Fanfic: Par perfeito.

— E muita bondade sua, mas as coisas vão melhorar. Ele vai voltar para a África assim que a poeira baixar e até lá achamos que não havia necessidade de eu me mudar. E não sei por que deveria. Afinal, se ocorreu um golpe de estado a culpa não é minha. E alguém tem que tomar conta do apartamento — Dulce continuou como que querendo se convencer de que estava fazendo a coisa certa.

— Bem, vamos esquecer Christopher. Conte-me, como foi seu encon­tro com Dan ontem?

— Ah... foi bem — sabendo de antemão que aquela resposta apenas contribuiria para suscitar nele a maior curiosidade.

— Bem? É isso que você tem para dizer? Nós estamos falando do sujeito que faz com que milhões de espectadoras liguem a televisão todas as noites, mas não para ouvirem as notícias. Es­sas mulheres dariam tudo por um sorriso dele, quanto mais por um convite para sair.

Dulce se mexeu na banqueta, incapaz de explicar por que a noite, pelo que lhe dizia respeito, fora um fracasso. Luis fora encantador como sempre, mas dado que, durante todo o tempo em que estiveram no apartamento, ele tentou extrair de Christopher notícias sobre a situação política, ela ficou com a impressão de que fora um meio de ele entrar em contato com Christopher.

E o pior é que Chris pensava exatamente o mesmo. Percebera pelos olhares que ele lhe lançava. E Dulce sentiu, como ele dis­se, que estava sendo usada.

E depois, quando já estavam no restaurante, fez de tudo para não alongar a noite e voltar logo para casa.

Podia estar influenciada por Christopher...

Deveria ter ficado nas nuvens na companhia de Luis e não dando olhas disfarçadas ao relógio; devia ter ficado desapon­tada quando Luis apenas lhe deu um beijo no rosto quando a deixou em casa, mas tudo que sentiu foi alívio.

Luis pareceu intrigado com sua reserva.

— Eu telefono... — ele dissera ao despedir-se. Deixou de lado as lembranças e voltou para Christian.

— Eu estava cansada, ainda sob efeito da ressaca e depois fiquei imaginando se valia a pena. Em menos de três semanas ele vai para a África.

— E daí, Ivone? — Christian falou com seu jeito decidido. — Vá para a África também.

— Oh, sim, eu posso me dar a esse luxo!

— Você só tem de pagar a passagem. Aposto que passará o tempo todo com ele e não gastará com hospedagem.

Seguiu-se uma pausa, na qual Dulce pareceu considerar a sugestão, mas...

— Mas eu não posso ir a Africa atrás dele. E o golpe de estado? Além do mais não quero que ele pense que o estou per­seguindo.