Fanfic: A arte da sedução (adaptado) | Tema: Vondy

A foto do bebê estava em sua mão, e quando ela olhou a imagem, sentiu os braços de Ucker apertarem-se em tomo dela, protetores. Por um momento, ela se deixou imaginar que eles eram um casal normal apaixonado, dividindo a experiência de ver seu bebê pela primeira vez.

Foi muito bom ter visto o bebê, e ela sabia que Ucker havia sido afetado por isso também. Era maravilhoso pensar que tinha um bebê crescendo dentro de seu ventre.

Mas, para Dulce, isso era ofuscado pelo estresse e pela tristeza.

Ela amava tanto Ucker que estar perto dele sabendo que ele não sentia a mesma coisa era como uma dor física. Ser abraçada era como uma mistura de alegria e arrependimento.

— Vamos para o carro, se estiver pronta — disse Ucker.

— Tudo bem. — Ela se levantou e eles caminharam para o estacionamento.

— Sente-se e descanse um pouco. — Ucker abriu a porta de um carro esporte que ela nunca tinha visto. — Eu digo para Spiro voltar sozinho.

Dulce se sentou no carro de Ucker se sentindo mais sozinha que nunca. Ela sentia falta do conforto dos braços dele em volta de seus ombros, e de repente experimentou um imenso ódio por nunca ter visto o carro pessoal de Ucker.

Essa manhã foi a primeira vez que Ucker passara mais que alguns minutos com ela desde que lhe disse que estava grávida, e ela percebera duas coisas.

Amava Ucker e sentia sua falta mais do que pensava.

Estar com ele, vendo-o agir como se importasse com a criança, fora uma tortura.

Ucker voltou para o carro pensando em quão sortudo ele era por não ter perdido o ultrassom. Ter visto seu bebê no monitor foi maravilhoso, mas por causa de sua relutância em aceitar o quão rápido sua vida estava mudando, ele quase se atrasou. Ele não deixaria mais aquilo acontecer.

De repente, viu o rosto de Dulce no retrovisor do carro. O que ele viu o paralisou.

Ela estava olhando para a foto do ultrassom com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela tremia de leve, mas não foram as lágrimas que partiram seu coração. Foi à maneira desolada como Dulce olhava.

Quase sem perceber, ele começou a andar em direção a ela. Dulce virou a cabeça levemente e ele viu uma lágrima ainda em sua face, mas ela

rapidamente passou a mão para enxugá-la e colocou os óculos de sol para tapar os olhos vermelhos. Suas mãos estavam tremendo, e havia uma fragilidade nela que partia o coração dele.

Machucava o fato de ela não querer que ele soubesse como estava se sentindo, mas ele sabia que era culpa sua. Ele tinha se distanciado tanto que agora ela não conseguia deixá-lo ver que estava triste.

Mas ele tinha de descobrir o que estava errado. Ela segurava a foto. Nunca ocorreu a ele se ela se sentia feliz por estar grávida.

Ele abriu a porta do passageiro e segurou a mão dela.

— Sinto muito — disse ele. — Sinto muito por não ter estado aqui.

— Tudo bem. — A voz de Dulce estava baixa, mas estável. Se ele não tivesse visto as lágrimas, não adivinharia que ela havia chorado.

— Estou contente que tenha vindo quando pôde.

— Você me deu um susto quando disse que estava grávida Dulce. Sinto muito por ter reagido como reagi, mas percebi hoje que estou muito feliz por esperarmos um bebê.

Dulce não falou. Ela parecia pequena e triste, muito diferente da mulher impetuosa que ele conhecera. E era culpa dele.

Sua garganta ficou apertada. Ele não poderia ser o responsável por fazer Dulce se sentir tão triste.

Mas ele se casou com ela por uma boa razão. Isso era para fazer o certo em relação ao filho de seu irmão. E agora para seu próprio filho.