Fanfic: A Donzela e o Monstro AyA (Finalizada) | Tema: AyA

 

  
-Não, majestade -respondeu Alfonso com frieza. O acento de sua voz fez 
que sua mulher se estremecesse.

  
-Então, como é que estáis aqui, Lady Anahí? -perguntou o rei, confuso. Elevou 
uma sobrancelha à espera de sua resposta.

  
-Trouxeram-me aqui. -O estresse fez que lhe quebrasse a voz e teve que 
clarear a garganta.

  
-Se explique -ordenou o rei.

  
Anahí olhou primeiro ao seu pai e logo a seu marido. Alfonso se virou 
para ela para assentir firmemente com a cabeça; Anahí tremia de medo. Lhe teria 
gostado de consolá-la, mas não sabia o que dizer.

  
-Lorde Derrick era meu noivo, é certo. Mas tentou consumar o matrimônio 
antes de nos casarmos. -Anahí respirou fundo e olhou ao chão, envergonhada.

  
-Mentira! -gritou Enrico, elevando a mão para esbofetear a sua filha, 
mas detendo-se ao ver o olhar do rei-. Lhe faz dizer mentiras! Tem-lhe medo.

  
Assim que seu pai baixou a mão, continuou:

  
-Não é mentira, é a verdade. Derrick me pediu que me encontrasse com 
você em uma caçada.  Disse-me que querias 
que me unisse a você.

  
-Isso é mentira. Não caçei desde antes que sua mãe morrera -disse Enrico.

  
-Isso foi o que lhe disse, mas Derrick insistiu. -Para ouvir suas 
palavras, um murmúrio se estendeu entre os presentes. Virou-se para o rei 
desculpando-se com o olhar e prosseguiu-: Derrick queria que me deitasse com 
ele e com seus amigos no bosque. Neguei-me e me bateu até me deixar sem 
sentido, matou a minha donzela Lynne e me deixaram às portas do castelo de Lago 
Azul pensando que estava morta. Tal e como Derrick me disse depois, queria que 
culpassem a meu marido, o duque, de minha morte, de maneira que ainda pudesse 
herdar o título nobiliário e as terras de meu pai. Se não tivesse sido pelos cuidados 
de Lorde Herrera e seus criados, provavelmente teria morrido. Devo a Lorde Herrera 
minha vida.

  
-Lynne fugiu; e não se encontrou nenhum corpo -declarou Enrico 
fracamente, esfregando-a comissura da boca com o punho.

  
-Está morta -disse Anahí, segura de si mesma-. Vi como a matavam. 
Ninguém procuraria um corpo escondido abaixo da terra e, ao fazê-lo, não 
enviarias a Derrick e a seus homens?

  
Enrico olhou a sua filha.

  
-Isso não lhes exime de me haver desafiado. Derrick era seu pretendente. 
Tinha todo o direito, como seu marido, de fazer com você o que quisesse.

  
-Ainda não era meu marido -replicou Anahí.

  
-De acordo com a lei, era como se o fora. -Olhando-a com frieza, Enrico 
a desafiou a que lhe levasse a contrária.

  
-Não, de acordo com a lei de Deus, Lorde Herrera é meu marido -protestou 
Anahí-. E isso não o pode negar ninguém!

  
-Não sem minha bênção! Não lhes penso dar isso. Estivestes vivendo em 
pecado -bramou Enrico, elevando a voz cada vez mais-. Sóis uma prós...

  
-Não tens que nos dar sua bênção, pois já está feito! -interrompeu Anahí 
antes que seu pai pudesse dizer a palavra-. Não pode desfazer-se!

  
-E por que não? -rugiu Enrico-. Se assim o ordeno?

  
-Porque estou grávida! -gritou Anahí a pleno pulmão para que todos a 
ouvissem. Alfonso ficou tenso; os soldados que haviam perto voltaram a 
cochichar entre eles e, de repente, fez-se o silêncio.

  
Alfonso sentiu que o coração lhe paralisava ao ouvir a confissão, 
recordando o dia em que descobriu que Lurlina estava em estado. Nem havia 
tocado a sua primeira mulher em meses quando ficou grávida. Temeu que Anahí lhe 
dissesse que o filho não era dele e que não desejava ser mãe, como Lurlina não 
tinha querido ter a Ana Paula. Alfonso tragou com força. Ao pensar na decepção 
de sua mulher, lhe fez um nó no estômago. Agora não era o momento de falar 
disso.

  
-Mas é um assassino! Assassinou a Derrick para que não te casaste com 
ele -disse Enrico depois de uma larga pausa- Acredito que lhe encheu a cabeça 
de tolices. Não estáis grávida! É impossível! Não penso tolerá-lo!

   
- Não! Não lhe assassinou! -disse Anahí- E vocês gostem ou não estou 
grávida. A matrona o descobriu ontem a noite. O bebê nascerá na primavera.

  
Alfonso manteve a boca fechada e os olhos inexpressivos enquanto sua 
mulher lhe rogava em silêncio que lhe ajudasse. O coração lhe encolheu ao ver 
que uma lágrima aparecia em seus olhos mas não caiu. Tinha estado esperando a 
que mencionasse a morte de Derrick, mas sabia que ao rei gostava de começar 
pelo princípio e recolher toda a informação possível antes de ditar sua 
sentença.

    
Anahí se virou para o rei:

  
-Não foi um assassinato. Derrick começou a briga.

  
O rei elevou as mãos. Tinha estado observando em silencio à acalorada 
briga entre pai e filha. Agora, ficou em pé e desçeu da plataforma. Estendendo 
a mão para Anahí, disse-lhe:

  
-Venha, minha senhora, passeies comigo.

  
Anahí lhe observou com pânico nos olhos e o duque a deixou partir a 
contra gosto.

  
-Anahí? -sussurrou Ana Paula- Que acontece?

  
Anahí soltou a mão da menina e sorriu para tranqüilizá-la. Acariciou-lhe 
o rosto e lhe disse:

  
-Esperes junto a seu pai, tudo sairá bem.

  
A menina olhou a seu pai para assegurar-se, e este assentiu com rigidez 
um tanto torpe, deu-lhe uns tapinhas nas costas e apoiou as mãos em seus 
pequenos ombros. Anahí aspirou com força e pôs a mão sobre o braço do rei.

  
O duque observou como o rei e sua mulher se afastavam. Cada músculo de 
seu corpo se esticou desejando sair atrás dela, protegê-la. Um murmúrio se 
expandiu entre a multidão. O rei a levou atrás das cortinas, à área onde 
dormiam os cavalheiros. Deteve-se antes de entrar e disse aos dois nobres:

  
-Não quero ouvir brigas equanto falo com Lady Anahí em particular.

  
O coração de Anahí se desbocou enquanto o rei a guiava atrás de uma 
cortina e outra, até que estiveram longe da sala. Ao ver que havia um colchão 
de palha no chão, Anahí se separou do homem.

  
-Sou fiel a meu marido, majestade, não posso me deitar com você.

  
Pedro riu para ouvir suas palavras e observou o colchão com um sorriso.