eu acredito que nada nesse mundo acontece por acaso sabe? Tudo tem seu tempo e motivo para acontecer.

Dulce: É eu acredito nisso, mas mesmo assim, é minha filha sabe? Meu bebe… Agente sempre acha que com os nossos nunca vai acontecer algo do tipo.

Anahí: Você deveria parar com esse preconceito sabia?! – Eu larguei a escova de cabelo em cima na penteadeira meio irritada. – Sofremos tanto no passado por nossas mães, na verdade mais pela sua… E você ainda tem coragem de dizer isso? Serio mesmo, às vezes acho que você esqueceu-se de como é ser jovem.

Dulce: Não é bem assim… Só tenho medo do que o mundo lá fora vai fazer com a minha filha.

Anahí: Para… para de agir como sua mãe e olhe para dentro de você… Pense bem como se sentira no lugar da Sophia, imagine como deve esta a cabeça dessa menina agora. – Seu olhar era fixo em algum ponto neutro do quarto. – Agora lembre da gente, sim de mim e de você, quando sua mãe descobriu, lembre o que sentiu, lembre da dor, das lagrimas…

Dulce: Porque você ta fazendo isso? – Ela olhou em meus olhos e eles estavam tristes.

Anahí: Para você parar com esses seus pensamentos e aceitar sua filha como ela é.

Dulce: Ta… – Ela respirou fundo. – Vamos lá falar com elas.

Anahí: Agora?

Dulce: Sim, as acordamos e ainda podemos aproveitar um tempinho a só com elas já que todos estão dormindo ainda, ou parecem estar.

Encostei a porta do quarto e fomos caminhando até o quanto onde elas estavam. A casa estava mesmo toda em silencio, isso queria dizer que éramos as únicas acordadas ainda. Dulce foi à frente e abriu a porta com muita calma para não fazer nenhum barulho. Eu estava bem atrás dela observando cada movimento. Entramos em passos lentos e assim que as vimos suspiramos juntas. Na verdade estavam os quatro deitados na cama de casal, Manuel e Nina do lado esquerdo e Sophia e Liz do lado direito. Nossas filhas estavam tão abraçadinhas e lindinhas dormindo que eu pude ver um leve sorriso se formar no rosto de Dulce… Ela pegou em minha mão, olhou em meus olhos e sorriu antes de dizer alguma coisa.

Dulce: Vamos acabar logo com isso.