Fanfic: Uma vez mais com ternura - AyA - Adaptada - FINALIZADA. | Tema: AyA
Tanto Anahi quanto Alfonso estavam ansiosos por começar. Iniciaram o trabalho no dia seguinte à chegada, e logo entraram numa rotina disciplinada e agradável. Alfonso levantava-se cedo, e normalmente estava terminando o café da manhã quando Anahi aparecia, sempre morta de sono. Apenas depois de levantar-se da mesa, já fortificada pela refeição, ela se sentia desperta e preparada para a retomada das atividades. Os dois só interrompiam o trabalho ao meio-dia, com a chegada da Sra. Pengalley. Enquanto a caseira fazia os serviços domésticos, Alfonso e Anahi aproveitavam para dar longas caminhadas.
Os dias eram refrescantes, com cheiro de mar e primavera. A terra apresentava-se em alguns trechos coberta de urzes, prestes a florescer. Ondas rebentavam nos rochedos de granito, espirrando água para o alto. Os pássaros mais audaciosos construíam seus ninhos nos penhascos, e costumavam sobrevoar o oceano em busca de alimentos, soltando grasnidos estridentes, que se misturavam ao barulho das ondas. Lá do alto, Anahi enxergava, do outro lado, a vila com suas fileiras de chalés e a igrejinha branca.
As tardes eram totalmente ocupadas pelo trabalho. Depois do jantar, lareira acesa, costumavam avaliar o que produzido durante o dia. No final da primeira semana, estava pronta a música-título, e os dois já contavam com o esboço das demais canções.
Não trabalhavam sem discussões, o que, longe de ser um entrave, acabava contribuindo para a qualidade das composições. Entendiam de música o suficiente para não aceitarem sem argumentar as idéias que surgiam da cabeça de um e de outro. O resultado sempre acabava agradando aos dois; formavam uma dupla imbatível.
Continuavam apenas amigos. Alfonso não fez outras tentativas de aproximar-se dela e absteve-se de quaisquer insinuações a esse respeito. De vez em quando, Anahi o pegava olhando intencionalmente para ela. Nesses momentos sentia algo inexplicável, tão sensual como uma carícia, tão perturbador como um beijo. Isso a confundia e a afetava mais do que se Alfonso a tivesse tocado de fato. Os avanços dele seriam prontamente repelidos, claro. Ela sabia, no entanto, que ele estava à espera da sua decisão. Por trás das conversas informais, das brincadeiras e das discussões relacionadas ao trabalho, o clima entre eles era de permanente tensão.
A tarde foi longa e um tanto monótona. Uma chuvinha fina e insistente havia impedido os dois de darem a tradicional caminhada. A música enchia a casa, ecoando aqui e ali, saindo pelas janelas e sendo carregada pelo vento. A lareira foi acesa com o restante da lenha trazida pelo Sr. Pengalley. Uma bandeja com chá e biscoitos descansava, esquecida, em uma das mesinhas da sala. A discussão entre eles já havia alcançado o segundo estágio.
— Assim não dá certo — insistia Anahi. — Nós temos que mudar o ritmo.
— Trata-se de uma música melancólica, Anahi.
— Isso não quer dizer que tenha que ser tão lenta assim. Mais parece uma marcha fúnebre. As pessoas vão dormir antes que ela chegue ao final, Alfonso.
— Ninguém consegue dormir quando a intérprete é Lauren Chase — argumentou ele. — Esse número é puro sexo, Anahi, e ela sabe como vender o produto.
— Claro que sabe — concordou —, mas não dentro desse ritmo. — Deslocou-se até o piano para encará-lo de frente. — Pense na cena: Joe adormece sobre a máquina de escrever, no meio do capítulo que está datilografando. Já começa a se acreditar meio louco por causa dos sonhos realistas que tem com a sua personagem, Tessa. Ela parece tão real que ele se apaixona, mesmo sabendo que se trata de um produto da sua imaginação, uma fantasia. E agora lá está Joe sonhando novamente, só que desta vez ela promete que virá ter com ele à noite.
— Eu conheço o enredo, Anahi — Alfonso interrompeu-a com ar cansado.
Anahi murchou ao detectar um certo fastio na voz dele. Uma ou duas vezes acordara no meio da noite, ouvindo-o tocar. Talvez estivesse cansado.
— Nightfall deve ser uma música quente, Alfonso. Você está certo quando diz que é puro sexo, e a letra está fantástica. Mas ainda acho que falta movimento.
— Ela tem movimento suficiente. — Alfonso deu uma última tragada no cigarro antes de apagá-lo. — Chase sabe como segurar uma música.
Anahi soltou um suspiro de insatisfação. Infelizmente ele costumava estar certo nas avaliações. Tinha instinto para coisa. Só que, desta vez, ela estava absolutamente convicta do que dizia, como compositora e mulher. Sabia o modo pelo qual a música deveria ser interpretada para alcançar o efeito desejado. No momento em que passara os olhos pela letra que Alfonso escrevera, a melodia fora surgindo na sua cabeça naturalmente.
— Eu sei das coisas que Lauren é capaz. Mas deixe-me mostrar a você.
Tomou o lugar dele junto ao piano e começou a tocar em andante, um tempo mais acelerado. Após a introdução, ela soltou a voz, fazendo o próprio acompanhamento. Alfonso foi até a janela para olhar a chuva que caía lá fora. Enquanto isso, ouvia. Era a canção de uma mulher sedutora, cheia de promessas implícitas e selvagens.
A voz de Anahi fluía com as notas musicais e, inesperadamente quente a um certo ponto, fez com que uma ponta de desejo despertasse Alfonso do torpor em que parecia mergulhado. Ela praticamente criara uma nova melodia. O tempo mais rápido formava um contraste agudo e de muito mais efeito do que ele imaginara antes. Anahi terminou de cantar abruptamente, com um murmúrio rouco, dando impacto ao final. Jogou os cabelos para trás e atirou-lhe um olhar triunfal.
— E então?
Ele manteve as mãos dentro dos bolsos.
— Você tem o direito de acertar de vez em quando.
Anahi riu, girando sobre o banco até ficar de frente para ele.
— E você é ótimo para fazer elogios, Alfonso. Estou, comovida.
— A voz de Lauren não tem o alcance da sua — murmurou ele. E, impaciente, foi até a bandeja com o chá. Serviu-se mas, antes de tocar na xícara, abandonou-a.
Anahi o observava com ar preocupado.
— Alfonso, o que está havendo com você? — perguntou, franzindo a testa.
Ele caminhou até a lareira e começou a remexer nas achas.
— Nada. Estou cansado, só isso.
— A chuva deve estar deprimindo você. — Levantou-se e foi até a janela. — Eu não me importo. Às vezes gosto de um dia como este, cheio de preguiça. Podemos nos entregar a ela sem nos sentirmos culpados. Pois eu acho que é isso o que você devia fazer: ficar à toa e descansar. Aquele magnífico tabuleiro de xadrez na biblioteca está pedindo para ser usado. Por que não me ensina a jogar? — Pousou as mãos sobre os ombros dele e, ao senti-los tensos, começou a massageá-los.
Interrompeu aqueles movimentos quando Alfonso virou-se abruptamente e removeu-lhe as mãos dos ombros. Sem falar nada, saiu de perto dela, abriu o armário de bebidas e tirou uma garrafa de bourbon. Anahi viu quando ele despejou três dedos da bebida em um copo e virou-o de um só gole.
— Não estou com paciência para jogos esta tarde — avisou enquanto servia-se de mais um drinque.
— Certo, Alfonso, sem jogos hoje. — Caminhou até ele, olhando-o bem de frente. — Por que está zangado comigo? Certamente não é por causa da canção.
Entreolharam-se por um bom tempo, ouvindo as chamas crepitarem na lareira.
— Talvez seja hora de nós dois termos uma conversa — Alfonso retrucou afinal, acabando com o restinho de bebida que havia no copo. — É perigoso deixar tanta coisa pendente por cinco anos. Nunca se sabe quando elas poderão cair na cabeça da gente.
Anahi teve uma sensação de desconforto, mas concordou assim mesmo.
Autor(a): ayaremember
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— Talvez você tenha razão.Ele abriu rapidamente um sorriso.— Por que então não nos comportamos como pessoas civilizadas e nos sentamos para conversar calmamente?Ela ia dizer qualquer coisa quando a campainha tocou. Descansando o copo sobre a mesa, Alfonso ainda lhe voltou um último olhar antes de atender a porta.Sozinha, Anahi pr ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 34
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:05:30
que historia mais linda, uma das mais lindas que já li aki na fanfics, arrasou, adorei tudo, Los As mais do que perfeitos
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isajuje Postado em 10/09/2013 - 17:13:16
Eu errei ''/ não teve nada de casamento, só o casamento que o Alfonso iria propor antigamente e que revelação, hein? É tão bom ler histórias assim em que tem os seus baixos, acontecem umas tragédias (inevitável na vida, né), mas eles conseguem superar e viver um amor. Obrigada por compartilhar mais esta história conosco <3
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lyu Postado em 10/09/2013 - 00:42:31
AMEEEI
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isajuje Postado em 09/09/2013 - 14:29:10
CASAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMENTO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' estou apostando nisso, nem falo mais nada U_U
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steph_maria Postado em 08/09/2013 - 13:41:20
Kddddddddddddd vc???? morrendo por saber kd o Alfonsoo genteee????
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lyu Postado em 08/09/2013 - 01:07:09
ain eu tambem quero saber aonde ele ta, acho q ele nao encontrou o bilhete dela. UI HOT a proxima web
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isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:52:31
Não vou tirar conclusões precipitadas sobre o Alfonso, mas eu quero saber... Onde está esse bendito desse homem? Será que ele sofreu algum acidente quando saiu com aquele carro? KKKKKKKKKKKKKK é, acho que não porque a mídia já teria conhecimento disso. Eu acho. Se eu fosse a Anahí eu teria pego já um avião de volta para lá U_U
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steph_maria Postado em 05/09/2013 - 19:49:03
Pelo amor de Deus kd o Alfonsooo?? muita covardia dele deixar a Anahi sozinha uma hora dessas =/
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lyu Postado em 05/09/2013 - 02:46:05
ain meu coração
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isajuje Postado em 04/09/2013 - 11:43:02
Posta mais u.u (via celular haha)