Fanfic: A Donzela e o Monstro AyA (Finalizada) | Tema: AyA

 

-Aí tens sua prova. Agora, leve a 
seus soldados -declarou Alfonso com frieza. Teve que morder o interior do lábio 
para não rir. Empurrou a Anahí atrás dele e levou os punhos aos quadris-, ou o 
direi ao rei Pedro. Estáis invadindo minhas terras.

  
-Dulce, podes levar isso para lavar -ordenou Anahí num sussurro 
frenético. Sentiu-a mover-se e pôde imaginar a urgência com que teria olhado a 
jovem donzela.                             
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-Mas... a cerimônia! Não pode ser vinculador. Não é válido quando se faz 
pelo rito pagão; não estaria reconhecida -protestou fracamente Enrico.

  
-Faz um ano que me converti à religião do rei Pedro. Talvez não 
soubessem, mas o próprio rei Pedro foi testemunha de meu batismo, e um dos 
padres do rei realizou a cerimônia nupcial completamente vinculadora. -Alfonso 
sorriu com gesto de louco ao ver o desconforto do conde-. O padre está 
redigindo os documentos hoje mesmo.

  
-Assim é, pai -interrompeu Anahí. Ficou ao lado do duque e viu a 
diversão em seus rasgos ao observar o rosto iracundo de seu pai- Lhe dei ao 
duque meu dote de sua parte, embora esteja segura de que quereráis acrescentar 
sua contribuição à soma. Só lhe prometi o que sabia que podia lhe dar: a 
herança de minha mãe. Por favor, envie-me isso junto com meu guarda-roupa pois, 
tal e como assinalou Derrick, não posso me vestir como uma duquesa se não. 
Agora mesmo não há tempo de mandar costurar mais vestidos.

  
-Não acredito no que diz sua insolente língua -disse Enrico.

  
-Acredites, pai. -Anahí se aproximou mais a Alfonso- Não podes fazer 
nada a respeito; o fato, feito está.

  
-Olhéis a suas costas, aí tens a suas testemunhas -declarou Alfonso, 
zangando-se por momentos ante a persistência do conde-. Ucker, se aproxime.

  
Ucker ficou em pé, sorriu com graça e assentiu com a cabeça.

  
-Meu senhor.

  
-Diga-o -ordenou Alfonso sem lhe olhar diretamente aos olhos, pois 
observava vitorioso ao conde.

  
-Sim, eu fui testemunha -disse o homem com voz alta e firme-. Foi uma 
cerimônia vinculadora e digna, oficilizada pelo mesmo padre que enviou aqui o 
rei para atender a Igreja do povo. Não se perdeu detalhe; fui testemunha disso.

  
-Não ficará assim! -vaiou Derrick, cansado de esperar a que Enrico se 
movesse-. Váis ser minha mulher; não tolerarei isto. Está ligada a mim, assiim 
como se tivéssemos estado casados.

  
-Posto que a honra assim o dita, pagarei-lhes pelos inconvenientes 
causados. Digam um preço justo. -Alfonso sorriu, levando as mãos à costas para 
agarrar a Anahí. Abraçou-a, apertando-a possessivamente contra seu peito. Tinha 
a frente pregada ao tecido de sua túnica, e lhe tremiam os ombros sob seu 
abraço, mas não lutou por afastar-se, pois a envolvia com seus braços para 
protegê-la.

  
-Não me daráis dinheiro... -começou a dizer Derrick.

  
-Bem, então assim ficamos, pois não o levaráis a duquesa. -Alfonso fez 
um gesto com a cabeça a Ucker-. Escoltem-nos pra fora.

  
-Sim, meu senhor. -Ucker se deu a volta para partir e esperou que os 
homens lhe seguissem. Vários dos cavalheiros ficaram em pé de repente para 
ajudar a Ucker.

  
-Derrick ficará fora do castelo para assegurar-se que não tratas de 
fugir, e eu sairei imediatamente em busca do rei. Sou um líder de confiança e 
leal a Witan. Pagaráis por ter insultado meu nome. Quando tiver acabado com 
você, O Ealdorman Baudoin pedirá sua cabeça! -Enrico  saiu  
zangado do castelo. Lorde Derrick girou sobre os talões e lhe seguiu.

  
Alfonso observou aos homens partir antes de soltar o esbelto corpo de 
sua mulher. Apoiou  o queixo no cabelo da 
jovem e sorriu com malícia. Com gesto ausente, passou-lhe a mão pelas costas, 
acariciando-a com suavidade.

  
Ao ver que lhes observavam, Alfonso clareou a garganta. Anahí elevou a 
vista para lhe olhar, cravando seu inocente olhar no seu. Inclinou a cabeça 
inquisitivamente, observando brevemente o firme abraço com qual lhe rodeava a 
cintura.

  
-Me perdoe -disse Anahí com suavidade, deixando cair os braços. Tinha 
manchado a túnica com o sangue do nariz, embora não aparecia no tecido negro. 
Fez uma careta e tratou em vão de limpar o sangue com a mão até que ao final, 
incapaz de tirar a mancha, suspirou e deixou cair as  mãos-. Obrigada por manter sua palavra.

  
Alfonso elevou o dedo para lhe tocar com suavidade a ponta do nariz. 
Franziu o cenho ao ver a mancha de sangue que lhe cobria a bochecha e o queixo. 
A ponta do nariz estava começando a inchar já com um hematoma.

  
-Já sei. -Anahí tratou de ocultar o nariz com a mão, e se separou dele-. 
Devo estar horrível.

  
Alfonso estava a ponto de responder quando elevou a vista. Os 
espectadores observavam ao casal em silêncio. Tragou-se o nó que lhe tinha formado 
na garganta e ignorou o rápido pulsar de seu coração.

  
-Irei limpar-me -disse Anahí, ao ver que não lhe respondia. Separou-se 
dele cobrindo o nariz e quase correu entre a multidão em sua precipitação por 
sair dali.

  
Alfonso não queria que se retirasse, mas a deixou partir. Sentiu a 
frieza de seu sangue no peito e, com um gesto, indicou à multidão reunida que 
se dispersasse. O duque queria ir atrás de sua mulher, mas sabia que não podia; 
primeiro tinha que assegurar-se de que seus incômodos convidados partissem sem 
maiores incidentes.

  
-Quatorze vezes? -perguntou um soldado ruivo, assentindo com a cabeça. 
Saiu atrás de Alfonso e os soldados que tinham escutado seu comentário riram 
com júbilo.

  
Alfonso não se mostrou surpreso ante seu comentário, nem respondeu 
quando algum outro acrescentava seu comentário à brincadeira. Os saxões nunca 
tinham se aproximado com tanta liberdade, e o duque encontrou agradáveis suas 
brincadeiras fáceis. Quando um deles lhe bateu nas costas, Alfonso sorriu e 
disse com gesto sério:

  
-O que? Não podéis proporcionar tanto prazer a uma mulher em uma só 
noite?

  
Os homens riram com vontades, mostrando um novo respeito a sua líder.

 

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