Fanfic: Sonho Meu! *Portinon* (Finalizada) | Tema: portinon

Dulce

Depois daquele dia quase dois meses se passaram. Eu já me encontrava particularmente bem e estava trabalhando na locadora da esquina de minha rua. Era dia 24 de Abril e meu expediente já havia acabado. Fechei a loja, peguei minha bolsa e fui para casa, caminhando lentamente pensando em um grande vazia como sempre. 

Dulce: Boa noite Seu Antonio – cumprimentei o porteiro.

 Antonio: Boa noite Dona Dulce. – ele fez uma pausa – Ah espere! – eu já ia me retirando.

 Dulce: Sim? – virando.

 Antonio: Aquelas sua amiga deixou um pacote para você aqui.

 Dulce: Amiga? Que pacote? – confusa.

 Antonio: Aquela loirinha, bonitinha. – me mostrando o pacote.

 Dulce: Qual? – eu tive medo de pensar na ‘tal’ pessoa’.

 Antonio: Aquela, que vinha sempre aqui, a famosa, daquela novela!

 Dulce: Anahí? – eu engoli a seco.

 Antonio: É essa mesma – dando o pacote em minhas mãos – Ela esteve aqui mais cedo, não tinha ninguém em casa ai ela deixou comigo.

 Dulce: Ah – pegando o pacote – Muito abrigada Seu Antonio.

 Antonio: De nada.

Meu dia estava muito bom para ser verdade. Fiquei meio aérea dentro do elevador e só dei conta de mim quando a porta do mesmo se abriu. Entrei em casa e ainda meio em choque sentei no sofá com aquele pacote imprensado em meu peito com um abraço firme.

 Pietra: Viu um fantasma Dulce? – Chegando à sala.

 Dulce: Acho que sim – eu nem olhei para ela.

 Peitra: Nossa, você ta branca! – sentando ao meu lado – Ucker? Vem aqui! – o chamando. 

Eu estava pensando se jogava aquele pacote pela janela ou o abria o mais rápido possível. 

Ucker: Fala! – chagando a sala apenas de cueca.

 Pietra: A Dulce, parece que viu um fantasma!

 Ucker: O que foi Dulce? – Sentando ao meu outro lado.

 Eu olhei para ele e sem dizer nada entreguei o pacote em suas mãos.

Ucker: O que é isso?

 Dulce: Não sei.

 Pietra: Quem te deu isso?

 Dulce: Ela.

 Peitra: Ela quem? – fez uma pausa – Anahí?

 Dulce: Sim.

 Ucker: Ela foi te procurar?

 Dulce: Não, o porteiro que me deu, disse que ela esteve aqui e deixou isso para mim.

 Ucker: Hum, então vamos abrir para ver o que é?!

 Dulce: Não sei. – encostei os cotovelos em meus joelhos encostando o rosto em minhas mãos em seguida.

 Pietra: Dulce, é só um pacote, ela não vai estar escondida ai dentro.

 Dulce: Eu sei – levantei meu rosto – Mas tenho medo!

 Ucker: Já sei – levantou-se com o pacote na mão – Vamos fazer assim, eu abro, leio e vejo se é algo ruim, se for eu rasgo e jogo fora e nem deixo você ver, se for algo bom eu mostro para você ok?!

 Dulce: Não sei.

 Pietra: Por favor Dulce, você também tem que colaborar, não pode viver o resto de sua vida assim com medo de tudo que tem o nome dela.

 Dulce: Ok, então leia! Mas se for ruim, não me deixe ler nem que eu implore ok?!

 Ucker: Ok!

Peitra levantou correndo e foi para ao lado de Ucker ver o que havia no pacote. Eles abriram e tiraram de primeiro três crachás os colocando em cima da mesinha de centro. Em seguida tiraram três pedaços de papéis pequenos parecido com talões de cheque. E por ultimo uma folha de papel escrita a mão, acho que era uma carta. Ucker e Pietra leram com muita atenção e sorrindo olharam para mim.

 Dulce: O que foi?

 Ucker: É… – fez uma pequena pausa - vou ler a carta para você.

 Eu me agarrei a uma almofada, Peitra sentou ao meu lado encostando a cabeça em meu ombro e fazendo carinho em meu braço. Ucker fez um som de pigarro com a garganta e logo começou a ler.

Ucker: Dulce, - fez uma pequena pausa – Sei que pedir desculpas, ou até mesmo aceitas as suas não vai mudar tudo de ruim que nos aconteceu. Sei que nem mesmo uma canção vai fazer tudo voltar a ser como era antes… Mas hoje eu estou aqui escrevendo esta pequena carta convidando você, Ucker e Pietra para o show do dia 9 de maio, que será transmitido ao vivo para milhares de países.  Dentro do pacote tem três entradas com direito a mesa de frente para o palco na VIP1, tem também três crachás que dão direito a vocês irem e virem para onde quiserem, tanto em camarins como no palco. Sei que você ainda deve esta muito aborrecida comigo, mas, por favor, não deixe de ir ao show!

 Eu te amo, Anahí Portilla. – terminou de ler dando a carta em minha mão.

Incrível como eu conseguia sentir o cheiro dela naquele pequeno pedaço de papel.

 Pietra: Viu, não foi tão ruim assim.

 Dulce: É, mas eu não vou a esse show.

 Ucker: E porque não?

 Dulce: Não quero vê-la.

 Ucker: Mas Dulce, você acabou de ganhar ingressos grátis para ver sua banda preferida.

 Dulce: Já não são mais minha banda preferida há muito tempo, eles se tornaram muito mais que isso.

 Pietra: Por isso mesmo. Por serem seus amigos você deveria ir ao show pow!

 Dulce: Não quero. De meu ingresso para algum fã maluco que esteja disposto a dar a vida para conhecê-los – fiz um pausa – eu não to afim.

 Ucker: Ta bom, o show é daqui a duas semanas, até lá você pensa direitinho no que vai fazer da sua vida. Pode ser sua ultima chance.

E eles me deixaram sozinha. Era sexta-feira à noite e eu iria sim ficar em casa vendo filmes que eu havia pegado na locadora em que eu trabalho. Assisti vários aquele final de semana. Vira quase três por dia. E assim se passou aquelas duas semanas, da locadora para cada de casa para a locadora.

 Era sábado, o grande dia do show. Sem pensar muito naquilo eu fui caminhar pela manha, coisa que comecei a fazer depois de tudo que aconteceu. Caminhei todo o percurso de sempre, me sentei no mesmo bando, embaixo da mesma árvore tomando o mesmo picolé. Distraída olhando algumas crianças brincarem… Uma pequena menina maltrapilha sentou-se ao meu lado olhando fixamente para meu picolé. A encarei em seguida lhe dando um sorrido que foi retribuído por um maior ainda.

Dulce: Oi.

 Menina: Oi – disse meio timidamente.

 Dulce: Cadê a sua mãe?

 Menina: Eu não tenho mãe.

 Dulce: Como não, todos nós temos mães.

 Menina: Mas eu não tenho. Ela me abandonou, ou morreu. – disse sem dó alguma.

 Dulce: E você mora com quem?

 Menina: Eu moro na rua moça.

 Dulce: Sozinha? – fiquei espantada, ela deveria ter no máximo sete anos

 Menina: Não, com minha irmã mais velha e um senhor que fica com agente.

 Dulce: Ah – eu fiquei meio sem reação.

 Menina: Seu sorvete ta derretendo.

 Dulce: Ah, quase me esqueci dele. – dei umas lambidas fazendo-o parar de escorrer.

 A menina me olhava com aqueles enormes olhos cor de mel, e aquele rostinho sujo, com aquela roupa rasgada e suja. Ela parecia não se importar muito com aquelas coisas. Seus olhos brilhavam ao olhar para meu sorvete.

Dulce: Você quer? – ofereci meu picolé.

 Menina: Não obrigada. – nossa que educada, mas mesmo assim ela parecia querer muito.

 Dulce: Por favor eu faço questão! – ela sorriu - vou comprar um para você!

 Menina: Obrigada. 

 Comprei um de chocolate pós ela havia dito que não tinha preferência. Sentamos novamente no banco voltando a conversar.

Dulce: Mas me diga pequena, qual seu nome?

 Menina: Eu me chamo Yasmin – Ela estava toda lambuzada de sorvete.

 Dulce: Hum, lindo nome Yasmin. – limpei sua boca – o meu é Dulce Maria.

 Yasmin: Dulce? – sorrio – Adorei seu nome.

 Dulce: Obrigada.

 Yasmin: Nós podemos ser amigas? – ela estava com uma expressão de medo agora.

 Dulce: Claro pequena, claro que podemos! – eu passei a mão nos cabelos dela.

 Yasmin: Que legal – ela quase pulou do banco de tão contente – nunca tive uma amiga assim como você.

 Dulce: E nem eu como você. – É incrível como aquela criança me fez esquecê-la – Você tem quantos anos?

 Yasmin: Sete. – Sorrindo.

 Dulce: Você sabe ler e escrever Yasmin?

 Yasmin: Sei sim senhora, o senhor que fica comigo e com minha irmã, da aula para gente. Antes de ele ser morador de rua ele era escritor. – fez uma pausa ainda sorrindo - Ele nos ensina muita coisa. Tem dia que até fico cansada, mas ele diz que logo estará partindo desse mundo e agente não vai mais ter com quem aprender.

 Dulce: É, esse senhor parece ser muito gente boa.

 Yasmin: É sim, como diz Kalena, ele é como um pai para gente.

 Dulce: Kanela é sua irmã?

 Yasmin: Sim, ela tem nove anos.

 Dulce: Ela deve ser linda como você!

 Yasmin: Ela tem olhos verdes – disse contente – também queria ter.

 Dulce: Mas seus olhos sãos lindos.

 Yasmin: Eu acho o dela mais. – fez um careta.

Eu ri da carinha dela. Ficamos conversando por mais um bom tempo… Quando me dei conta já se passavam das onze da manha e eu havia saído de casa as eram quase nove. Levei Yasmin até o local onde ela costumava ficar com o tal senhor e sua irmã, mas ambos não estavam lá me despedi da menina lhe garantindo que voltaria a vê-la um dia. Mas sei bem que esse tipo de acaso seria muito difícil de acontecer. Voltei para casa pensando em como minha vida era maravilhosa perto da que aquela menina tinha. Eu tinha tudo e ainda reclamava já ela não tinha nada e ficava satisfeita com apenas um sorriso.