Fanfic: A arte da sedução (adaptado) | Tema: Vondy

A ginecologista passou um gel na barriga de Dulce, e um barulho estranho começou a vir da máquina de ultrassom. Dulce olhou para a imagem tentando ver o bebê, mas ela não entendia o que via.

— Está tudo bem? — perguntou ela.

A ginecologista não respondeu, e Dulce se lembrou do que tinha descoberto mais cedo, que ela não falava inglês. Em vez de responder, portanto, a médica continuou a olhar para o monitor, concentrada, e a mover o aparelho no ventre de Dulce.

Ela ficou deitada dura como uma pedra, tentando se acalmar, mas um medo horrível nascia dentro dela. Quanto tempo demoraria até que ela visse o bebê na tela? Sabia que tinha se passado apenas um momento, mas parecia uma eternidade.

Queria não estar sozinha. Queria que a ginecologista falasse inglês.

De repente, a porta se abriu e Ucker entrou. Ele a olhou surpreso e foi para o lado dela.

— O que está errado? — perguntou ele, pegando as mãos trêmulas de Dulce.

— Não sei. Nada, talvez. — A voz de Dulce tremeu, e ela sentiu lágrimas em seus olhos. — Ela não fala inglês, e eu não vi meu bebê na tela ainda.

Ucker falou rápido com a ginecologista em grego.

— Às vezes demora um pouco para a sonda ficar na posição certa — Ucker traduziu o que a ginecologista disse a ele.

Sua voz era confortadora, e ele apertou a mão dela para reafirmar, mas ela viu que seu corpo estava tenso.

Naquele momento, o coraçãozinho começou a bater forte.

— Olhe... Ali está o bebê e ali o coração batendo. — O alívio na voz de Ucker a reconfortou, mas Dulce tinha de ver por si mesma.

Ela olhou para o monitor com olhos arregalados, tentando desesperadamente ver o bebê, e então ela viu o pequeno coração batendo.

Seu lábio tremeu, e ela esfregou os olhos para impedir que as lágrimas caíssem. Por um momento, teve muito medo de que algo estivesse errado.

— A médica tem de fazer algumas medições — disse Ucker, segurando as mãos dela.

Ele olhou para a tela, vendo o pequeno menino entrar e sair de foco quando a ginecologista movia a sonda. Ele estava olhando para seu filho! Seu coração batia forte no peito.

Ele seria papai. Era a primeira vez que o fato o tocava de verdade. Quando Dulce tinha dito que estava grávida, Ucker ficou em choque por não saber o que fazer. Ele havia entendido, mas agora sentia em seu coração. Aquela pequena figura se contorcendo na tela era seu bebê, e ele já o amava.

— Olhe, posso ver a cabeça. E os braços e as pernas.

— É incrível — concordou Ucker, estudando o bebê intensamente. — Olhe, ele está se movendo e chutando. Pode sentir isso?

— Não. — Dulce parou e olhou para sua barriga plana. — Só se sente mover mais tarde. E não sabemos qual é o sexo ainda.

Ucker a olhava quando ela se virou para o monitor. No momento em que entrou no quarto e a viu pálida e com medo, ele se sentiu culpado. Ela não deveria ter vindo sozinha, ele deveria estar com ela. Era sua responsabilidade.

Mas agora seus sentimentos eram mais profundos que culpa e responsabilidade. De repente, ele sentiu uma onda de proteção em relação a ela. Além do sorriso trêmulo no rosto de Dulce, ela parecia tão vulnerável que isso fez o peito dele doer. Estava até mais pálida que antes, se isso fosse possível, e tinha olheiras.

— Sinto muito — disse Ucker. — Deveria estar aqui com você desde o início.

— Achei que você não estava interessado em vir. — Um olhar assustado nos olhos dela causou um tremor que o percorreu.

Nunca mencionou o ultrassom, embora soubesse de minha consulta.

— Não queria que viesse sozinha Dulce. Só não sabia que era cedo.

Dulce olhou para Ucker. Ele olhava o bebê com admiração. Ela estava acostumada a ver expressões intensas no rosto dele, mas a expressão de Ucker maravilhado enquanto olhava para o bebê, para o bebê deles, foi estranhamente comovente.

Um misto de emoções a percorria. Ele se importava com o bebê. Talvez não se importasse com ela a ponto de se lembrar da consulta, mas se importava com o bebê.

Ele ainda segurava a mão dela, e por um momento seu aperto foi forte e caloroso. Se ele se importava com o bebê, Dulce tinha algo para se segurar, para poder lhe dar forças.

Ela olhou para a tela, mas a imagem tinha desaparecido, e de repente ela percebeu que a ginecologista havia tirado a sonda. Queria dar uma última

olhada no bebê, mas a médica estava falando com Ucker e segurando uma pequena foto.

— Tudo está bem. — Ele deu a ela a foto do bebê. — Precisará de outro ultrassom depois, mas por enquanto tudo está bem.

Dulce olhou para a foto preta e branca. Era o bebê dela.

— Podemos ir quando estiver pronta — disse Ucker, pegando o lenço que a ginecologista estava segurando e limpando, gentilmente, o ventre de Dulce.

Ela continuou deitada, surpresa pela ternura do gesto dele.

— Levo você para casa — disse Ucker, puxando a blusa dela para baixo e colocando seus braços atrás dos ombros dela para ajudá-la se levantar. — A menos que haja outro lugar a que queira ir, agora que estamos fora.

— Casa está bom — afirmou Dulce.

O braço de Ucker ainda estava nos ombros dela, e ela se inclinou sobre o peito dele, deixando o calor do corpo dele aquecê-la.