Fanfic: Uma vez mais com ternura - AyA - Adaptada - FINALIZADA. | Tema: AyA
Anahi vestiu-se cuidadosamente, dizendo a si mesma que devia estar bem para encontrar-se com Wayne Metcalf, mas, lá no íntimo, sabia que era mentira. De qualquer modo, aquele vestido dava-lhe mais segurança. Quem poderia sentir-se vulnerável num St. Laurent?
Wayne Metcalf era um grande amigo que alcançara fama como estilista de moda, quase ao mesmo tempo em que ela estourava nas paradas de sucesso. Anahi jamais se arrependera por, desde o início, havê-lo escolhido como responsável pelo seu guarda-roupa. Como Maite, Wayne a conhecia mais do que o suficiente, e sabia ser leal e devotado àqueles a quem considerava amigos sinceros.
Enquanto esperava por ele no sofisticado ateliê, Anahi deixou o pensamento correr em direção ao passado. Por onde andaria sua mãe? Em que quarto do hotel, em que espelunca estaria metida, dando fim ao que restava de sua vida?
Criança ainda, descobrira que tinha uma mãe diferente das outras: alcoólatra. O hábito forte de bebida, o rosto inchado, os olhos constantemente vermelhos, o humor mudando de um instante para outro, a agressividade, as cenas, o ridículo...
Fechou os olhos, como se pudesse apagar as imagens que dançavam na sua mente. Por onde andaria ela agora? Antes que o velho sentimento de culpa voltasse a atormentá-la, a porta se abriu.
— Mas você está linda! — exclamou Wayne, vindo na direção dela. — Não me diga que tudo isso é por minha causa. Não mereço tanto.
Anahi sorriu, aliviada por aquela lufada de bom humor.
Como não? — retrucou, indo ao encontro dele para abraçá-lo. — Merece muito mais.
Se é assim, por que não está usando um modelo meu? A homenagem seria completa — caçoou, os braços em volta dela.
Alto e magro, ele ainda não havia completado trinta anos. Tinha um rosto interessante, emoldurado por cabelos castanhos, muito bem aparados e do mesmo tom que os olhos. Uma pequena cicatriz marcava a sobrancelha esquerda e dava-lhe, era o que ele julgava, um certo charme.
Não me diga que está com ciúmes — Anahi provocou-o, quando se separaram. — Eu pensei que você fosse superior a essas coisas.
De vez em quando tenho uma recaída. — Sentaram-se no sofá e ele acendeu um cigarro. — Ouvi dizer que Alfonso Herrera está na cidade — começou, como que tateando o terreno.
O sorriso de Anahi desapareceu imediatamente.
— É verdade — confirmou. — Eu já estive com ele.
E como está se sentindo?
Ela deu de ombros.
Normal.
— Anahi. — Wayne pousou uma das mãos sobre a dela. — Você passou maus bocados depois que ele a deixou. Eu sei disso porque acompanhei tudo. Portanto, não tente me enganar agora.
Meu amigo querido — tornou ela, comovida. — Eu jamais poderei esquecer o que você e Maite fizeram por mim. Não teria sobrevivido se não fossem vocês dois.
Deixe isso pra lá. Estou falando de outra coisa. Quero saber como você está se sentindo agora. — Apertou-lhe a mão. — Eu posso renovar a minha oferta de quebrar todos os ossos dele, se você quiser.
Ela acabou dando risada.
Tenho certeza de que você o poria a nocaute, Wayne, mas não é preciso, obrigada. — Endireitou os ombros, voluntariosa. — Desta vez não vai acontecer nada comigo, garanto. Se está preocupado, pode ficar tranqüilo.
Você ainda está apaixonada por ele?
Ela não esperava uma pergunta tão direta. Deixou cair o olhar e levou alguns segundos para responder.
O mais apropriado seria perguntar se algum dia eu estive apaixonada por ele.
Nós dois sabemos a resposta para essa pergunta — replicou Wayne com um sorriso condescendente. — Somos amigos há muitos anos, Anahi. Tudo o que acontece com você me interessa. Não posso fingir que não estou preocupado.
Não vai acontecer nada, Wayne. Absolutamente nada. — Sorriu, esforçando-se por aparentar confiança. — Alfonso faz parte do passado. Como é, vamos ou não vamos experimentar as maravilhas que você desenhou para mim?
Enquanto provava os trajes confeccionados exclusivamente para ela, Anahi divagava diante do espelho. O que dera em Alfonso para reaparecer assim, tão de repente? 0 que estaria procurando, depois de tantos anos?
Como ela fora feliz no curto espaço de tempo em que tinham ficado juntos! A paixão que os dominava fazia com que só tivessem olhos um para o outro, ignorando tudo o mais. As fofocas, os flashes das máquinas fotográficas, as manchetes nos jornais, os fãs ávidos por notícias, nada disso parecia perturbá-los.
Depois ele fora embora, tão de repente como entrara na vida de Anahi. Um prato cheio para os repórteres, um acontecimento que continuou a render notícia durante muito tempo. Pela primeira vez, ela experimentava os dissabores da fama, vendo-se impotente para combater os abutres que a rodeavam. Graças ao apoio de Maite e de Wayne, encontrou forças para dar a volta por cima, e durante meses, anos, dedicou-se com empenho à carreira, tornando-se uma cantora consagrada, uma compositora respeitada pela crítica. E agora que a sua vida parecia tão bem estruturada...
Pode tirar este também — ouviu Wayne dizer, referindo-se ao traje que ela acabara de experimentar. — Está perfeito. Você tem um corpo ótimo, minha querida. Quem me dera que todas as clientes fossem assim.
Sempre que saio do seu ateliê, sinto-me saindo de um consultório médico — comentou ela, enquanto fechava o zíper do vestido. — Quem pode saber mais sobre os segredos do nosso corpo do que o nosso costureiro?
Quantas vezes preciso lhe dizer que não sou costureiro? — corrigiu ele, ao mesmo tempo em que anotava as pequenas modificações a serem feitas em alguns dos vestidos que Anahi provara. — E não são apenas os segredos do corpo que eu acabo conhecendo. As mulheres tendem a fazer confidencias quando estão seminuas.
Não me diga! Vamos lá, você agora aguçou a minha curiosidade. Tem alguma fofoca para me contar? — Abotoou o cinto e caminhou até a escrivaninha onde Wayne estava sentado. Apoiou o braço sobre os ombros dele, num gesto de camaradagem. — Mas que seja algo indiscreto e surpreendente.
— Babs Curtain está com um novo amante — murmurou ele, ainda atento às anotações.
— Grande novidade — ironizou. — Eu lhe peço algo surpreendente e você me vem com o previsível. Francamente, estou desapontada. Não tem mais nada no seu acervo?
Que tal esta: Lauren Chase acabou de assinar um contrato para dirigir Fantasia.
O quê? Você está falando sério?
Seríssimo, minha cara — confirmou ele secamente.
Quer parar com esses rabiscos e me dar um pouco de atenção?
Wayne deixou a caneta de lado e ergueu os olhos para ela.
Uma fofoca e tanto, hein? A julgar pela sua reação, duvido que eu tivesse algo mais surpreendente para lhe contar.
Droga, eu daria alguns anos da minha vida para ter uma chance de compor a trilha sonora. Lauren Chase... Bem, afinal de contas, ela é realmente boa no que faz. Mas quem é que vai cuidar da parte musical, Wayne? — Segurou os ombros dele e fechou os olhos. — Pode dizer, estou preparada para agüentar o baque.
Ela não sabe ainda. Se você continuar apertando os meus ombros desse jeito, vai acabar interrompendo a circulação sangüínea — acrescentou, desvencilhando-se dela.
Não sabe! Pois aí é que está a grande tragédia: neste momento, um compositor qualquer, sem nome e sem rosto, deve estar se sentando ao piano para executar as maiores barbaridades. E é esse compositor que irá cuidar das partituras de um musical como Fantasia. Que mundo mais injusto!
Calma, nem tudo está perdido. Existe uma possibilidade remota de que o escolhido tenha algum talento — atalhou Wayne, com ar divertido.
— Afinal, de que lado você está? — perguntou ela, fuzilando-o com o olhar e preparando-se para sair.
Ele sorriu e deu-lhe um beijo estalado no rosto.
— Vá para casa, menina, e bata três vezes a cabeça na parede. Você se sentirá melhor.
Anahi fez força para não cair na risada.
— Pois fique sabendo que, a partir deste momento, serei fã incondicional de Florence DeMille — revidou com ar superior, referindo-se à rival de Lauren Chase.
A casa estava no mais completo silêncio quando Anahi entrou. Um aroma fresco de pinho se espalhava pelo ambiente, indicando que tinham acabado de fazer a limpeza. Por força do hábito, ela se dirigiu à sala de música e ficou satisfeita ao constatar que tudo continuava do modo como havia deixado. Anahi adorava a desorganização daquela sala. Com a idéia de fazer um café, saiu em direção à cozinha.
Comprara aquela casa por ser grande e ventilada, a antítese dos quartos pequenos e abafados onde ela crescera. E cheirava tão bem.. . Nada de odores detestáveis, como os deixados pelas pontas de cigarros e pelas garrafas vazias. Aquela era a sua casa, adquirida com os frutos do seu próprio trabalho. Passou os olhos pela ampla sala de visitas e, satisfeita consigo mesma, concluiu: "Sou uma mulher feliz. Tenho uma casa decente, um trabalho bem remunerado e, acima de tudo, o carinho dos amigos. O que mais alguém pode querer?"
Tirou uma rosa do vaso de porcelana e, cantarolando, atravessou o corredor. A porta da biblioteca estava aberta e, ao avistar os pés de Maitesobre a escrivaninha, Anahi decidiu entrar.
— Sinto muito, sr. Cummings — ela estava dizendo ao telefone. Olhou para Anahi e fez sinal para que ela se aproximasse. — Não duvido de que a qualidade do produto seja excelente... Claro, concordo com o senhor... — Levantou os olhos para o teto, impaciente, mas dominou a voz. — Como já lhe disse, a agenda da srta. Portilla está lotada. Sinto muito, mas ela não poderá ser a estrela do seu comercial.
Anahi sentou-se na poltrona de couro em frente à escrivaninha. A biblioteca, decorada solenemente em tons escuros, era o território de Maitee combinava com ela.
Certo, sr. Cummings, ficamos assim então: caso a srta. Portilla se interesse, eu o procurarei... Não tem de quê. — Mais um olhar exasperado em direção ao teto, e Maite finalmente conseguiu desligar.
Problemas? — Anahi perguntou, cheirando a rosa, sem disfarçar o ar divertido.
Santo Deus, que homem mais insistente! Acabei de livrá-la de um comercial de xampu, minha cara. — o telefone voltou a tocar. — Mas será possível? Se for ele de novo, eu... Alô? Ah, oi, Henderson. Anahi? Um instante. — Passou o fone para a amiga. — É o seu ilustre empresário.
Anahi se levantou da poltrona justamente no momento em que soava a campainha.
Deve ser Alfonso — disse para Maite, tampando o bocal. — Não quer atender a porta para mim? Estarei lá em um minuto.
Pode deixar. — Maite saiu da biblioteca enquanto a voz de Anahi a seguia pelo corredor.
O quê? Eu esqueci a minha bolsa no seu escritório? Sabe que nem dei pela falta dela? Henderson, nem sei por que me incomodo em carregar bolsas.
Maite sorriu. Anahi tinha o dom de perder as coisas: bolsas, sapatos, passaporte. Importantes ou não, dava tudo no mesmo. Música e pessoas preenchiam os pensamentos dela; objetos materiais eram facilmente esquecidos.
Olá, Alfonso — cumprimentou Maite ao abrir a porta da frente. — Prazer em vê-lo de novo. — Os olhos estavam frios e não havia o menor sinal de sorriso nos seus lábios.
Oi, Maite— cumprimentou ele, secamente.
Entre, por favor. Anahi está à sua espera.
É bom estar aqui novamente. Senti saudades desta casa.
É mesmo?
Alfonso sorriu e percorreu o corpo dela com um olhar de aprovação. Maite era uma loira bonita e tinha um olhar franco e direto. Estava mais próxima da idade dele do que Anahi e era o tipo de mulher por quem normalmente se sentia atraído: inteligente, sofisticada e incrivelmente sexy. Todavia, qualquer coisa que pudesse existir entre ambos não passaria de simples amizade. Maite jamais trairia Anahi. Pelo que podia perceber, ela continuava fiel à amiga.
Cinco anos é muito tempo, Maite.
Tempo é um conceito muito relativo, meu caro — retrucou ela, trazendo à superfície velhos ressentimentos. — Você a magoou bastante.
Eu sei — concordou ele laconicamente, sem vontade de discutir o passado.
Para sorte de ambos, aquele diálogo tenso parou ali.
— Maite, não sei onde eu estava com a cabeça para esquecer a bolsa no escritório de Henderson. — Anahi vinha do corredor em direção a eles com passadas rápidas e nervosas. — Eu disse a ele que não se incomodasse em trazê-la. Não há nada de importante dentro dela. Olá, Alfonso. — Estendeu as mãos, como fizera no estúdio, só que desta vez de um modo mais confiante.
Anahi. — Deu-lhe um beijo no rostb e sentiu-a tremer ligeiramente. — Podemos conversar na sala de música? — O sorriso era franco e amigável. — Sempre me senti à vontade lá.
Claro, vamos até lá. Gostaria de beber alguma coisa?
Aceito uma xícara de chá. — Sorriu para Maite daquele modo cativante que já conquistara inúmeros corações. — Ainda estou para provar um chá tão gostoso quanto o que você faz, Maite.
Pode deixar, eu servirei na sala de música. — Sem corresponder ao sorriso, Maite saiu para o corredor, em direção à cozinha.
Autor(a): ayaremember
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Alfonso seguiu Anahi até o outro cômodo e tocou-lhe os ombros antes que ela sentasse no sofá, num gesto característico de quem pede ao outro para esperar um instante. Voltando a cabeça, Anahi notou que ele estava olhando detalhadamente ao seu redor. Já havia visto aquele olhar outras vezes: atento, perspicaz, crítico. A chave p ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 34
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traumadarbd Postado em 23/09/2013 - 15:05:30
que historia mais linda, uma das mais lindas que já li aki na fanfics, arrasou, adorei tudo, Los As mais do que perfeitos
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isajuje Postado em 10/09/2013 - 17:13:16
Eu errei ''/ não teve nada de casamento, só o casamento que o Alfonso iria propor antigamente e que revelação, hein? É tão bom ler histórias assim em que tem os seus baixos, acontecem umas tragédias (inevitável na vida, né), mas eles conseguem superar e viver um amor. Obrigada por compartilhar mais esta história conosco <3
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lyu Postado em 10/09/2013 - 00:42:31
AMEEEI
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isajuje Postado em 09/09/2013 - 14:29:10
CASAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMENTO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK' estou apostando nisso, nem falo mais nada U_U
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steph_maria Postado em 08/09/2013 - 13:41:20
Kddddddddddddd vc???? morrendo por saber kd o Alfonsoo genteee????
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lyu Postado em 08/09/2013 - 01:07:09
ain eu tambem quero saber aonde ele ta, acho q ele nao encontrou o bilhete dela. UI HOT a proxima web
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isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:52:31
Não vou tirar conclusões precipitadas sobre o Alfonso, mas eu quero saber... Onde está esse bendito desse homem? Será que ele sofreu algum acidente quando saiu com aquele carro? KKKKKKKKKKKKKK é, acho que não porque a mídia já teria conhecimento disso. Eu acho. Se eu fosse a Anahí eu teria pego já um avião de volta para lá U_U
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steph_maria Postado em 05/09/2013 - 19:49:03
Pelo amor de Deus kd o Alfonsooo?? muita covardia dele deixar a Anahi sozinha uma hora dessas =/
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lyu Postado em 05/09/2013 - 02:46:05
ain meu coração
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isajuje Postado em 04/09/2013 - 11:43:02
Posta mais u.u (via celular haha)