Fanfic: Mamãe Sem Querer {AyA - Adaptada} | Tema: AyA | Ponny

Alfonso já dava meia-volta. Era perfeitamente capaz de ir embora sem dizer mais nada, percebeu Anahí. Estava pronto para sair de sua vida tão facilmente quanto entrara, sem dar maiores explicações. O bom senso dizia-lhe para deixá-lo ir, mas o coração protes­tou. Fazia quase três anos desde que o vira pela última vez. Se ele fosse embora, iria vê-lo novamente?

- Bem, já que está aqui, pelo menos posso oferecer-lhe um café! - apaziguou, abrindo completamente a porta. - Entre, antes que se congele, e...

Interrompeu-se ao fechar a porta e sentir o braço roçar contra o corpo musculoso. No corredor, ele parecera mui­to grande e forte, fazendo-a sentir-se menor do que seu um metro e sessenta e cinco de altura. O porte musculoso e elegante preenchia de tal forma o espaço exíguo que pensou estar encurralada por um felino, sem saber o que fazer, sem saber se seria atacada ou não.

- Vamos para a sala - convidou, sabendo que soava tão perturbada quanto se sentia. Não conseguia ima­ginar por que Alfonso a procuraria após tanto tempo. - A lareira está acesa, você vai se aquecer logo.

Anahí acendeu a iluminação principal, incomodada com as sombras lançadas pela luminária sobre a es­crivaninha. A visão de Alfonso banhado em luz fez com que recuasse um passo, assustada.

- O que houve com você? - indagou.

Ele estava horrível, com marcas de expressão ao redor da boca e dos olhos. A palidez indicava cansaço e deixava-o abatido. O efeito acentuava-se com a marca da barba por fazer.

- Estou um pouco cansado...

Alfonso esfregou os olhos com as costas da mão, não antes que ela avistasse o brilho incomum, quase febril, nas profundezas cor de safira.

- O trânsito estava terrível - prosseguiu ele. - Todo mundo parecia estar a caminho de algum lugar hoje.

- Todos querem chegar em casa no último minuto do feriado, acho... - opinou Anahí. Tirando vantagem do pouco caso que ele fizera de sua preocupação, tentou parecer mais descontraída e relaxada do que se sentia. - Amanhã recomeçam as aulas.

- Sim, deve ser isso... Esqueci-me completamente. Ele focalizou a escrivaninha no canto e franziu o cenho. A pilha de papéis destacava-se sob a luz da luminária.

- Desculpe-me... você estava trabalhando e eu a interrompi.

- Em absoluto! Eu já tinha acabado.

Anahí cruzou os dedos mentalmente contra a men­tira. Seu instinto dizia-lhe que algo estava errado. Aquela história de "visitar uma velha amiga" não a convencera nem um pouco.