Fanfic: Par perfeito.

— Atrás de alguns palpites? — ele perguntou com um de seus olhares sardónicos.

Vermelha como um pimentão, ela arrancou a revista das mãos dele.

— Negativo. Luis não é o tipo de homem que precisa de con­selho nesse assunto.

— Ah, isso explica o sorriso sonhador que vi em seu rosto quando entrei.

Dulce engoliu em seco, porque, quando ele entrou, ela estava deitada de olhos fechados, pensando nele.

Christopher apertou os lábios, o que fazia sempre que ficava contra­riado, ao ver algodão, lixa, esmalte sobre a mesinha da sala, utensílios que ela estava usando e ia tornar a usar para reparar o estrago que o susto provocado por ele causara.

— Antes de sair você vai deixar tudo isso em ordem, não? Ontem levei um tempão arrumando esta sala e encontrei três batons na cozinha. Por que você não consegue guardar as coisas em seus devidos lugares?

— Porque não sofro de sua obsessão — respondeu. — É problemática essa sua preocupação de colocar tudo em caixi­nhas e depois fechá-las, sabia? Chris cerrou os lábios.

— Nada existe de obsessivo em gostar de ordem — ele retru­cou. — Não se consegue nada sem organização.

— Existem certas coisas na vida que você não pode organi­zar... é por isso que pessoas como você não conseguem relaxar, se divertir. Tudo é organização, seriedade.

— Não sei o que pode haver de divertido em viver atolado até os joelhos em bagunça — Christopher afirmou visivelmente zangado. — E tem mais, sou perfeitamente capaz de me divertir.

— Trabalhando até altas horas numa sexta-feira?

— Não vou trabalhar esta noite. Para sua informação, vou sair.

— Verdade? Com quem?

— Embora você não tenha nada com isso, com uma amiga. Ela vem aqui tomar um drinque comigo, por isso gostaria muito que você arrumasse o local — ele acrescentou em tom definitivo.

Amiga?

— Não entre em pânico. Não deixarei o menor sinal de minha presença — afirmou ofendida. — Pode estar certo de que o local estará perfeitamente esterilizado antes que sua amiga chegue.

Depois de uma breve pausa Christopher perguntou meio avesso:

— Você vai chegar cedo?

Dulce pensou que ele queria certificar-se de que a área estaria livre para, na volta do jantar ou do que quer que fosse, ele levar a amiga para a cama. Não que se importasse, claro. Com sorte ela estaria partindo para o mais inesquecível encontro amoroso de sua vida.