Fanfics Brasil - CAPÍTULO - 10 Uma vez mais com ternura - AyA - Adaptada - FINALIZADA.

Fanfic: Uma vez mais com ternura - AyA - Adaptada - FINALIZADA. | Tema: AyA


Capítulo: CAPÍTULO - 10

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Os passos de Anahi ecoavam pelo teatro escuro e silencioso. Logo mais, aquele silêncio seria quebrado por operários, técnicos e eletricistas, todos encarregados dos detalhes essenciais à montagem do show. O som das vozes acabaria por misturar-se ao das marteladas, numa balbúrdia já velha conhecida de Anahi.
Ela apreciava aqueles momentos que antecediam a estréia, pois também faziam parte do espetáculo, ainda que o público não avaliasse sua importância. Ali estava a base do resultado final, e por isso todo o trabalho era cercado de uma enorme expectativa.
Dali a algumas horas, as pessoas formariam fila nas bilheterias, os críticos de música tomariam os lugares a eles reservados, os repórteres estariam à procura dela nos bastidores, com as tradicionais perguntas. E Anahi não estava se sentindo muito amiga da imprensa no momento. Até então ela já tivera oportunidade de ler pelo menos meia dúzia de versões acerca do seu relacionamento com Alfonso: especulações acerca do trabalho que fariam juntos em Fantasia e, principalmente, especulações de ordem sentimental. O fato de estarem novamente juntos, depois de tanto tempo, acendeu os noticiários. Velhas fotografias foram desenterradas. Velhas perguntas voltaram a ser feitas. A antiga ferida fora reaberta e doía do mesmo modo que antes.
Duas vezes por semana, Anahi dava um telefonema para a Clínica Fieldmore. Mantinha com o Dr. Karter a conversa de sempre e depois trocava algumas palavras com a mãe. Mesmo consciente de que estava se iludindo, começava a acreditar novamente em todas as promessas dela, que vinham acompanhadas de choro e arrependimento. Se não estivesse tão absorvida nos detalhes ligados à tournée, Anahi acabaria tendo um esgotamento nervoso. Não pela primeira vez na sua vida, deu graças a Deus por exercer uma atividade que quase não lhe deixava tempo para pensar.
Subiu até o palco e colocou-se de frente para a platéia imaginária. Os arrepios de ansiedade que lhe percorriam o corpo, momentos antes de cada apresentação, não podiam ser tomados como medo. Anahi sabia lidar com aquela emoção; esquecia-se do mundo quando começava a cantar. Era uma intérprete nata, assim como a sua voz era natural, dispensando o auxílio de recursos eletrônicos. A hesitação desses instantes não tinha nada a ver com a cantora e sim com a mulher.
Decidida a provar uma coisa para si mesma, principiou a cantar a música que compusera juntamente com Alfonso, sua voz tomando todos os espaços do teatro. Com o acompanhamento musical na cabeça, começou a libertar, uma a uma, todas as lembranças.
Excessivamente sentimental? Ela não pensara assim, quando escrevera a letra. Soltando ainda mais a voz, cantou como não cantava há anos. Dois minutos e quarenta e três segundos que a ligavam a Alfonso. Sempre que ouvia aquela canção no rádio, mudava imediatamente de estação, e nunca a colocara num show, apesar dos insistentes Pedidos. Agora, no entanto, precisava fazer esse teste, enfrentar as recordações. Só assim poderia saber se seria capaz de trabalhar com ele. A tournée já estava no final, faltavam apenas duas semanas...
Não, até que não doeu tanto quanto imaginara. A saudade estava lá, certo, mas nada de tão tenebroso que não pudesse ser enfrentado. Lembrou-se então da última vez em que estivera nos braços de Alfonso, no silêncio daquela noite sobre as colinas de Los Angeles.
— Eu nunca ouvi você cantar essa música inteira.
Como que pega em flagrante, Anahi voltou-se rapidamente na direção daquela voz, a mão na garganta.
— Ah, é você, Marc? — Respirou, aliviada, e sorriu. — Que susto eu levei! Pensei que estivesse sozinha.
— Não quis interrompê-la. Eu nunca tinha ouvido a letra inteira dessa música, apenas a redução que você e Herrera fizeram. — Deu alguns passos na direção dela, saindo da penumbra, e Anahi percebeu que ele trazia o violão acústico dependurado. Aquilo era comum; Marc jamais era visto sem estar segurando um instrumento. — Eu sempre pensei que você não a cantasse por considerá-la ruim. Mas só agora vejo que é a melhor do seu repertório. Imagino que você não goste de interpretá-la com outra pessoa, por isso a mantém fechada na gaveta.
Anahi arregalou os olhos, surpresa. Claro, aquele era o motivo principal, mas só agora ela tomava consciência disso.
— Tem razão, Marc. — E, mudando de assunto: — Você veio ensaiar?
— Eu liguei para o seu quarto. Maite me disse que você estaria aqui.
Aproximou-se dela e, já que não havia cadeiras, sentou-se no chão. Anahi sentou-se ao lado dele, cruzando as pernas. Era bom estar com Marc, ele a descontraía. Sorriu para ele, vendo-o dedilhar as cordas.
— Estou contente por você ter vindo. Gosto de sentir o teatro antes de cada apresentação, ainda mais agora, no final da tournée, quando todos eles me parecem iguais. — Fechou os olhos e balançou a cabeça, jogando os cabelos para trás. — Onde estamos agora? Kansas City? Deus, odeio pensar que logo mais estaremos metidos num avião. Essa maratona às vezes me parece tão fora de propósito...
Acompanhando aquelas palavras, Marc criava um ou outro solo no violão. Seus olhos estavam fixados nas mãos que Anahi trazia apoiadas sobre os joelhos. Bronzeadas e frágeis, veias azuladas sobressaindo nas costas de cada uma delas. As unhas não eram compridas, mas bem aparadas e pintadas com esmalte incolor. Não havia anéis nos dedos. Porque elas estavam imóveis, Marc deduziu que Anahi mantinha-se calma e serena.
— Tudo está dando certo até aqui — prosseguiu ela. — 0 conjunto está afiadíssimo, embora tenhamos perdido Kelly. O novo baixista é bom, você não acha?
— Entende do riscado — Marc observou laconicamente.
Ela ergueu o braço e acariciou-lhe a barba.
— Você também. — E apontando para o violão: — Deixe-me tentar um pouco.
Com um aceno afirmativo, Marc passou a correia sobre a cabeça e estendeu o instrumento para Anahi. Ela tocava razoavelmente, embora enfrentasse as gozações do grupo sempre que se atrevia a mexer com o violão. De tempos em tempos, gostava de assustá-los com idéias mirabolantes sobre incluir nos shows uma apresentação em que ela própria se acompanharia, dispensando os demais elementos do conjunto. Desnecessário dizer que nenhuma dessas idéias chegou a ser concretizada.
Ainda assim, ela gostava de produzir música naquelas seis cordas. Era uma terapia, uma sessão de relaxamento. Havia qualquer coisa que a acalmava quando segurava um instrumento, sentindo-o vibrar contra o seu corpo.
Depois de errar duas vezes a mesma nota, ela devolveu o instrumento ao dono.
— Tome, estou fora de forma — lamentou.
— Boa desculpa.
— E, além do mais, está desafinado.
Marc tocou rapidamente a escala.
— Desafinado uma ova.
— Você bem que podia ser bonzinho e dizer que sim. — Trocou de posição, das pernas e abraçando-as. — Sorte sua ser apenas um bom músico. Você daria um péssimo político.
— Principalmente porque não agüentaria tantas viagens — retrucou ele, enquanto os dedos começavam a se mover novamente.
Anahi deu uma risada que ecoou por todo o teatro. Marc gostava de vê-la rir.
— Claro, você tem toda razão! Como alguém pode suportar viajar de um lugar para o outro em curtos intervalos de tempo? Ainda mais quando a atividade de um músico é tão calma, tão rotineira...
— E sólida como uma maria-mole — acrescentou ele.
Anahi ficou um instante em silêncio, vendo-o brincar com as cordas.
— Adoro ver você tocar — confessou. — Você faz a coisa parecer tão fácil. Quando Alfonso começou a me ensinar... — Mas as palavras morreram-lhe na garganta. Marc ergueu os olhos, sem descansar os dedos. — Eu... achava tão... difícil... —prosseguiu, abominando-se por ter tocado naquele assunto. Aliás, nem sabia por que trouxera o nome dele à baila. Firmou a voz, contudo, e foi em frente. — Ele é canhoto e o violão, naturalmente, estava adaptado para ser tocado ao contrário. Embora eu tivesse o meu próprio instrumento, era difícil observá-lo e depois inverter as posições. — Riu, deliciando-se com a lembrança. Distraidamente ergueu uma das mãos e ficou mexendo no brinco. — Talvez seja por isso que eu toque tão mal. Acostumei-me a inverter as posições na cabeça antes de executá-las.
Caiu no silêncio novamente enquanto Marc continuava a tocar. Era tão reconfortante a sensação de estarem sozinhos naquele imenso teatro vazio... Começou a cantarolar baixinho, seguindo a melodia que saía do violão. Era como se estivessem em casa, sentados sobre o tapete, cercados por quatro paredes, isolados do mundo.
A exaustão daquela tournée era compensada por momentos como aquele, capazes de revigorá-la, tal qual uma boa noite de sono. Sorriu para Marc ao final da canção.
— Que bom você ter vindo — murmurou com carinho. Ele era um bom amigo e acalmava-a com sua presença silenciosa.
Ele olhou para ela e, pela primeira vez, os dedos silenciaram-se sobre as cordas.
— Há quanto tempo estamos juntos, Anahi?
Ela pensou um instante.
— Quatro, cinco anos. Por aí.
— Cinco — corrigiu ele. — Era o mês de agosto e você estava ensaiando para a segunda tournée de sua carreira. Naquele dia, quando comecei a fazer parte do conjunto, você usava calças compridas brancas e uma camiseta com um arco-íris desenhado no peito. Estava sem sapatos. E tinha um olhar perdido. Herrera havia voltado para a Inglaterra não fazia um mês.
Anahi olhou para ele, surpresa e intrigada. Nunca o vira fazer um discurso tão longo.
— Que estranho você lembrar-se de tanta coisa, inclusive das roupas que eu estava usando.
— Lembro-me perfeitamente porque me apaixonei por você naquele mesmo dia. Era a primeira vez que a via, mas não consegui mais tirá-la da cabeça.
— Marc... — Procurou desesperadamente qualquer coisa para dizer, mas não encontrou nada. Alcançou-lhe então uma das mãos. Sabia do esforço que ele fizera para confessar aquilo.
— Uma ou duas vezes, eu cheguei perto de convidá-la para viver comigo.
— E... e por que não pediu?
— Porque você ficaria triste ao dizer que não, e eu ficaria arrasado por ouvir isso. — Descansou o violão no colo e, inclinando-se sobre ele, deu um beijo em Anahi.
— Marc, eu não sabia — murmurou ela, segurando-lhe o rosto com as duas mãos. — Mas deveria ter percebido. Sinto muito.
— Você não consegue se esquecer dele, não é? É frustrante competir com uma lembrança. — Apertou as mãos dela por um momento e soltou-as logo em seguida. Ergueu os ombros largos. — Tudo bem, acho que não daria certo mesmo. Você sempre me assustou.
— Eu? — Levantou as sobrancelhas.
— Espere, deixe-me explicar. Você é do tipo de mulher que faria um homem dar-lhe tudo, simplesmente porque não pede nada.
— Como é que é?
— Você precisa de alguém que lhe dê segurança, alguém de quem possa depender emocionalmente. Em outras palavras, alguém que a conduza. Eu nunca seria capaz de satisfazê-la nesse ponto. Como também jamais conseguiria dizer não a você, discutir com você, fazer loucuras na cama com você.
Anahi ficou estudando-o em silêncio e só então ousou perguntar:
— Por que você está me dizendo tudo isso? Por que agora?
— Porque eu compreendi, quando a ouvi cantar aquela música, que eu sempre amarei você, mas que jamais a terei para mim. - Tenho que aprender a conviver com isso. — Alcançou-lhe uma mecha dos cabelos e ficou brincando com ela. — Sei lá, mesmo assim é uma coisa boa. Uma fantasia capaz de me aquecer à noite ou de me alegrar quando estou triste. O "poderia ter sido" já vale a pena.
Anahi não sabia se devia sorrir ou consolá-lo. Sentiu-se impotente, com vontade de chorar.
— Eu... eu magoei você, não é?
— Claro que não. — Ela sabia que ele estava dizendo a verdade. — Você sempre fez com que eu me sentisse bem. Espero que não tenha ficado perturbada com essa conversa.
— Não. — Sorriu para ele. — Você também faz com que eu me sinta bem.
Marc levantou-se e ajudou-a a pôr-se de pé.
— Que tal um cafezinho? — propôs, e ela apenas fez que sim.



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Autor(a): ayaremember

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Alfonso vestiu os jeans. Já passava das duas da madrugada, mas ele não tinha sono, ainda sob o efeito da apresentação daquela noite. Era melhor sair, decidiu, e gastar numa mesa de bar as energias que haviam sobrado. Podia, quem sabe, pegar Eddie ou algum dos rapazes do conjunto e dar um giro pelos cassinos. Seria uma idéia melhor ainda.L&a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 34



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  • traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:05:30

    que historia mais linda, uma das mais lindas que já li aki na fanfics, arrasou, adorei tudo, Los As mais do que perfeitos

  • isajuje Postado em 10/09/2013 - 17:13:16

    Eu errei ''/ não teve nada de casamento, só o casamento que o Alfonso iria propor antigamente e que revelação, hein? É tão bom ler histórias assim em que tem os seus baixos, acontecem umas tragédias (inevitável na vida, né), mas eles conseguem superar e viver um amor. Obrigada por compartilhar mais esta história conosco <3

  • lyu Postado em 10/09/2013 - 00:42:31

    AMEEEI

  • isajuje Postado em 09/09/2013 - 14:29:10

    CASAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMENTO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' estou apostando nisso, nem falo mais nada U_U

  • steph_maria Postado em 08/09/2013 - 13:41:20

    Kddddddddddddd vc???? morrendo por saber kd o Alfonsoo genteee????

  • lyu Postado em 08/09/2013 - 01:07:09

    ain eu tambem quero saber aonde ele ta, acho q ele nao encontrou o bilhete dela. UI HOT a proxima web

  • isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:52:31

    Não vou tirar conclusões precipitadas sobre o Alfonso, mas eu quero saber... Onde está esse bendito desse homem? Será que ele sofreu algum acidente quando saiu com aquele carro? KKKKKKKKKKKKKK é, acho que não porque a mídia já teria conhecimento disso. Eu acho. Se eu fosse a Anahí eu teria pego já um avião de volta para lá U_U

  • steph_maria Postado em 05/09/2013 - 19:49:03

    Pelo amor de Deus kd o Alfonsooo?? muita covardia dele deixar a Anahi sozinha uma hora dessas =/

  • lyu Postado em 05/09/2013 - 02:46:05

    ain meu coração

  • isajuje Postado em 04/09/2013 - 11:43:02

    Posta mais u.u (via celular haha)


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