Fanfic: Em busca da paixão {AyA} [finalizada]

—— Claro que me importo! — Dulce pulou da cama e começou a andar em sua direção. — Por que acha que me sentei aqui, e fiquei esperando por você? Eu precisava pedir desculpas e explicar o que aconteceu. Você tem que...

— Não preciso de explicações — interrompeu Anahí. — A cena que vi já esclareceu tudo.

Será que ela realmente pensava que Anahí es­tava se importando? Ela andou até o armário, e Dulce foi atrás.

— Preciso explicar por que isso aconteceu — im­plorou ela. — Você não conhece o verdadeiro Christopher, Anahí. Ele é egoísta e dissimulado. Ele finge que você é especial para ele, mas...

— Não finge mais.

— Não... — Dulce ficou observando-a enquanto arrumava a mala. Anahí queria trocar de roupa antes de partir. Ela só queria fazer isso: arrumar sua mala e dar o fora.

— Você vai embora? — Dulce perguntou como se fosse uma grande surpresa.

— O que você acha? — Anahí olhou para aquela que uma vez fora sua melhor amiga, em pé, perto da porta, com o rosto pálido e cheio de culpa.

Mas ela ainda estava vestindo aquele vestido azul, percebeu ela.

— Você me dá nojo! — disse Anahí desviando o olhar novamente, com os dedos descontrolado abrindo a mala.

— Eu sei. — Dulce surpreendeu-a ao concordar. — Eu estou com nojo de mim mesma. Você sabe o quanto eu o odeio! Nunca escondi isso de você, mas...

E a conversa voltara para o "mas", no qual Anahí não estava interessada.

— Então, por que você apresentou esse homem que você odeia a sua melhor amiga?

— O quê? — Dulce piscou com aqueles cílios compridos.

Anahí teve vontade de dar um tapa na cara dela. Em vez disso, pôs-se de pé e começou a retirar roupas do cabide.

— Você já estava morando aqui em Roma há seis meses quando vim para cá. Seus amigos tornaram-se meus amigos. Você até me arranjou emprego! Então, por que não me falou nada sobre o caráter desse ho­mem que você diz odiar? Por que me apresentou a ele?

— E o que eu deveria ter feito? Ignorá-lo quando ele estava junto com os outros?

Ela possuía um argumento, concordou Anahí, embora não quisesse concordar. Ela começou a esva­ziar as gavetas.

— Você o queria — afirmou ela, só percebendo a veracidade daquilo quando as palavras deixaram sua boca. Ela parou o que estava fazendo quando come­çou a perceber tudo muito claramente. — Ele não eslava interessado. Ele já tinha uma namorada. Uma mulher linda, de cabelo preto e com olhos castanhos belíssimos.

— Nicola — murmurou Dulce.

Anahí fez que sim com a cabeça e virou-se pura olhá-la novamente. Dulce estava olhando para o chão agora. Seu cabelo, como uma longa cortina, es­condia seu rosto.

— Você queria chamar a atenção dele — começou ela devagar. — E você pensou que o deixaria impres­sionado dizendo que sua amiga da Inglaterra tinha o sangue dos Gianni.

— Eu nem sabia que ele demonstraria alguma rea­ção quando mencionei o nome dos Gianni.

— Isso era segredo! E por que você não me avisou que havia contado a ele?

Dulce ficou ruborizada e desviou o olhar. As veias pareciam saltar pelos olhos de Anahí.

— Ele ficou com você para conseguir mais infor­mações, não foi? E levou você para a cama.

— Como já disse, odeio esse cara!

Ela realmente odiava, constatou Anahí, mas estava tão apaixonada por Christopher que não conseguia dizer não para ele.

— Ele é um manipulador. Ele me usou para chegar até você, e usou nossa relação para que eu não con­tasse a verdade para você. Ele disse que você nunca me perdoaria. E ele está certo, não está?

— Está. — Anahí não precisou nem pensar no assunto. Ela não estaria passando por tudo aquilo se Dulce a tivesse alertado, e se não tivesse mencionado o nome Gianni.

"Você não a quer. Você nem gosta dela." Anahí respirou fundo. Aquelas palavras cruéis iriam acompanhá-la para sempre, previu ela dolorosamente.

Ela se abaixou para pegar a mala e colocá-la em; cima da cama.

— Desculpe-me. — Veio o pedido de desculpas murmurado atrás dela.

— Você está chamando o Christopher de manipulador, mas e você, Dulce? — perguntou ela enquanto conti­nuava botando roupas na mala. — Nós nos conhece­mos há anos. Nós contamos tudo uma para a outra.

— Mas você manteve seu caso com Alfonso Herrera em segredo também — afirmou Dulce. — Há quanto tempo vocês estão saindo, querida? Não pense que não notei que vocês estavam agarrados um no outro aquela hora que a mãe do Christopher me arrastou para fora do escritório. Vocês pareciam tão ligados um ao outro que nem conseguiam se focar em qualquer ou­tra coisa.

— Mas pelo menos eu ainda estava com a minha lingerie — retrucou Anahí, olhando de cima a baixo o vestido de Dulce.

Dulce quase engasgou com aquele comentário, e começou a ajeitar o vestido com as mãos.

Anahí foi para o banheiro pegar seus objetos, deixando Dulce para trás com sua culpa e seu com­portamento baixo.

Ao voltar para o quarto, percebeu que Dulce esta­va pronta para voltar a atacar.

— Você fica aí bancando a mulher cheia de moral, mas é tão culpada quanto eu por ficar com o homem de outra mulher.

Estaria ela dizendo que Alfonso tinha algum envolvimento com outra mulher? Isso a deixou paralisada.

Dulce mirou suas facas em cima dela.

Sabe a Nicola Mauraux? A beldade de cabelos pretos e olhos castanhos de quem você estava falando? Ela é a irmã postiça de Alfonso Herrera. Era certo que os dois se casariam um dia. Até você aparecer na vida dele.

Então, Alfonso não estava comprometido atualmen­te, foi a primeira informação que ela computou ali­viada. Ao computar as outras informações, as cores deixaram seu rosto.

— Christopher me disse que eles já tinham acabado o relacionamento.

— E desde quando Christopher fala a verdade? — per­guntou Dulce. — Ele é um mentiroso incurável e um interesseiro. Nicola não é tão rica quanto você será um dia, Anahí. Ela não é uma Herrera, portanto, não tem direito sobre a fortuna dos Herrera. Ela es­tuda em uma universidade cara em Paris às custas, do meio-irmão.

— Você sabia isso tudo e não me contou nada...

— Para que contaria? Eu não sabia que você co­meçaria a trair seu tão amado Christopher com o Alfonso Herrera. — Oh, as facas eram lançadas com toda a força agora. — Mas se eu fosse você estaria me per­guntando se Alfonso Herrera não estaria usando você apenas para se vingar de Christopher por ter acabado com a irmã postiça dele.

Ela voltou a sentir nojo, muito nojo. E virou as costas para Dulce para que ela não visse as lágrimas que surgiam em seus olhos.

— Eu só não quero que você ache que a culpa dis­so tudo é minha, só isso! — falou Dulce. — Se você testemunhou tudo que aconteceu entre mim e Christopher no jardim, então deve ter ouvido quando eu disse a ele que queria contar tudo a você, Anahí. Mas você acabou descobrindo antes de eu lhe contar.

Ia me contar depois de transar com ele, claro, pensou Anahí amargamente. Ela nunca mais confia­ria em ninguém na vida, pensou enquanto colocava o ultimo objeto dentro da mala. As lágrimas estavam embaçando sua visão. Seus dedos não paravam de tremer. Se alguém tivesse dito a ela que passaria sua noite de noivado assistindo a sua vida ser dilacerada daquela forma, ela acharia graça. Como poderia acre­ditar naquilo?

Ela precisava sair dali e ainda encarar Alfonso Herrera, agora sabendo coisas sobre ele que antes não sabia.

Ela fechou bem a mala, forçando o zíper. Para onde iria? E o que iria fazer?

— Deixe-me ir com você — implorou Dulce re­pentinamente, como se ela pudesse ler o que se pas­sava na cabeça de Anahí. — Espere por mim, vou arrumar minhas coisas e podemos passar a noi­te no hotel em que nosso grupo de trabalho está hos­pedado.

— Eles sabem sobre o seu caso com Christopher? — perguntou ela.

Houve um silêncio frio, duradouro e pesado.

Anahí olhou à sua volta para ver se estava es­quecendo alguma coisa, abaixou para pegar a jaqueta jeans, colocou-a sobre o vestido e pegou a mala.

Chega. Não havia mais por que ficar ali. Com a boca apertada e os olhos decididos andou até a porta.

— Por favor... — foram as palavras de Dulce. — Não me deixe aqui para encarar isso tudo sozinha, Anahí. Você é minha amiga. Você é a única ami­ga verdadeira que já tive. Deixe-me ir com você. Por favor!

Anahí virou-se para ela, vendo aquela amiga que era linda demais. Até as lágrimas nos olhos azuis e o leve tremor dos seus lábios deixavam-na ainda mais bonita.

— Faça bom proveito da sua vida, Dulce — disse ela, usando as mesmas palavras de adeus de Bruno Gianni.