Fanfic: Um passado no presente -Portinon- (Finalizada) | Tema: Portinon

Anahí

Já era noite e Liz ainda não tinha nem dado sinal de vida. Onde aquela menina estava o que será que havia acontecido, eu já não aguentava mais chorar. Uma adolescente no estado dela sem duvidas é capaz de qualquer coisa. A todo o momento me vinham coisas horríveis em mente, como noticias do tipo: “A jovem atriz Liz Puente, filha da famosa Anahí Puente é encontrada morta numa rua escura em uma parte pobre da cidade, tudo indica que a morte foi causada por uma overdose”… Mas Dulce estava ao meu lado segurando minha mão, ela ficou o tempo todo comigo. Se não fosse ela eu já teria tomado um calmante daqueles, teria ligado para baba de Enzo e deixava o resto nas mãos de Deus. Eu estava sentindo algo horrível, ao mesmo tempo em que eu pensava em minha filha eu conseguia reviver a cena em que Dulce me dizia que estava grávida, os sentimentos, as lagrimas, a falta de ar, a perca do chão, o ódio, a raiva, a tristeza. Eu imaginava exatamente o que minha filha estava sentindo naquele momento. E por isso estava tão preocupada com ela.

 Dulce ligou para casa, mas Dona Eleonora, a governanta, disse que as meninas haviam saído uma meia hora depois dela, sem dizer para onde iam. Tentou o celular, mas também não conseguiu nada. Eu podia ver que mesmo ela se fazendo de forte, também estava muito mal por dentro. Afinal, quem ia ser avó aos quarenta era ela e não eu. Era uma situação um tanto estranha e familiar ao mesmo tempo, eu queria poder voltar no tempo e fazer alguma coisa, não sei se comigo ou se com minha filha, eu só não queria estar sentindo isso tudo de novo. Porque mesmo dessa vez não sendo comigo diretamente, esta sendo com minha filha e de verdade esta doendo do mesmo jeito.

Liz entrou em casa muito diferente do que quando a vi lá em baixo, quando estava em prantos e totalmente desnorteada. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, mas não havia lagrimas nele, seu olhar estava vazio e com esperança ao mesmo tempo. Eu conseguia me ver neles, eu conseguia sentir a dor que ela estava sentindo. Aparentava calma, até posso dizer que eu conseguia ver um leve sorriso em seus lábios. Levantei correndo e fui abraçá-la o mais rápido possível, nunca mais quero ter a sensação de que vou perder minha filha de novo.

Anahí: Ai minha filha, nunca mais faça isso, por favor! – Eu a abraçava com força. – Você me deixou tão preocupada. Pensei em tanta coisa ruim, estava quase indo a delegacia dizer que você tinha sido raptada! – Beijei seu rosto varias vezes sentindo um cheiro familiar. – Estava fumando Liz?  - A olhei sem acreditar.

Liz: Isso não vem ao caso mãe. – Ela se afastou de mim.

Anahí: Claro que vem! Fumar não vai resolver nada! – Peguei em sua mão e a cheirei, sim ela estava fumando.

Liz: Mãe agora não! – Ela parecia meio tonta, rodou olhando ao redor e sentou ao lado de Dulce onde eu estava. – Senta mãe, quero falar…

Sentei a frente delas na mesinha de centro. Não fazia idéia do que ela tinha para dizer. Sua expressão estava tensa, seu olhar meio vazio, muito parecido com o que eu via no meu espelho. Ela respirou fundo, olhou para mim, olhou para Dulce, olhou para suas próprias mãos até fixar seu olhar no meu.

Liz: Mãe eu pensei muito, pensei também em como você sairia de uma situação dessas. E tentando pensar como você, que é a pessoa mais certa que eu conheço em minha vida, que é o meu exemplo de mulher… – Ela fez uma pausa desviando o olhar por alguns segundos. – Eu amo a Sophia mãe, eu a amo tanto, que ficar sem ela é muito pior que uma traição. E eu a perdoo, eu quero ficar com ela, se ela ainda me ama eu vou continuar com ela e serei mãe desse bebe junto a Sophia.

Anahí: Como assim? O que isso quer dizer?

Liz: Que você vai ser avó! – Sorriu meio de canto, ela estava falando serio mesmo. Eu nunca imaginei em minha vida uma coisa dessas. – Não vou perdê-la por isso. Não vou deixar o meu amor ir embora assim.

Senti uma dor ainda maior, minha filha havia acabado de me dar uma lição de moral e ainda disse que sabia que eu teria feito o mesmo. Como uma menina de apenas dezessete anos pode ser tão madura a ponto de assumir um filho que nem é dela, de continuar com a pessoa mesmo depois da traição. Sem duvidas minha pequena esta enganada sobre o meu respeito, eu sou fraca e até hoje não consegui perdoar Dulce.

Liz: Agora eu vou atrás dela. – Se levantou rapidamente. – Vou atrás do meu amor, pedir explicações e dizer que a perdoo.

Dulce: Não sabemos onde ela esta, mas já deve esta chegando lá em casa, eu te levo!

Anahí: Eu vou também! – Levantei-me.

Liz: Não precisa mãe.

Anahí: Precisa sim. – Sai andando em direção ao corredor que dava para os quartos. – Vou chamar o Enzo e já podemos ir.