Fanfic: Par perfeito.

— Porque eu quero saber como esse misterioso Christopher entra na história. Vamos, Duds, continue.

— Bem, o Christopher estava lá, claro. Fazia uns dois anos que eu não o via. Ele acabava de chegar da África e parecia uma outra pessoa.

Dulce fez uma pausa que a levou para cinco anos atrás. Christopher parecia bem mais alto, mais forte, e aparentava mais de vinte e três anos. Depois de viver durante dois anos sob o sol da África, seus olhos castanhos, devido à pele mais bronzeada, tornaram-se mais expressivos. A barba rala e o cabelo curto. Dulce ainda se lembrava do pulo que deu seu coração quando o divisou através do salão.

— Notei que ele estava me observando, mas só falou comigo quando eu não aguentava mais. Aí ele chegou até mim, disse que eu já havia bebido bastante e que ia me levar para casa.

— Hum, Dul... do tipo autoritário. Dulce tomou mais um gole.

— Eu murmurei que não queria ir embora, mas ele ignorou meu pálido aparte e praticamente me carregou para o carro...

Christian curvou-se para o lado de Dulce, superinteressado no que viria a seguir.

— Ele lhe passou uma cantada?

— Pior...

— Pior? — Christian arregalou os olhos. — O que foi que ele fez?

— Ele não fez nada. Fui eu que fiz.

Dulce procurou disfarçar o rubor escondendo o rosto entre as mãos.

— Eu tentei flertar com ele.

— E ele?

— Ele permaneceu frio. É inflertável, se é que essa palavra existe!

— É esse todo o mistério, Dulce? — Christian perguntou visivelmen­te desapontado.

— Não, aí eu comecei a chorar e contei para ele tudo sobre Alan, o quanto eu o amava e como minha vida estava em ruínas. Foi patético!

— E o que Christopher fez?

— Ele ouviu as minhas lamúrias durante todo o trajeto até chegar em casa.

Dulce lembrava-se bem do momento em que ele, parado à entrada, pegou a chave da casa, abriu a porta e entraram.

— Ele me fez beber água, bastante água, para anular os efei­tos do álcool, depois se sentou a meu lado no sofá e começou a contar como era viver na África. Foi quando, pela primeira vez, ouvi falar de Mbanazere. — Nesse momento os olhos pequenos de Dulce tornaram-se evocativos. — Lembro-me de ele me dizer que costumava ficar num pequeno hotel que dava para o mar, e que lá preparavam um delicioso sanduíche de caranguejo com maio­nese que serviam à sombra das palmeiras. Tudo mágico... eu me lembro... era como um sonho. É a única maneira de explicar...