Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Liz

Acordei com minha mãe e Dulce chamando por mim e Sophia, juro que levei um susto e por alguns segundos me esqueci de que elas já sabiam da gente. Elas disseram que estariam esperando por nós na cozinha, que era para descermos logo antes que todos acordassem. Elas logo se retiraram do quarto. Eu e minha namorada nos entreolhamos e eu puder ver o medo em seus olhos, nos abraçamos ainda sentadas na cama e demos um selinho ao nos separarmos…

Fizemos nossas necessidades matinais, nos trocamos e logo descemos para encontrar nossas mães na cozinha. Estávamos uma grudada na outra, de mãos dadas, com muito medo nos olhos e pronta para enfrentar qualquer coisa. Eu trabalho Sophia também, sei que ainda somos menores de idade, mas podemos tentar uma emancipação e irmos morar juntas, sem problema algum. Mas mesmo tendo essa possibilidade eu estava com medo, com muito medo, e podia senti-lo vir de minha namorada também.

Elas estavam sentadas uma ao lado da outra, minha mãe tomava um copo de suco já Dulce bebia água. Elas nos olharam e eu senti uma ternura tão grande vir dos olhos delas que por alguns segundos meu medo foi completamente embora, mas assim que a mãe de Sophia se pronunciou mando-nos sentar nas cadeiras vazias que estavam à frente delas eu congelei de novo.

Anahí: O que vocês tem a dizer para gente? – Ela estava incrivelmente calma e seu olhar transmitia tranqüilidade.

Liz: Nada, vocês que nos chamaram. Achei que vocês iriam falar. – Acho que dava para sentir o medo em minha voz

Dulce: Bom, eu te amo Sophia, amo você e a Nina mais que tudo nesse mundo, vocês são as melhores coisas que já tive e vou ter na vida. – Ela estava sendo tão verdadeira que seus olhos brilhavam. – E eu te aceito como você é. E Liz, você sabe que eu sempre gostei muito de você, e não vai ser agora que eu vou deixar de gostar, tenho que me costumar com a idéia ainda, mas se é você quem a minha filha ama e quer ficar junto eu te aceito também.

Sophia: Obrigada mãe. – Ela lutava contra seu próprio choro.

Liz: Obrigada!

Anahí: E você Liz, você sabe que eu te amo, sabe que é minha princesa e sempre vai ser. Não te culpo por amar alguém, nem te julgo por esse alguém ser uma menina. – Minha mãe também estava tranqüila e com paz nos olhos. – A única coisa que eu quero é que você seja feliz, e se é a Sophia que faz isso por você, eu te apoio e te aceito.

Liz: Obrigada mãe, obrigada! – Eu estiquei minha mão para que minha mãe a pegasse. – Eu te amo e estou muito feliz por vocês entenderem. – Fiz um leve carinho na mão de minha mãe e voltei a minha posição inicial.

Anahí: Agora quero saber, como aconteceu e desde quando isso acontece, é recente?

Liz: Tem certeza que querem saber?

Dulce: Absoluta!

Anahí: Sim, desde o inicio.

Liz: Eu conto ou você conta? – Eu olhei para Sophia.

Sophia: Eu conto e você conta, nós duas juntas!

Liz: Ta bom. Pode começar você. – Eu sorri para ela.

Sophia: Bom… Eu e Liz desde pequenas sempre tivemos uma relação muito estranha. – Ela parecia meio receosa de contar essas coisas. - Sempre fomos muito ligadas uma a outra e sempre tivemos muita intimidade também. Sentíamos muito ciúmes e sempre queríamos estar o mais perto possível. – Ela respirou fundo e continuou com tudo. - Confesso que sempre a vi de um jeito diferente das minhas outras amigas e adorava quando tomávamos banho juntas, isso ainda criança com uns sete oito anos, ainda não tinha maldade, mas sempre soube que era diferente. Fomos crescendo e o ciúmes foi crescendo junto, lembro que chorei sem entender o porquê, depois que Liz me contou que havia dado seu primeiro beijo em um menino do elenco do filme que estava fazendo. Senti tanto ódio, mas tanto ódio que beijei um menino da figuração também e fiz questão de beijá-lo na frente dela. Na época eu achei que fosse por ela não ter combinado isso comigo e ter feito sem eu saber, mas só depois de muito tempo que eu fui entender o verdadeiro porque.

Liz: Eu me lembro disso. Lembro que também senti algo horrível em meu coração quando ti vê beijando aquele menino estranho.

Sophia: Isso foi quando Liz tinha doze anos e eu onze. – Nossas mães estavam tão concentradas na historia que mal piscavam. – Depois do incidente do primeiro beijo com os meninos alguma coisa aconteceu, porque nos distanciamos um pouco, ainda andávamos juntas como sempre, mas não falávamos sobre o que sentíamos e nem se estávamos ficando com alguém. Simplesmente fazíamos e omitíamos isso uma para outra. Eu sentia vergonha de contar, me sentia como se tivesse traindo-a. Mas com o tempo fomos nos acostumando e começamos a contar uma para outra dos meninos que ficávamos. Uns dois anos se passaram e conhecemos uma coisa maravilhosa chamada álcool.

Anahí: Calma ai, com treze anos?

Sophia: Exatamente, eu tinha treze e Liz estava com catorze perto de fazer quinze.

Anahí: Quem foi o maluco que vendeu isso para vocês? – Ela estava abismada.

Liz: Ai mãe, isso não importa, já passou, faz tanto tempo! Deixa ela terminar de contar!

Anahí: Ta, continua.

Sophia: Continuando… Tomamos uma mistura doida em uma festinha na casa de uma amiga que os pais haviam viajado. Não bebemos muito porque ficamos com muito medo de nos descobrirem. Mas ficamos de beber mais algum outro dia. Durante quase um ano inteiro, bebíamos muito raramente quando íamos à casa de alguém, mas nunca chegamos a ficar bêbadas… E era algo inevitável, eu bebia um pouco, ficava alegre e pensamentos loucos começavam a surgir em minha mente, foi ai que comecei a achar estranho de mais a minha vontade louca e maníaca de esta perto da Liz e de querer beijá-la. Mas eu sempre achei isso o cumulo da loucura e guardava isso dentro de mim a sete chaves, porque em minha cabeça se algum dia Liz descobrisse, ela nunca mais iria olhar na minha cara…

Liz: Comigo foi quase igual. – Eu a interrompi. - Sempre senti ciúmes, sempre quis esta perto dela, mas nunca tive maldade e nunca pensei em algo do tipo. Mas confesso que também achava estranho eu querê-la sempre só para mim, só não entendia bem o porque… – Olhei para Sophia.- Continua amor…

Sophia: Eu me lembro como se fosse hoje, era fevereiro, estava quente muito quente, Liz tinha feito dezesseis anos a pouco tempo e eu tinha catorze. Era sábado e pela primeira vez compramos bebidas, os pais de uma amiga estavam viajando a trabalho e ela nos chamou para fazer uma social na casa dela. Éramos poucas pessoas, um grupo de cinco meninas e três meninos, oito no total. Iríamos dormir lá então pela primeira vez iríamos poder beber o quanto quisermos. Bebemos muito, mas muito mesmo. Quando me dei conta eu e Liz estávamos sozinhas, já era noite e os outros seis sumiram pela casa e sabe lá deus o que eles estavam fazendo. Resolvemos ir para a piscina, estava quente de mais e estávamos bêbadas de mais também. Colocamos nossos copos na borda da piscina, tiramos nossas roupas e nos jogamos na água gelada só de calcinha e sutiã. Brincamos muito ali, rindo alto e falando um monte de besteira, mesmo bêbadas estávamos conscientes de tudo que fazíamos…