Fanfic: Par perfeito.

Chega de ser aquela boa moça, Dulce pensava no caminho, chega de estar sempre pronta a preencher o vazio das noites de sexta-feira para alguém que não tinha nada de melhor para fa­zer. Ela ansiava por um romance apaixonado com o homem in­crivelmente sexy que estava sentado em seu sofá, isto é, no sofá de Christopher, e a única coisa que ela tinha que fazer era ir até lá e apossar-se dele.

Olhou-se mais uma vez no espelho, ajeitou o vestido vermelho, bem mais curto do que costumava usar, e que, combinado ao sapato de salto bem alto, realçava suas pernas bem feitas.

— Você está linda, maravilhosa! — disse para si mesma. — Agora, vá agarrar o seu homem.

Ao entrar na sala o barulho a aturdiu. Nesse meio-tempo, enquanto ela estava no banheiro, havia chegado uma porção de gente, algumas bem estranhas, e a festa corria cada vez mais animada.

A ideia que tivera de uma festa elegante, bem comportada, que terminasse por volta das oito horas, como imprimira nos convites, estava indo para o espaço. Já passavam das onze horas e a intenção de impressionar Luis com seu refinamento não tinha mais chance. Pôs um CD de música lenta para arrefecer a ani­mação, mas nem bem havia virado as costas, alguém já tinha trocado por outro, de pop dos mais agitados.

Imaginando quanto tempo ainda duraria o estoque de bebi­das, procurou Christian para se certificar, mas deu com o olhar impositivo de Any que apontava na direção de Luis, querendo dizer: "Anda, não perca mais tempo", e Dulce achou que chegara o mo­mento de partir para a conquista.

Antes, porém, tomou mais um drinque. Depois ergueu a ca­beça, endireitou a coluna e partiu.

Céus, como aquele homem era bonito, pensou enquanto se dirigia para o grupo que o rodeava. Aqueles olhos castanhos, a curva da boca, a musculatura perfeita, a inteligência aguda e o charme devastador deixavam qualquer mulher atordoada... Dulce vacilou, achando o quanto era absurda sua pretensão de ser notada por ele.

Ia dar meia-volta, quando Luis a deteve.

— Grande festa! — E apertou-se um pouco para arranjar um lugar para ela sentar a seu lado no sofá.

— Obrigada. Fico feliz por você ter vindo — disse com uma polidez que deixaria sua mãe extremamente orgulhosa da edu­cação que dera à filha.

— Não tão feliz quanto eu — Luis respondeu, passando o olhar pelas pernas dela. — Eu mal a reconheci esta noite.

— Verdade?

—Verdade. Quando eu disse que queria muito vê-la, não tinha a menor ideia do que veria! — Luis continuou, exagerando o sotaque americano, para dar maior ênfase ao elogio que se se­guiria. — Belas pernas!