Fanfic: Uma vez mais com ternura - AyA - Adaptada - FINALIZADA. | Tema: AyA
CAPÍTULO I
Enquanto a observava a distância, ele pensava que ela não mudara nada naqueles cinco anos. O tempo, ao que parecia, não correra nem se arrastara; mantivera-se simplesmente inalterado, para ela.
Anahi Portilla era uma mulher pequena e esbelta, de gestos rápidos e nervosos que a tornavam inexplicavelmente atraente. Trazia no corpo o bronzeado dourado do sol da Califórnia; aos vinte e cinco anos, sua pele era macia e fresca como a de uma criança. Não porque se preocupasse com ela. Cuidava do corpo apenas quando se lembrava, mas ninguém diria isso. Os cabelos longos eram castanhos e fortes e ela costumava usá-los sempre soltos, as pontas quase tocando-lhe a cintura.
O rosto era o de uma fada, com maçãs bem definidas e queixo levemente pronunciado. Sabia sorrir com a boca e com os olhos que, redondos e acinzentados, deixavam transparecer todas as suas emoções. Talvez por isso, e também por possuir uma voz macia e melancólica, fizesse tanto sucesso junto ao público.
Anahi nunca se sentia à vontade no estúdio de gravação. Seis anos haviam-se passado desde que lançara o primeiro disco, mas ainda experimentava uma sensação de desconforto sempre que era obrigada a isolar-se entre aquelas paredes de vidro à prova de som. Nascera para o palco, para as apresentações ao vivo. Uma comunicação mágica, uma troca fantástica de energias e de vibrações estabelecia-se entre ela e a platéia, num êxtase que se renovava e crescia a cada interpretação. Enquanto profissional, não podia prescindir das gravações, mas eram os shows que a realizavam como artista. Entretanto, sempre que se enfiava durante horas num estúdio, exigia que o resultado fosse perfeito. Da qualidade, Anahi não abria mão. E, para chegar a isso, trabalhava arduamente. Como agora, por exemplo.
Com o fone de ouvido, ela acompanhava atentamente o playback. A música estava boa, mas havia qualquer coisa que... Não sabia dizer ao certo, mas a gravação poderia ter saído melhor. Fez sinal aos engenheiros de som para que parassem o playback.
— Marc?
Um rapaz de cabelos ruivos, com o físico de um lutador de boxe, entrou na cabina.
Problemas? — perguntou, tocando o ombro de Anahi.
O último número está um pouco... — procurou a palavra exata — ... vazio. O que você acha?
Respeitava Marc Ridgely como músico e dependia dele como amigo. Era um homem de poucas palavras e, além da música, tinha paixão por filmes de western.
Marc coçou a barba por alguns segundos, num gesto que lhe era característico e que dispensava palavras inúteis. Foi direto ao ponto:
— Tente de novo. A parte instrumental está perfeita.
Anahi riu, produzindo um som tão quente e rico quanto as suas melodias.
— Cruel, porém sincero — murmurou, tornando a ajustar o fone de ouvido. Aproximou-se do microfone. — Um novo vocal para Love and Lose, por favor — solicitou aos engenheiros. — A grande autoridade no assunto acaba de dizer que a falha é da cantora e não dos músicos.
Viu Marc sorrir, mas logo em seguida fechou os olhos para mergulhar na canção que reiniciava. Uma balada lenta e triste, adequada ao timbre da sua voz e às suas características de intérprete. A letra era dela, como tantas que havia composto anos atrás. Só recentemente tivera coragem para trazê-las a público.
Aos seus ouvidos chegavam as primeiras notas, num arranjo que ela mesma produzira. No exato instante em que acrescentou a voz, Anahi descobriu o que havia saído errado: ela não se soltara o suficiente antes.
A música fluía, mas agora as palavras saíam carregadas de emoção, como se aquele lamento viesse do fundo da sua alma. Contagiada pela própria interpretação, Anahi sentiu renascer a dor que julgara enterrada há anos. Soltou ainda mais a voz, único meio de aliviar a angústia que subitamente se abatera sobre ela.
Final de gravação. Silêncio total. Todos os olhares convergiram para a intérprete, que, ainda atordoada, não se deu conta da admiração dos companheiros. Exausta, tirou o fone de ouvido, subitamente consciente da pressão exercida em torno de sua cabeça.
Tudo bem? — Marc entrou na cabina e apoiou a mão no ombro da amiga. Sentia-a tremer ligeiramente.
Tudo bem. — Anahi pressionou os dedos na testa e sorriu, surpresa. — Acho que me envolvi demais.
Marc inclinou a cabeça e, numa demonstração de afeto surpreendente para um homem tímido, beijou-lhe a testa.
Você foi fantástica.
Ela sorriu, comovida.
Obrigada. Eu estava precisando disso.
Do beijo ou do elogio?
Dos dois. — Alargou o sorriso e jogou os cabelos para trás com um movimento de cabeça. — Os artistas precisam da admiração dos outros, você sabe.
— Artista? Onde? — caçoou um dos vocalistas.
Ela olhou na direção do gozador e ameaçou-o:
— Cuidado com o que diz, ou acabará sendo substituído.
O rapaz deu risada, já acostumado às respostas rápidas de Anahi.
Ela estava rindo também, quando casualmente seus olhos pousaram sobre o homem que, em pé, a observava do lado de fora do vidro.
O sangue fugiu-lhe completamente do rosto. A emoção de momentos atrás, que deixara vestígios dentro dela, reapareceu com toda a carga e só a muito custo conseguiu dominá-la.
— Alfonso — murmurou sem perceber.
Devia estar sonhando. Ele não poderia estar ali, a poucos metros de distância. Mas, quando reparou nos olhos dele, fixos sobre ela, teve certeza de que tudo era real. Alfonso de volta.
Todos aqueles anos de palco haviam-na ensinado a representar. Assim, no momento em que ele se aproximou, Anahi trazia um sorriso profissional nos lábios, ainda que se sentisse desmoronar por dentro.
— Que bom vê-lo de novo, Alfonso — cumprimentou, estendendo-lhe as duas mãos e aproximando o rosto para receber o beijo, saudação comum entre artistas.
Ele se surpreendeu com aquela demonstração fria e controlada de boas-vindas, uma vez que a vira empalidecer instantes atrás, como quem se choca com o inesperado. Agora, todavia, Anahi agia de um modo que ele não conhecia, fazendo-o reconhecer que havia se enganado; ela estava mudada.
— Olá, Anahi. — Beijou-a de leve no rosto e tomou-lhe as mãos. — Você está mais bonita do que nunca.
Ela se permitiu um momento de contemplação e passou o olhar por ele. Era mais alto do que ela se lembrava e parecia um pouco mais magro. Os cabelos, escuros, estavam cortados . O rosto bonito ainda justificava os gritos histéricos das fãs que lotavam os lugares onde ele se apresentava. Não havia mudado muito: trazia o mesmo bronzeado e o mesmo olhar inquiridor que lhe davam um charme irresistível. Na personalidade, a reserva natural dos ingleses misturava-se ao ar sonhador que herdara da mãe, irlandesa. E os olhos... Ah, aqueles olhos verdes eram um dos maiores responsáveis pela atratividade dele. Charme e atração sexual formavam uma combinação perturbadora para um homem tão calmo quanto Alfonso Herrera.
Você não mudou muito, não é, Alfonso? — conseguiu perguntar com naturalidade.
Engraçado. — Ele deu um sorriso curto como era seu costume. — Eu pensei a mesma coisa a seu respeito assim que pus os olhos em você.
Deus, por que ele não soltava as mãos dela?
O que o traz a Los Angeles, Alfonso?
Negócios, querida — respondeu distraidamente, embora os olhos estivessem captando cada detalhe daquela fisionomia delicada. — E, naturalmente, a oportunidade de vê-la outra vez.
Naturalmente. — O tom de voz, embora cortês, era frio e levemente irônico.
O sarcasmo de Anahi apanhou-o de surpresa. A mulher que ele conhecera anos atrás não costumava usar desse expediente.
— Eu queria mesmo ver você — Alfonso confessou com aquela franqueza que desarmava as pessoas. — Muito. Que tal jantarmos juntos esta noite?
A pulsação de Anahi acelerou-se diante daquela mudança súbita de tom. "Reflexo apenas", pensou, tentando não sentir o calor das mãos que prendiam as suas.
Sinto muito, Alfonso — respondeu com calma. — Já tenho um compromisso. — E olhou instintivamente para Marc, que, de cabeça baixa, concentrava-se em afinar o violão. Alfonso seguiu a direção do olhar dela.
Amanhã então — retrucou, sempre de modo casual. — Quero conversar com você.
Alfonso, eu... — começou, mas foi imediatamente interrompida.
Estarei na sua casa por volta das quatro. Não se preocupe, eu me lembro do caminho. — Sorriu como se sorri a uma velha amiga e, depois de despedir-se dela com um beijo, soltou-lhe as mãos, deu meia-volta e saiu.
Eu sei — murmurou para si mesma, ao vê-lo distanciar-se. — Você conhece o caminho.
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Autor(a): ayaremember
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 34
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:05:30
que historia mais linda, uma das mais lindas que já li aki na fanfics, arrasou, adorei tudo, Los As mais do que perfeitos
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isajuje Postado em 10/09/2013 - 17:13:16
Eu errei ''/ não teve nada de casamento, só o casamento que o Alfonso iria propor antigamente e que revelação, hein? É tão bom ler histórias assim em que tem os seus baixos, acontecem umas tragédias (inevitável na vida, né), mas eles conseguem superar e viver um amor. Obrigada por compartilhar mais esta história conosco <3
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lyu Postado em 10/09/2013 - 00:42:31
AMEEEI
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isajuje Postado em 09/09/2013 - 14:29:10
CASAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMENTO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' estou apostando nisso, nem falo mais nada U_U
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steph_maria Postado em 08/09/2013 - 13:41:20
Kddddddddddddd vc???? morrendo por saber kd o Alfonsoo genteee????
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lyu Postado em 08/09/2013 - 01:07:09
ain eu tambem quero saber aonde ele ta, acho q ele nao encontrou o bilhete dela. UI HOT a proxima web
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isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:52:31
Não vou tirar conclusões precipitadas sobre o Alfonso, mas eu quero saber... Onde está esse bendito desse homem? Será que ele sofreu algum acidente quando saiu com aquele carro? KKKKKKKKKKKKKK é, acho que não porque a mídia já teria conhecimento disso. Eu acho. Se eu fosse a Anahí eu teria pego já um avião de volta para lá U_U
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steph_maria Postado em 05/09/2013 - 19:49:03
Pelo amor de Deus kd o Alfonsooo?? muita covardia dele deixar a Anahi sozinha uma hora dessas =/
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lyu Postado em 05/09/2013 - 02:46:05
ain meu coração
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isajuje Postado em 04/09/2013 - 11:43:02
Posta mais u.u (via celular haha)