Fanfic: Par perfeito.

— O quê?

— Que seu dinheiro está curto?

Dulce encolheu os ombros com um trejeito. —Ah... sim — ela respondeu, meio aérea. — Eu assumi alguns compromissos.

— Que compromissos? — perguntou Christopher. — Você não tem hipoteca para pagar, não tem filhos, nem carro, nem mesmo um gato!

— Meu bichinho de estimação é meu cartão de crédito — Dulce disse, mas ele não achou graça.

— Você não acha que já é tempo de endireitar suas finanças? Dulce, você não é mais uma criança...

— Christopher, quer parar com isso? Parece que estou ouvindo meu pai falar. Eu tenho tentado. Por isso fiquei muito agradecida quando Any me disse que eu podia vir para cá cuidar de seu apartamento e me livrar de pagar um aluguel.

Christopher voltou para a mesa. Como Dulce podia falar em cuidar de seu apartamento quando a cozinha, a sala, o quarto de hós­pedes estavam literalmente de pernas para o ar?

— Dulce, eu ouvi bem? Você falou: cuidar do apartamento?

— Sim, falei. Realmente eu tenho tomado conta dele direitinho. Ontem foi uma exceção. Eu queria festejar o meu aniversário em grande estilo. — E, levantando os olhos da xícara de chá, prometeu:

 — Eu sei que está tudo uma bagunça, mas vou deixá-lo em ordem e bem limpo, não se preocupe. Christopher pegou mais uma torrada.

— Pensando bem — disse —, é melhor que você fique aqui. Não quero ouvir Any buzinando em meus ouvidos que eu a jo­guei na rua e, como você não tem para onde ir, não vejo por que não partilharmos o apartamento... Mas você resolve. Se não con­cordar, compreendo perfeitamente.

— Eu gostaria de ficar... Gosto daqui.

Christopher, notando uma certa hesitação em sua voz, acrescentou:

— Mas...

— Nada.

— Vamos, Dulce. Diga logo o que tem a dizer.

— Bem, você não acha que poderia parecer um pouco... você sabe...

— Um pouco... — ele incentivou.

— Um pouco estranho.

Christopher estava perdendo a paciência.

— O que seria estranho?

— Vivermos juntos. Quero dizer, eu sei que não estaremos vivendo ‘’juntos’’, mas mesmo assim...

A voz dela foi sumindo e ela parou no meio da frase, terrivelmente consciente do olhar frio de Christopher fixado em seu ros­to, que estava pegando fogo.