Fanfic: Par perfeito.

— Você está querendo insinuar que eu não seria capaz de viver sob o mesmo teto sem pôr as mãos em você?

O tom divertido de sua voz foi suficiente para fazer com que Dulce erguesse o rosto, com um ar de desafio.

— Não seria a primeira vez — ela retrucou. Seguiu-se uma breve pausa.

— Então é isso — disse Christopher e voltou a seu café da manhã. — Você quer saber se seria estranho dividirmos o apartamento porque uma vez dormimos juntos?

— Não... Bem, sim.

— Dulce, isso aconteceu há cinco anos. Na ocasião concluímos que tudo fora um erro. Era tarde e nenhum de nós dois estava com a mente perfeitamente clara. Se bem me lembro, foi você que assegurou que o que fizemos não significava nada e se na ocasião não significara nada, por que significaria agora?

Por que ele tinha que falar tanto, quando para acalmá-la bas­tava um simples "não"?, pensou Dulce, aborrecida.

— O fato de termos dormido juntos a incomoda? — ele per­guntou.

    — Claro que não!

— Então, se não a incomoda, a mim também não — ele con­tinuou. — De forma que não vai ser estranho vivermos juntos. Francamente, Dulce, surpreende-me que você se lembre daquela noite.

Dulce olhou-o, muito zangada.

— O que quer dizer?

— Bem... que você estava muito cansada e... — ele ia conti­nuar, mas Dulce o interrompeu.

— Por que não diz logo bêbada!

— Também — ele concordou brindando-a com um olhar sar­dónico. — Escute, tudo o que estou querendo dizer é que você estava muito triste por causa do seu namorado e que o que você sentia por ele era muito mais importante do que o que acon­tecera entre nós. Como você nunca mencionou a questão até este momento e como, nas poucas ocasiões em que a vi, havia sempre alguém a cortejando, deduzi que você tinha se esquecido daquela noite, e fim de papo.

O queixo de Dulce caiu. Sempre alguém me cortejando? Quem? É bem verdade que Any vivia afirmando que ela não sabia ler os sinais, mas sem dúvida, por mais avoada que fosse, notaria se alguém a cortejasse.

— Eu não... — ela começou e parou abruptamente antes que viesse a dizer a Christopher que ele estava enganado.

Que bobagem ia fazer? se perguntava espantada. Admitir que não houvera ninguém depois da noite que passaram juntos seria como dizer que nunca o esqueceu. Dulce ficou interior­mente chocada por pensar quão perto estivera de fazer papel de ridícula. Ela podia não saber quem eram os cortejadores aos quais Chris se referia, mas ele, com essa observação, dera uma mãozinha para sua auto-estima.