Fanfic: A Donzela e o Monstro AyA (Finalizada) | Tema: AyA
-Quem é, Ulric? Por que veio? Acredito que é um mau presságio. -Alfonso
percorria um quarto do salão principal, se virava e voltava a percorrê-lo, com
inquietação. Sempre que algo lhe preocupava, passeava. Mantinha as mãos
fortemente pegas aos flancos e se movia em círculos, sem deter os pés nem um
segundo.
Quem deixaria a uma dama às portas de meu castelo para que morrera? Quem
se atreveria a conspirar contra mim?
Entrecerrou os olhos e penteou o cabelo para trás com impaciência,
esfaqueando o ar com a palma da mão.
-Meu senhor, não acreditáis nos presságios -disse Ulric com lógica. O
duque grunhiu e, assim que teve acabado sua pequena diatribe, o criado
continuou-: Assim é impossível que seja um mau.
Por toda resposta, Alfonso resmungou e seguiu passeando. Seus pés
pisoteavam as palhas que havia sobre o chão de pedra e levou a mão à faca que
levava a cintura.
-Hei posto a Haldana a cargo de sua senhoria. Devem ter lhe dado uma boa
surra e pode ser que tarde vários dias em recuperar-se de suas feridas, mas
Haldana acredita que se recuperará. -A perplexa declaração de Ulric não era o
que o duque procurava. De forma sarcástica, o homem acrescentou-: Graças a sua
generosidade, meu senhor, recuperará-se sem problemas.
Senhoria? Esta mulher é tão nobre como você, Ulric.
Alfonso se virou para observar ao imprudente criado. Desencapou a faca
com urgência e o lançou pelo ar, incrustando a folha em um toco de madeira que
havia sobre uma mesa próxima.
Ulric se dirigiu até a faca sem parecer impressionado. Puxou com força
para tirá-la do toco e a devolveu a seu senhor. Alfonso o recolheu sem fazer
nenhum comentário e o embainhou no cinturão. Se não levasse tanto tempo a seu
serviço, o duque teria considerado a possibilidade de jogar a Ulric de seu
castelo mas, em lugar disso, passou por cima do imprudente sorriso de
suficiência do homem e se colocou a andar de novo.
-Também parece que a dama havia caído sobre um montão de esterco, ou que
a tenham atirado aí. Acredito que conviria perguntar aos camponeses que
trabalham com os porcos -lhe aconselhou Ulric-. Dei instruções para que a
banhem e lhe costurem roupas novas.
-Não, não desperdicem o tempo costurando para a intrusa. Se limite a
arrumar as roupas que levava postas -ordenou Alfonso com um vigoroso golpe de
punho.
O duque pensou na pestilenta capa que levava. Enquanto a introduziam no
castelo, distinguiu o corte fino de suas vestimentas, apesar de estarem
destroçadas. Não tinha querido aproximar-se muito a ela, assim que se absteve
de inspecioná-la mais de perto, mas além de haver-se caído sobre esterco,
haviam-na coberto com os cadáveres podres de coelhos estripados, que tinha
ordenado queimar assim que os tivessem tirado de cima. Ainda acreditava poder
perceber seu asqueroso aroma no ar por onde os cavalheiros tinham passado para
subi-la a um dos aposentos.
Sua voz soou excepcionalmente alta na desértica sala e se voltou para
olhar a seu criado.
-Não me corresponde cuidar dela, nem desejo fazê-lo. Quero que parta
assim que desperte. Já ficou mais que o devido!
-Meu senhor -assentiu Ulric; não gostava da idéia de desfazer-se da
jovem, mas sabia que não podia insistir no tema.
Ao criado não lhe impressionou a furiosa demonstração do duque; estava
mais que acostumado às mudanças de humor do nobre. Ninguém que lhe visse
percorrer a sala uma e outra vez pensaria que o nobre estava inquieto, pois Alfonso
parecia um monstro e lhe considerava como tal. Mas Ulric lhe conhecia bem.
Talvez o nobre parecesse desfrutar de
sua crueldade, mas a realidade era que lhe aterrava qualquer coisa que
irrompesse em seu zangado mundo.
-Argh! -gritou o duque com raiva.
Justo então, Ulric viu que uma das criadas saxãs entrava na sala com uma
bandeja com taças de vinho. Dulce era uma menina linda e cheia de vida, embora
bastante recatada. Sua esbelta figura se balançou ao deter-se com nervosismo.
Afastou seus redondos olhos da fumaça de pó e palha que levantava seu senhor em
seu louco caminhar. Deu um apressado passo para trás e desapareceu pela porta
da cozinha, totalmente inconsciente de que Ulric tinha visto sua apressada
retirada.
Ulric sacudiu a cabeça, penalizado; odiava o temor que o duque provocava
na gente de Lago Azul. A maior parte do tempo os criados passavam ao seu lado
nas pontas dos pés e se esforçavam em cumprir com suas tarefas embora ele não
estivesse perto. Como Dulce, que tentava pôr a mesa para a comida enquanto supunha
que o duque devia estar fora do castelo.
Ulric sabia o que murmuravam, e sabia que Alfonso o merecia por seu
exaltado temperamento; assim como sabia que, se o duque deixasse de
compadecer-se, chegaria a ser muito melhor líder. Depois de seus muitos anos de
serviço, Ulric tinha se acostumado à forma de ser de seu senhor e, apesar de
que agora todo mundo temia a Alfonso, Ulric sabia que nem sempre tinha sido
assim. Houve uma época em que o duque era bastante encantador, mas esses tempos
se foram para sempre e, no lugar do homem encantador, havia agora um monstro
autoerquido.
Ulric sacudiu a cabeça, afastando os olhos da porta à cozinha pela qual
a criada desaparecia. Voltou a centrar a atenção na discussão que estavam
tendo.
-Quem é? -perguntou-lhe o duque-. Não reconhecéis o brasão de sua capa?
Ulric estava contente que Lorde Herrera permitisse que a mulher ficasse
até que se recuperasse, sabedo que, quando chegasse o momento, poderia lutar
com Alfonso e seu afã por desterrá-la do castelo. Entretanto, preocupava-lhe
que o duque atuasse de forma tão desumana
em público, embora ali não houvesse ninguém para escutar seu sermão. Ao
ver que seu senhor requeria uma resposta, Ulric suspirou.
-Não sei, meu senhor. Arrancaram o brasão da capa, assim não posso ver a
que família pertence. -E escondendo o brilho de picardia de sua expressão, o
criado continuou-: A meu parecer, é uma dama muito bonita.
-Com o rosto cheio de hematomas? -perguntou Alfonso, elevando uma
sobrancelha com incredulidade antes de descartar a idéia com uma mão. Deixou de
dar voltas e deu vários passos para frente, até ficar cara a cara com seu
criado-. Me dá no mesmo como seja a dama. Preferiria que estivesse morta, para
poder queimá-la e me desfazer dela e do pestilento aroma que trouxe.
-Meu senhor -assentiu de novo Ulric, lhe compreendendo. Conseguiu
dissimular o olhar cáustico que lhe dirigia e ocultou seu sorriso.
-Talvez seja uma benjamima, e por isso sua roupa está destroçada. Pode
ser que tenha roubado a capa a uma nobre a que assassinara. Estou seguro de que
o Ealdorman Baudoin, essa cabra incompetente, convencerá a Witan e nos acusará
de havê-la ajudado. Não me estranharia que Pedro e seus fyrd nos pendurassem
junto a ela na forca. - Alfonso entrecerrou os olhos e seu olhar se fez mais
duro, como se estivesse considerando o que fazer-. Mudei de opinião, levem-na à campina e a abandonem ali. Fizemos
o possível por ela.
-Isso seria assassinato; é impossível que sobreviva na campina sem ajuda
-protestou Ulric com o tom grave que sabia que incomodava a seu senhor. Não lhe
ia obrigar a fazer nada movido pelo aborrecimento nem pelo medo, e não tinha
nenhuma intenção de levar a cabo suas cruéis ordens.
-Muito bem -concedeu Alfonso com desdém. Grunhiu-lhe com ferocidade a
Ulric e sua boca se curvou em uma careta maliciosa-. Lhe dêem de comer e de
beber, depois levem-na ao campo e a deixem em alguma cabana. Que qualquer outro
dela se encarregue, não cobrirei a nenhuma benjamima assassina, não quero
ver-me envolvido!
-Não pensastes que, talvez, a nobre vítima seja minha senhora?
Preferiria que o rei lhes apontasse por não havê-la socorrido? Te atreverias a
dirigir a cólera de Pedro que cairia sobre nossas cabeças? Total, por que? Pelo
irrisório preço de um pouco de pão e água? Pelo pouco tempo que leva Haldana a
ocupar-se dela? Nem que fosses tu quem se encarrega dela; nem sequer têm que
vê-la se não queréis. -Ulric sorriu ao ver que tinha a atenção de seu senhor.
Arranhou-se a cabeça meio calva antes de olhar audazmente a seu senhor-. Talvez
minha senhora seja inocente.
O comentário recebeu o iracundo grunhido que Ulric esperava.
Estremeceu-se ante o brilho de dor que viu na cara do duque. Entretanto, o
sentimento foi tão breve que Ulric se perguntou se não o teria imaginado. Ao
longo dos anos, Alfonso vinha mostrando cada vez menos suas emoções, até que o
criado deixou de lembrar da dor profundamente enraizada que sabia que residia
no duque.
-Nenhuma mulher é inocente, especialmente se se trata de uma nobre. Não
combina com sua natureza ladina. Acredito que a traição da qual são capazes
ultrapassa com acréscimo a do homem -declarou Alfonso. Devido ao aborrecimento,
seus olhos pareceram tornar-se de um negro sobrenatural e a voz lhe quebrou.
Subindo e baixando o peito, continuou em um sussurro-: Se não for culpada de
assassinato, será-o de qualquer outra coisa. Todas as mulheres o são. Talvez
por isso a abandonaram para que morrera.
-Pode ser que esta seja inocente -insistiu Ulric com voz suave. -Além
disso, atreverias-te fazer zangar ao rei Pedro quando vivemos em suas terras, a
sua mercê? Antes de condená-la a morte, acredito que ao menos deveriam tratar
de descobrir quem é; pode ser que o rei lhe recompense por sua cavalheiresca
façanha.
-Mais recompensa que esta? -soprou Alfonso, abrangendo com um gesto a
sala principal do castelo de Lago Azul. Passou os dedos pela linha de sua visão
para afastar da poeirenta pedra negra das paredes e da palha suja que cobria o
chão. A sala estava desordenada e cheia de pó, tal e como ordenava Alfonso que
permanecesse-. Acredito que não necessito mais recompensa do rei. Um título
vazio e terra estrangeira é mais que de sobra para viver em paz em Wessex até
que comece a guerra que seguramente virá.
Ulric riu com ironia e tratou de ocultar sua decepção pela atitude do
duque, mas cada vez se fazia mais difícil suportar o temperamento daquele
homem.
-Este tempo de paz não pode durar para sempre. Logo voltarão a começar
as mortes e então, talvez encontrem sua própria paz quando afundarem sua
maldita espada no sangue dos saxões, sem lhes importar de ter convivido com
eles durante um ano.
-Sim, dentro de pouco abriremos passo até a fronteira lutando, ou
morreremos no intento. -Alfonso sorriu
ante a perspectiva. Ulric fez uma careta; mas o duque não se deu conta-. Embora
não me importa muito voltar. O que dizem? Deveríamos nos dirigir ao sul em vez
disso, e nos unir aos francos ou inclusive aos mouros? Acháis que Victor se
daria conta se partíssemos esta mesma noite?
-Sim; acredito que se seu tratado de paz se rompesse porque o refém mais
prezado do rei Pedro desaparece, daria-se conta. -Ulric sacudiu a cabeça em
protesto-. Não serei a causa de uma nova guerra.
-Há, mas eu tenho que ser a da paz -murmurou Alfonso com aborrecimento.
O duque tinha repetido em numerosas
ocasiões que qualquer coisa seria melhor que perder o tempo em um lugar que não
lhe atraía absolutamente. Assinalando a Ulric com o dedo, o duque perguntou-:
Achas que importaria se qualquer um dos outros reféns desaparecesse? Eu
acredito que os reis nem sequer se dariam conta. Por todos os demônios,
provavelmente a estas alturas outros hajam tornado já a casa.
-É sua culpa, e de ninguém mais, que estejéis aqui. Vós pedistéis que
lhes enviassem como prisioneiro; assim
que tu mesmo os fizestes a prisão. -Ulric logo que mostrou compaixão ao lhe
recordar ao duque sua situação. Alfonso sacudiu a mão em um gesto de chateio.
Ulric e alguns dos outros não tinham tido mais opção que vir a terra
estrangeira, mas a Alfonso tinham dado uma opção. Por pequena que fora-.
Fizeste seu próprio pacto com o rei, e agora devéis viver com isso e com a
responsabilidade que suporta. E se essa responsabilidade implica que vivas aqui
em paz, isso é o que faréis.
-Argh! -Alfonso jogou fumaça com um grunhido sobrenatural e voltou a
assinalar ao criado com o dedo. Seus olhos se obscureceram e pareceram sair das
órbitas. Grunhindo, a cara do duque se permutou na de uma besta asquerosa e,
durante uns minutos que pareceram eternos, não se moveu de onde estava. Depois,
retirando o dedo de novo, disse-: De acordo! Pode ficar. Mas o ocuparéis dela
vós e me avisaréis assim que desperte ou se morreu. Não quero saber nada dela
até então.
-Sim, meu senhor. -Ulric arranhou o queixo para dissimular seu sorriso. Respirou
fundo, contente por sua pequena vitória.
-E lavem-na! Não quero que empeste o castelo com seu fedor. -A voz de Alfonso
atravessou o ar enquanto observava o oco da escada.
-Sim, meu senhor. Como desejéis. -Ulric se inclinou, passando-a manga pela
testa.
-Não, se fosse o que desejo, não estaria aqui. -Alfonso se dirigiu à
porta e só se voltou para ladrar-: Vou retomar meus exercícios.
-Mas meu senhor, a tormenta! -chamou-lhe Ulric. Muito tarde, uma manta
de chuva apareceu atrás do duque quando atravessou a porta. Num abrir e fechar
de olhos, Alfonso desapareceu na tormenta da manhã.
O sorriso de Ulric não desapareceu ao voltar-se para o oco da escada.
Subiu com passo ligeiro as estreitas escadas que levavam ao dormitório da
donzela. Com cada passo, o molho de chaves que levava a cinto entoava uma
alegre melodia metálica. Fazia tempo que não via Alfonso incômodo, e o velho senescal soube que o
duque já estava vendido.
Autor(a): JuHerrera
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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#TraumadasSiguenLatiendo8BDay" Feliz dia das traumadas , caps dedicados as minhas primeiras leitoras Mabelle , flafeitoza e mabellekms se tiver + comentarios posto + hoje , ai vai + 1 *** -Assim que meu senhor deixa que a pobre garota fique? -pergunto Haldana quando Ulric entrou na lúgubre habitação para c ...
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Comentários da Fanfic 98
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ilusAovondy Postado em 10/12/2015 - 11:56:37
Você gosta de fanfics vondy? De romance e com hots? Vou te indicar uma que eu amo e acho perfeita, e acho que você iria gostar. http://fanfics.com.br/fanfic/51129/por-voce-adaptada-vondy . Leia e se gostar fav.. Beijos.
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daninha_ponny Postado em 31/01/2014 - 14:28:36
É lindaaaaaaa ameiiiiiiiiiiiiii......ameiiiiii
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franmarmentini Postado em 31/01/2014 - 08:41:04
AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AME I...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI.. .AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AM EI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI. ..AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...A MEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI ...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI... AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AME I...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI.. .AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AM EI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...AMEI...ESSA FIC FOI MARAVILHOSA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! MUITO LINDA MESMO!!!!!!!! vou ficar aguardando vc postar a outra fic* e já te add. no face e no TT bjus!!!
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lyu Postado em 30/01/2014 - 00:08:02
to ficando sem cabelo! de tanto puxa-los! ele não pode ter morrido. não pode
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daninha_ponny Postado em 29/01/2014 - 23:59:32
Pelo amor de Deus.....ele no pode ter morrido... To chorando ate agora....q aperto no coração.... Isso é maldade....
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franmarmentini Postado em 29/01/2014 - 22:53:58
ainda to chorrando...poxa não faz isso comigo pelo amor de deus!!!!!!!!!!!!ele não pode ter morrido por favor por favor!!!!!!!!!!! há na outra fic vc postou repetido to ansiosa pra ler lá também bjus
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franmarmentini Postado em 29/01/2014 - 22:44:25
poxa eu to chorrando muito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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lyu Postado em 29/01/2014 - 16:03:44
eu vou pirar se ele morrer!
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daninha_ponny Postado em 29/01/2014 - 00:16:03
Aiii ele no pode morrer......tendo infarto m 3.....2...1.....
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iza2500 Postado em 28/01/2014 - 22:37:02
Ai o Poncho não pode morrer, aff! esse rei. posta mais!