Fanfic: Além do Bosque - Portinon- (adaptada) -Finalizada- | Tema: portinon

A semana passou voando para elas. Anahí não saia de casa a não ser para ir trabalhar, a tristeza e a confusão eram nítidas em seus olhos, e mesmo Poncho perguntando o motivo todos os dias, ela nunca dizia o que era, sempre inventava uma desculpa, dizia que era sono, dor de cabeça, enjôo, cansaço, saudades de casa…

Dulce tentou ocupar sua mente com Lise e seu trabalho, mas também estava nitidamente abalada com o encontro que havia tanto esperado. Chegou até a pensar em procurar um velho conhecido que lhe forneceria algum tipo de droga para fazer seu coração parar de dor, mas foi forte o bastante para tirar isso da cabeça, não ia cair nesse mundo obscuro de novo por causa disso…

Era sábado, horário de almoço, Poncho conseguiu fazer com que Anahí saísse de casa, e foram a um restaurante, um dos melhores da cidade. Anahí que exigiu que fosse assim, em sua cabeça Dulce não iria aparecer por ali. Não tinha motivos… O casal sentou em uma mesa para dois nos fundos, em um lugar mais reservado… E como fez a semana toda depois de encontrar Dulce, Anahí olhou bem o local para ver se era ‘seguro’.

- Anahí meu amor… – Ela pegou em sua mão fazendo-la olhar para ele

- Oi… – Ela o olhou meio assustada.

- Você me ama Anahí? Confia em mim? – Ela perguntou sereno.

- Claro que amo meu amor, porque ta perguntando isso? – Ela ficou meio alterada.

- Calma amor… – Ele sorriu lhe passando confiança. – E você confia em mim?

- Confio, você sabe que eu confio… Porque ta perguntando essas cosias agora?

- Você ta diferente, ta assustada, parece que a qualquer momento alguma coisa muito ruim vai te acontecer… – Ele falava com calma. – Ta parecendo aquela menina que conheci no colégio interno… Chorona, triste, confusa, querendo fugir de algo que nem sabe o que é…

- Não meu amor, eu to bem, eu juro que estou. – Ela tentou mentir.

- Eu sei que não está, e sei que é pelo mesmo motivo de anos atrás que você esta assim, eu sou seu amigo, eu estou ao seu lado, você não precisa ter medo, pode me contar, eu só quero te ajudar.

- Eu não quero Poncho, não quero… – Ela disse tristonha. – Não quero falar do meu passado.

- Não precisa me dizer o que aconteceu, eu respeito sua decisão, mas me deixe te ajudar, assuma que tem alguma coisa acontecendo.

- Eu vou ficar bem meu amor… – Ela tentou sorrir.

- Eu sei que vai, mas deixa eu te ajudar, assim você pode conseguir mais rápido do que imagina… – Ele sorriu para ela. – Eu posso te ajudar meu amor? Você deixa eu te fazer esquecer isso de novo?

- É claro, é o que eu mais quero… – Ela se rendeu.

- Então vamos tentar esquecer isso, o que você quer comer? – Disse ele pegando um cardápio.

E como a muitos anos atrás Poncho a distraiu com coisas bobas, contando piadas, historias e coisas mais. Anahí sentia paz com ele, e mesmo com dificuldade ela conseguia amenizar a dor que estava sentindo.

Em outra mesa do outro lado do mesmo restaurante se encontrava Dulce, Lise e Hélio, um almoço comum de um sábado, eles sempre faziam isso, e aquele era o restaurante preferido deles…

E mesmo Dulce tentando agir normalmente não conseguiu, fazendo Hélio perceber. Houve aquele interrogatório de costume e depois dela cansar de dizer que não era nada, ela resolveu soltar.

- Ainda estou esperando Dulce… – Disse Hélio a olhando.

- É a Anahí… – Assim que ela disse, ele revirou os olhos.

- Não acredito Dulce, achei que já sabia controlar isso, e convenhamos, não sei porque ainda sofre por isso, não sei porque ainda espera. – Ele disse meio irritado.

- Não Hélio , é serio… – Ela disse tentando se explicar. – Eu a vi…

- Como? – Ele pareceu assustado. – A viu? Em sonho né?

- Não , eu to falando serio… Ela esta na cidade, eu a vi no domingo passado…

- E não falou com ela? – Ela perguntou ansiosos.

- Nós nos beijamos. – Ela disse baixinho com a mão na frente para que Lise não ouvisse.

- Mentira Dulce… – Ele estava em choque.

- Sim, mas ela fugiu depois disse que tinha que ir, saiu correndo como uma criança com medo. Ai depois disso não a vi mais…

- É… Estranho… – Ele pareceu refletir.

- Então… Eu nem sei o que pensar, to mal, to péssima, é como se tivessem jogado um balde de água fria em mim, mas ao mesmo tempo me sinto feliz, saltitante em saber que ela ainda existe e que esta… – Ela colocou a mão na frente mais uma vez. – Mais perfeita e linda do que eu imaginava.

- É Dulce… Eu nem sei o que te dizer… Mas acho que deveria procurá-la, sei lá… Para conversar sabe?

- Como? Vou sair por ai? Gritando por ela? - Ela disse revirando os olhos.

- Olha mãe, olha pai. – Disse lise ao terminar o desenho e mostrar a eles.

- Lindo minha filha, somos eu você e o papai? – Diana perguntou olhando.

- Sim, e esse aqui do ladinho é o Fred. – Ela apontou para algo que parecia um cachorro.

- Fred? – Perguntou Hélio.

- Sim, é o meu cachorro…

- Mas que cachorro Marlise? – Dulce perguntou confusa. – Não temos um cachorro.

- Eu sei, você não quer me dar um… Posso ter um imaginário pelo menos. – Ela disse revirando os olhos e voltando a desenhar.

- Igualzinha a você cara. – Disse Hélio sorrindo. – O mesmo gênio.

- É minha mãe diz isso sempre…

- Então, sei que parece difícil, mas sei lá, tenta procurar de algum jeito. – Ele voltou ao assunto.

- Não, acho que é quase impossível vê-la de novo…

Nesse momento passando entre as mesas, - mas distante de onde ela estava - indo em direção do banheiro lá estava ela, Anahí em pessoa.

- Olha olha… – Dulce baixinho em desespero apontando para ela, fazendo Lise e Hèlio  a olharem. – É ela, é ela…

- Aquela loira? – Ele disse a olhando dos pés a cabeça.

- Quem é ela mãe? – Perguntou Lise.

- O que eu faço? – Dulce disse nervosa sem responder a pergunta de ambos.

- Vai lá atrás dela, pede o telefone, qualquer cosia…

- Não, e se ela fugir? – Disse receosa.

- Vai logo, antes que ela suma de novo. – Apontando para o banheiro.

Dulce fechou os olhos, respirou fundo e se levantou da mesa. Passou a mão em seu rosto ajeitou a roupa e foi em direção ao banheiro que ela havia acabado de entrar… De início achou ter imaginado vê-la entrar ali, porque não havia ninguém aparentemente, mas ao ouvir um barulho vir de dentro de umas das cabines seu coração acelerou tentar certeza que não foi sua imaginação. Dulce ajeitou o cabelos que estava solto, usava um jeans apertado, salto alto, uma camiseta branca, roupa básica, sem nada de mais… Ficou ali se olhando por pouco tempo e quando a porta da cabine abriu e Anahí saiu de lá ajeitando o vestido, seus olhos se cruzaram pelo espelho fazendo ambas tremerem da cabeça aos pés…

Anahí ficou sem saber o que fazer, o que dizer, só queria fugir dali, e quando ela foi em direção a porta que Dulce se pronunciou segurando de leve em seu braço.

- Espera, deixa eu falar com você… – Ela disse com medo

- Não posso agora Dulce… Eu tenho que ir. – Ela disse seca tirando a mão de Diana de seu braço.

- Porque esta fugindo de mim Anahí… – Ela disse com os olhos tristes.

- Não to-o fugindo, só que tem gente me… me esperando, estou atrasada… – Ela disse meio enrolada

- Esta fugindo sim, do mesmo jeito que fez no bosque.

- Eu estava atrasada.

- Não, não estava… Eu sei que não estava, sei que esta mentindo, eu conheço você… – Dulce a encarava tentando decifrar seu olhar.

- Não, eu não to mentindo, e não você não me conhece… – Anahí estava sendo grosseira. – Se passaram dez anos Dulce, e não dez dias… Então por favor, não diga que me conhece.

Elas se encararam por alguns segundos até Anahí sair correndo pela porta que entrou, deixando Dulce visivelmente abalada lá dentro… Dulce passou uma água no rosto e saiu de lá querendo mais uma vez falar com ela, querendo de algum jeito ter uma aproximação, saiu do banheiro olhando ao redor, procurou por cada mesa, cada canto, até achar o que ela queria. E lá estava Anahí ao lado de um moreno alto e bonito, ele a abraçava pelo pescoço enquanto ela pela cintura. Estavam de partida, indo em direção a saída… E foi naquele momento que o seu mundo caiu, foi ali que ela entendeu o porque dela esta fugindo tanto, de nem ao menos querer lhe trocar uma palavra.